sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O bom caminho

Não havendo supresas logo à noite, o que não é expectável até porque o treinador convocou os melhores jogadores, terminaremos este ano em alta.
Terminamos o ano em alta, mas não em grande. Estamos em alta porque vamos à frente na Liga, vamos disputar os quartos-de-final da Taça de Portugal com uma equipa de escalão inferior, logo não é esperado nem admissível uma escorregadela, continuamos nas provas europeias e hoje poderemos carimbar a passagem à final-four da Taça LB. Não acabamos em grande porque apesar de estarmos em alta, ainda não ganhámos nada. É bom que nos lembremos disso e continuemos com os pés bem assentes no chão, coisa que de resto tenho visto e que me agrada. Não podemos embandeirar em arco como o fizémos no inicio de 2016, quando a vitória frente ao porto nos deixou isolados na frente. As fanfarronices são escusadas, principalmente quando um dos nossos adversários está diposto a fazer tudo - MESMO TUDO - para triunfar, como de resto se veio a assistir naquela época. Temos que manter o foco, o respeito por cada adversário e evitar mais momentos "Moreirenses". Não tenho dúvida que temos o melhor plantel e equipa técnica do campeonato. Basta portanto que eles se dediquem a fazer o que de melhor sabem. E os frutos serão colhidos lá para maio.
O novo ano vai começar com uma partida em casa do benfica, num momento em que estamos claramente melhores que o nosso adversário. Uma vitória nossa deixa a lampionagem a 6 pontos, numa situação muito difícil. Mas já vimos no passado como é que se carregam cadáveres ao colo, por isso nada de afastar o benfica da corrida do título, para já. Uma derrota nossa não nos deixa afastados do título, pois continuaremos a depender apenas de nós para sermos campeões. Mas poderá resultar na liderança isolada do porto e na moralização do benfica, o que não é pouco. A forma como iremos ultrapassar um possível resultado negativo ditará as nossas expectativas para a 2.ª volta, uma vez que o jogo seguinte será frente ao Marítimo, uma das equipas sensação deste campeonato. Dois maus resultados seguidos a fechar a 1.ª volta poderão ter algum impacto na equipa, mas sinceramente não acredito que tal se venha a dar. Olho para esta equipa e sinto que estão fortes, unidos e com muita vontade de vencer. E quando assim é, o que tem de ser, tem muita força... Já agora, refira-se que o empate não serve nenhum dos clubes, mas parece-me que o benfica ficará mais prejudicado do que o Sporting. Poderemos perder a liderança partilhada mas mantemos a vantagem pontual para o terceiro classificado, após jogarmos no seu estádio. Já o benfica perderá uma oportunidade de ouro para atingir o segundo lugar, com a agravante de poder ver o porto fugir. Como os andrades jogarão antes de nós, à hora do derby já saberemos o que valerá o empate neste jogo. Aguardemos, então.
De 3 de janeiro até à próxima paragem do campeonato, que será a 20 de janeiro depois de jogarmos em Setúbal, teremos 5 jogos em 17 dias. Sem dúvida que benfica, e depois o Marítimo, serão os jogos mais importantes. E não vale a pena analisar o próximo ciclo de jogos sem saber antes o resultado do derby. Espero uma saída em alta de 2017, com uma vitória em Belém, e uma entrada auspiciosa em 2018, com uma vitória na Luz.
Que 2018 seja o ano do leão! Feliz 2018 a todos!

P.S.- Não falei dos possíveis reforços de inverno, porque até à data ainda nenhum foi oficialmente confirmado. Mas vindo quem se fala e não saindo nenhum dos pilares da equipa, ficaremos com um plantel muito melhor para atacar não só campeonato, mas em todas as frentes, LE incluida!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

A todos um bom Natal, pintado de verde e branco

Não estarei a cometer nenhuma imprecisão se afirmar que este Natal será o melhor Natal dos últimos tempos para o Sporting - desportivamente falando.
Somos lideres isolados ou ex aequo nos campeonatos de várias modalidades. Com a agravante, no que ao futebol diz respeito, da nossa imagem não estar a ser arrastada na lama como a dos nossos rivais. Fica cada vez mais sedimentada a sensação de que somos os melhores por mérito próprio e não por ajuda de "mãos invisíveis". E isso é motivo mais do que suficiente para nos orgulharmos do trabalho que tem sido feito no nosso clube. De pré-falência voltámos a ser a referência do desporto nacional, sem nunca perdermos aquela característica tão nossa, de que não vale tudo para se vencer.
Mas temos de estar alerta. Estamos num bom caminho, é certo, mas ainda não ganhámos nada. E lá fora temos inimigos que nos espreitam, daqueles que não tem pudor em usar batota atrás de batota para nos vencer. Quem se dá ao trabalho de criar páginas no Facebook ou no Twitter para nos enxovalhar, não terá problemas em fazer muito mais contra nós nos bastidores do desporto nacional.
E se aqui não escondo que o nosso principal inimigo é o benfica, também não posso deixar de esquecer o que foi o porto aqui há uns anos atrás. São os dois iguais, trafulhas, trapaceiros, batoteiros e criminosos. E para os ultrapassarmos temos de ser muito, mas mesmo muito fortes. E indefectivelmente unidos.
No novo ano que irá começar em breve, contem com este blog para continuar a luta contra o sistema e o estado lampiânico. Não serei uma voz de análise e esmiuça como são outros blogues leoninos, como o Artista do Dia ou o Mister do Café, pois não possuo tempo nem ferramentas para levar a cabo o meritório trabalho que prestam. Mas tenho a paixão, a dignidade, a rectidão e a memória para continuar a criticar e desmascarar a podridão do futebol português ATÉ QUE A VOZ ME DOA.   
Deixo-vos agora para um curto interregno natalício, desejando a todos os leitores deste blog um santo e feliz Natal pintado de verde e branco. E que 2018 venha depressa para vermos a nossa equipa a jogar no galinheiro sem receio nem vergonha. Sem esquecer o jogo de Belém para a Taça Lucílio Baptista.
SL 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Estado lampiânico: o elefante na loja de porcelana

Há algo que me perturba nestes dias.
Ontem estava confortavelmente sentado no sofá a ver o meu Sporting jogar, mas sentia que algo não estava bem. É um pouco como a história daquela princesa, que mesmo deitada na mais confortavel cama do seu reino, conseguia sentir a ervilha que a rainha lhe havia posto debaixo do colchão. E não era o facto do Alan Ruiz se arrastar em campo ou do Vilaverdense ter arriscado uma ou outra corrida desenfreada até à nossa área. Era algo mais profundo, vindo do âmago, que nem a goleada da segunda parte afastou.
Comecei depois a ver o jogo seguinte, entre benfica e Rio Ave, e tive então uma epifania. Comecei por ver algo que se vem arrastando nesses últimos meses - e não, não era o Alan Ruiz. É o desfilar de uma equipa, onde entre os seus titulares cabem jogadores tão medíocres como Jardel ou André Almeida, onde já couberam Eliseu e Samaris. Jogadores banais como Pizzi e Fejsa são estrelas. E cuja verdadeira estrela é um ponta de lança que tem tanto de instinto goleador como de artista de teatro. É uma equipa que é a tetracampeã do país campeão europeu, que perde inapelavelmente contra um Basileia ou um CSKA. Que goleia um Setúbal, um Estoril ou um Belenenses, mas que depois não consegue ganhar a um Rio Ave bem organizado e escapa com mão amiga a uma copiosa derrota em casa de um dos líderes do campeonato. É a equipa que todos dizem que está mais fraca do que no ano passado (dizem sempre isso), mas que mesmo assim continua quase colada ao duo da frente.
O que aconteceu ontem, diferente do que aconteceu noutras situações, foi que o adversário é uma das equipas que melhor futebol joga neste campeonato. Uma equipa contra a qual nós ganhamos sem saber muito bem como. E que mesmo perante mais uma tentativa de farsa da verdade desportiva, soube ter arcaboiço para reverter a situação em seu favor. Ontem, como de resto tem vindo a acontecer desde o inicio da época, todos os lances duvidosos foram decididos para o mesmo lado. A equipa que é enxolhavada nas competições europeias tem-se aguentado firme na luta pelo título à custa de um chorrilho de arbitragens maldosas e tendenciosas, que mais não fazem do que manter acordada uma equipa cadavérica. E de um conjunto de clubes amigos, que trocam goleadas por um ou outro jogador emprestado e mais umas "ajudinhas" em direitos televisivos e outros negócios mais obscuros.
E não, não foi a constatação de tudo o que disse atrás que produziu em mim a epifania. Afinal, isso já não era grande novidade. A epifania aconteceu ao ver que ninguém questiona o que se passou ontem. Como não questionou como foi possível o clube tetracampeão de Portugal e cabeça de série da Liga dos Campeões, acabar o seu grupo sem pontos. Que ninguém pergunte como é que este conjunto de jogadores banais, orientados por um treinador banal com o carisma de uma alface, seja hoje tetracampeão de Portugal? Como é possível que, na semana onde ficámos a saber que o Estado Lampiânico se dava ao trabalho de saber coisas tão diferenciadas como o pin do alarme de casa do presidente da FPF, o nome dos operadores de câmara dos vários jogos da I Liga, ou até a morada da casa dos sogros de Bruno de Carvalho, ninguém questione qual a utilidade que esta informação serve. 
Neste momento o futebol português é uma enorme loja de porcelanas. Temos na montra um enorme jarro Ming, chamado Cristiano Ronaldo. Lá dentro da loja, várias peças de porcelana fina, como a equipa campeã da Europa em 2016 ou alguns dos melhores treinadores do mundo, estão expostas junto de outras peças mais reles, que o vendedor impinge como sendo de qualidade. Escondidos atrás do balcão estão algumas sapatonas, que ninguém ouviu falar nem ouvirá falar, mas que um empresário de renome vem buscar para os vender aos seus amigos como se de uma "Vista Alegre" se tratasse. E bem no meio da loja, à vista de toda a gente, está um grande elefante chamado "Estado Lampiânico". É um pouco como o urso à porta das lojas "Natura". Toda a gente os vê e mexe neles, mas ninguém se questiona porque é que estão ali. O Estado Lampiânico é igual. Está ali à vista de todos, agora que foi destapado pela avalanche de e-mails reveladores. Mas ninguém pergunta, "que raio faz isto aqui"? Ninguém questiona porque é que o benfica quereria saber que o Fábio Barros era o operador de imagem do Tondela-Sporting? Ninguém questiona quem é o João Santos que serve os interesses do benfica, junto das selecções jovens (e já agora, quem é o Edgar)? Mas não haverá ninguém com tomates que entre dentro da loja e mande um berro a plenos pulmões, "foda-se, mas que merda é esta?".
Este é o estado actual do futebol português. No próximo fim de semana seguir-se-à nova farsa, desta feita para os lados de Tondela. A nós resta-nos "jogar à bola" e andar na rua de coluna direita e peito inchado, pois cada vitória do nosso clube é fruto de cada gota de suor que escorre da cara daqueles 11 desgraçados que nos tentam proporcionar alegrias. E não de missas encomendadas ou de conselhos matrimoniais de véspera.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

"Monterização" de Doumbia á vista? Nem pensar!

Continua a nossa maratona. Estamos lá em cima, no comando da prova. Caímos na Liga Europa, como de resto era esperado. Se nenhum cataclisma acontecer, quarta-feira passamos o Vilaverdense e seguimos para os quartos-de-final da Taça de Portugal. A Taça da Liga fica para a quadra natalícia, pois antes temos a recepção ao Portimonense. Jogo para vencer e acabar o ano lá no topo da classificação.
Quando em Agosto empatámos em casa frente ao Steaua ou quando nos vimos à rasquinha para vencer o Vitória de Setúbal, muitos torciam o nariz face á real capacidade da nossa equipa. Felizmente esse inicio titubeante deu lugar a um conjunto de bons resultados, muitos com boas exibições, outras nem tanto mas suficientes para ir garantindo as vitórias. Podemos chorar os quatro pontos perdidos contra Moreirense e Braga, como também a forma inglória como não ganhámos à Juventus em casa e perdemos em Turim. Mas o que fica na retina é uma equipa competente, sólida defensivamente, combativa no meio-campo, concretizadora lá na frente e sobriamente dirigida pelo seu treinador. Fora as histéricas que em Alvalade teimam em continuar a assobiar a nossa equipa, todos estão confiantes para o que falta da presente época.
No campeonato, até agora, só estivemos mal em dois jogos: Rio Ave e porto. Em Vila do Conde podemos mesmo falar em "sorte", pois sentimos muitas dificuldades para bater uma das melhores equipas da Liga. Em casa, diante do porto, esperava-se mais de nós, mas na ressaca de uma belíssima exibição diante o Barcelona, acabamos atraiçoados pelo cansaço e fadiga. Mesmo assim não vacilámos perante aquele que é, a par de nós, o mais sério candidato a ser campeão esta época. Ora, se o saldo final destes "maus jogos" são quatro pontos, está aqui um belo resumo do que tem sido a nossa época até aqui. Continuem a assobiar, portanto.
Entretanto já se começa a falar na próxima janela de transferências, saltando à vista alguns nomes, uns mais óbvios que outros. Alan Ruiz e Iuri Medeiros são sérios candidatos a deixar Alvalade. Não mostraram as expectativas que traziam no inicio da época e como tal o seu espaço diminuiu bastante. Petrovic e Palhinha também foram menos utilizados do que seria esperado, sendo que o último precisa de minutos para evoluir. Salvo uma aparição destes dois nos últimos jogos do ano, dúvido se continuarão no plantel. Já Doumbia, de quem se fala que também pode estar de saída, espero sinceramente que não passe de mais um boato da imprensa local. Doumbia ganhará mais do que a sua utilização justificaria, acredito que sim. Mas tem sido um jogador que quando é chamado à titularidade, ou entra durante os jogos, cumpre o que lhe é pedido, não tendo ajudado mais porque entretanto se lesionou. E nestas coisas não se pode ligar a poupanças, pelo menos a meio de uma época onde temos sérias ambições de sermos campeões. Doumbia pode ser caro, como caros serão todos aqueles avançados que, como ele, são chamados a tapar os buracos e as ausências do goleador principal. 
Em 2015/16 cometemos o tremendo disparate de vender Montero, esperando que um tal de Barcos cumprisse à risca o papel do avançado colombiano. Montero já nos tinha ajudado a desloquear alguns jogos nessa época, como por exemplo uma vitória caseira à tangente diante o Nacional. Montero já na época anterior, quando perdeu em definitivo a titularidade para Slimani, havia demonstrado que lhe assentava bem o papel do ponta de lança que sai do banco para virar resultados negativos (lembram-se da final da Taça?). Quando Slimani entrou em bloqueio mental, durante a telenovela do castigo-não-castigo, fez-nos falta um matador para desbloquear as partidas contra o Rio Ave e Guimarães. Além das arbitragens, foi também pela falta de Montero que perdemos esse campeonato.  A não ser que em vez de Barcos, el Pirata, venha, por exemplo... Slimani por empréstimo... espero que esta época não cometam o mesmo erro do passado e não caiam no erro de "monterizar" o Doumbia. 

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Os cínicos, o sonso e os infelizes

Se hoje à noite o Sporting conseguir fazer um brilharete, como ganhar em Barcelona, quiçá ajudado por um empate ou derrota da Juventus na Grécia, espero que finalmente os sportinguistas compreendam o que se passou no jogo contra o Belenenses.
Já o escrevi aqui várias vezes que o plantel do Sporting, não sendo curto, também não é folgado o suficiente para se lutar de igual modo nos jogos do campeonato como na Liga dos Campeões. É preciso saber fazer escolhas, e estas passam basicamente por fazer jogos de grande intensidade no nosso campeonato e relegando a CL para um segundo plano, ou então ser pragmático nos jogos dentro de portas e conseguir gerir a fadiga e repartição de esforço entre ambas as competições. E mais do que ser pragmáticos, o Sporting tem sido uma equipa cínica. Em Paços de Ferreira e em casa contra o Belenenses foi assim. Jogou o quanto baste para marcar um ou mais golos e defendeu o suficiente para evitar sobressaltos de última hora. Foi um upgrade em relação a Moreira de Cónegos, onde não entrámos bem e tivemos de correr atrás do prejuízo. Contra o Braga tentou-se fazer o mesmo, mas este tipo de jogo não funciona contra equipas que tenham argumentos que lhe permitam fazer um pressing final, como o Braga fez em Alvalade mas Paços e Belém não conseguiram.
O cinismo deste último jogo ficou patente numa forma fria de jogar, quase de troça para com o adversário, como que permitindo que este tivesse bola mas raramente se aproximasse da área, ao mesmo tempo que adiávamos a estucada final em rápidos contra-ataques (Brian Ruiz, que pé frio!!!). Não é bonito, não é vistoso. Mas é eficaz. E se há coisa que nos tem faltado nos últimos anos é eficácia. Esperemos que o cinismo não descambe em arrogância.
No outro jogo, por sinal o jogo grande da jornada, os mortos-vivos conseguiram a incrível proeza de não perder um jogo onde o adversário teve umas 3 ou 4 oportunidades de golo em frente à baliza. Arbitragens à parte, quando uma equipa leva um tal baile de bola como levou na sexta-feira, em linha com as constantes exibições pardacentas que vem demonstrando, salvo aqueles jogos contra os "amigos" do costume, vir gritar aos sete ventos que "estamos vivos!", só pode ser anedota. Estão vivos, realmente, mas ligados à máquina que os tem amparado nos últimos anos. O treinador dos mortos-vivos, no seu típico exercício de sonsice, lá lançou aquela série de lugares-comuns que no futebol se utiliza, evitando dizer que aquele resultado foi "uma vaca do caraças" ou "um azar do Marega". Vendo a exibição e o resultado final do clássico, lembrei-me daquele sportinguista que costuma beber café lá na tasca, que ainda há dias me disse que o grande candidato a ser campeão é o Benfica. E hoje não podia estar mais de acordo com ele. Eu já vi este filme várias vezes: uma equipa banal, que joga um futebol sofrível, que é "empurrada" em vários jogos, seja pela arbitragem ou pelos "amigos" que jogam do outro lado, que quando está prestes a sofrer a estucada final (como em Guimarães há duas épocas, lembram-se???) tem um "anjo protector" a ampará-la, tem tudo para se continuar a arrastar. E onde os outros naturalmente tropeçam, pois os seres vivos são mesmo assim, tropeçam de vez em quando, os mortos-vivos lá passam a arrastar os pés, ou a ser arrastados, perante a sonsice do seu treinador que se gaba de ter uma equipa onde, afinal, ainda estão todos vivos.
Por fim os infelizes. Super equipa anunciada para o campeonato, treinada por um treinador que vinha para renascer a mística de outros tempos, o porto lá vai coleccionando uma série de vitórias morais. Fora a questão do plantel curto, que mais cedo ou mais tarde rebentará nas mãos do treinador, fica patente a incapacidade de dominar nos jogos mais importantes. Falhou em casa com o Besiktas. Em Alvalade, perante um Sporting cansado e completamente estoirado, não conseguiu ganhar. Contra os mortos-vivos de Carnide, a mesma coisa. Esta incapacidade de vingar nos jogos mais importantes demonstra que a tal "mística" portista ainda está muito adormecida. E deixem o Sérgio Conceição continuar a fazer a sua gestão de plantel. Uma coisa é tirar o Casillas da titularidade quando se vai à frente isolado. Outra, é tirar o Aboubakar quanto se tem de ganhar ao benfica. Ou continuar a tirar titulares quando não se está a ganhar jogos. Veremos como Sérgio se dá com a adversidade. Para já, nada de novo: insultos à arbitragem. Realmente o Bruno deu cabo disto tudo!!!
Agora deixem-me fechar os olhos e pensar naquela velha máxima bom gigante José Torres: Deixem-me sonhar com o Sporting nos oitavos da CL!!!! 

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Os dragartos

Um dos impropérios que a lampionagem gosta de nos lançar é o de "dragarto". Apesar da palavra visar o conjunto de adeptos do Sporting e porto, ela acaba por ser mais depreciativa para nós, pois atrás de si vem a conversa do costume: nós somos subservintes ao porto, que nos usa apenas para conseguir os seus intentos de dominar o futebol português.
Infelizmente tempos houve em que por Alvalade grassou uma escola de dirigentes desportivos que, não sendo propriamente "subservientes" ao clube que então dominava o futebol luso, eram coniventes por omissão com o seu jogo sujo, conformando-se em acabar as épocas atrás dele. Essa mesma escola permitiu que outra classe de dirigentes, oriundos da escola do betão armado e dos pneus colombianos, muitos com um passado pouco recomendado de ilicitudes e manigâncias, arrogasse para si os louros da luta hercúlea contra o Sistema portista, empurrando-nos para o lado errado da história.
Enquanto Sportinguista fervoroso e temente dos mais altos valores éticos e morais desportivos que o nosso clube sempre se orgulhou de representar, custou-me ver que indivíduos como José Veiga, Bibi, Luis Filipe Vieira, entre outras eminências, surgissem então travestidos de heróis na luta contra o polvo portista, enquanto do nosso lado nem sequer uma palavra foi dita quando, por exemplo, o Paulinho foi chamado de "atrasado mental" nas escutas do apito dourado. 
Entretanto passou-se mais de uma década desde que o apito dourado foi revelado ao mundo. As coisas mudaram. O Sistema foi destronado pelo Estado Lampiânico e a nossa antiga classe dirigente foi varrida para debaixo do tapete, dando lugar a sangue novo. O Estado Lampiânico, numa primeira fase, conseguiu implementar-se em lugares-chave que o Sistema nunca cheirou, como a comunicação social e a blogosfera. Nem o poder político escapou, como se tem visto ao longo da triste telenovela das claques e dos grupos de sócios organizados. 
Actualmente a luta de poderes no futebol nacional pode ser entendida da seguinte maneira: de um lado o Estado Lampiânico, hegemónico, assente na simpatia ou no medo que os poderes tem pelo facto de ser o representante do clube com mais adeptos em Portugal. Do outro lado, os resquícios do Sistema, moralizados pelos recentes resultados desportivos que catapultam a sua equipa, e pela forma como tem conseguido saber desmascarar as engrenagens do EL nos bastidores do nosso futebol. No meio desta luta estamos nós. É preciso não esquecer que Bruno de Carvalho, desde a primeira hora, sempre soube manter-se à parte das lutas de poder entre porto e benfica. A certa altura chegámos a ficar isolados no panorama futebolístico nacional, quando Luis Duque foi eleito presidente da Liga. Neste tempo o Sporting soube sempre assumir uma postura de delação das práticas mais obscuras e promíscuas dos agentes desportivos, desde a questão dos fundos até ao buraco negro dos "vouchers". Infelizmente esta delação não foi acompanhada de uma Comunicação assertiva para o exterior, acabando a nossa mensagem por ser afectada por algum "ruído" em torno de polémicas dispensáveis do nosso presidente. E por isso a campanha dos "e-mails", protagonizada pela comunicação portista, gerou mais mossa do que a nossa luta contra os vouchers: foi mais focada.
Daí que a actual campanha do Sistema para se auto-resgatar possa gerar em alguns de nós o mesmo fascínio que outros tem pelo abismo. Os sportinguistas podem sentir-se tentados em dar o braço aos salvadores do Sistema, pois afinal temos todos o mesmo objectivo de derrubar o EL. Mas não nos iludamos: os outros apenas querem trocar padres por fruta, como se tem visto nas recentes polémicas (sempre) em torno da arbitragem. Nós queremos algo mais. E a actual direcção do Sporting também. Por isso é que Bruno de Carvalho disse, com todas as letras, que íamos ser campeões nacionais. E por isso é que todos dizemos que se BdC não for campeão neste mandato, será corrido da presidência do Sporting. Na década anterior, como diz a "A Insustentável Leveza do Liedson", falávamos do porto conformados. Para o bem e para o mal, hoje não é assim.
O tempo dos "dragartos" acabou. Bardamerda para os "dragartos" e para quem nos chama de "dragartos".

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Bruno e o Dom Quixote

Os últimos dias tem sido uma defecação.
Quando pensamos que o futebol português bateu no fundo, eis que a realidade nos continua a surpreender. Continuam as lutas de bastidores entre Estado Lampiânico e Sistema, cada um chafurdando com mais avinco na podridão do nosso futebol. Qualquer adepto minimamente atento às notícias desportivas percebe a luta titânica em curso. São e-mails, cartilhas, diagramas, conversas, entrevistas. Tudo tresanda a putrefacção. 
Do Estado Lampiânico muito escrevi aqui, a que se juntaram outras tantas histórias entretanto descobertas e relatadas pela revista Sábado. O Piriquito, qual espécie voadora armada em ave de grande porte, transmitia dados financeiros sobre os clubes rivais do benfica aos seus amigos Pedro Guerra e André Ventura, enfatizando os temas que estes deveriam explorar nos seus programas de tortura com que nos vão brindando na televisão. Queixou-se o piriquito que nada daquilo era confidencial, mas por algum motivo ganhou vergonha na cara e pediu para sair. Usar a sua posição de acesso previlegiado à informação para "cuscuvilhar" a vida de outros clubes, pode não ser ilegal. Mas de certeza que não é ético. Hoje sabemos de onde é que Pedro Guerra foi buscar algumas das suas "informações" sobre as contas do Sporting, por exemplo. E sendo Pedro Guerra um mestre na arte de "rumorizar", nem quero imaginar que mais fontes e lacaios terá espalhado por esses gabinetes fora. Pedro Guerra, por muito que o queiram esconder, é mais do que um blogger ou paineleiro da nossa praça. É um funcionário do benfica. E um funcionário que tem utilizado reiteradamente esquemas sem ética para prejudicar a imagem dos adversários do benfica. Alguns dos quais ilegais. E criminais. Adiante.
Do lado do Sistema, é caso para dizer que a "besta" acordou. O que A BTV divulgou ontem sobre apitos dourados, braços armados e braços civis, não é novidade nenhuma. A única novidade foi como o Sistema se deixou ultrapassar nestes últimos anos pelos Talibans de Carnide. Longe vão os tempos em que benfica e porto iam de braço dado até à liga para escolher Luis Duque, ex-dirigente do Sporting contrário à actual direcção do clube, presidente da Liga de Clubes. Pinto da Costa lá terá acordado da sua longa hibernação e voltou a fazer aquilo que sempre fez nos últimos 30 anos: "mafiar". Pode não ter a sofisticação do EL, nem a sua enorme falange de activistas, mas tem a experiência de quem sabe onde estão as pontas certas para serem puxadas. E essas pontas são invarivelmente as mesmas de sempre: a arbitragem. Quem nomeia, quem observa, quem classifica. 
Entre a luta de titâs, está o Sporting. Bem que nos tentam puxar para a lama, dar holofotes mediáticos a ex-policias condenados ou a empresários de futebol sem escrúpulos. A última agora é o aparecimento de Pedro Madeira Rodrigues, que no meio desta guerra porto-benfica apressou-se a fazer o papel de palerma que sempre lhe coube, empurrando de novo o holofote para o local errado.
Tentar ser campeão no meio desta trampa toda, é um trabalho de Hércules. Conseguir ser campeão é um trabalho quixotesco. Só alguém muito puro no seu coração, um romântico, acredita ser possível ganhar-se alguma coisa contra o EL ou o Sistema. Só um Don Quixote aceita este papel de defensor intransigente dos valores desportivos, no contexto em que estamos. Mas ao contrário da personagem de Cervantes, este Don Quixote não pode continuar a perder o seu tempo a investir contra moinhos de vento. Não pode continuar a perder o seu tempo com discursos do "feitio de gaja" ou da "entrevista idiota". 
Se quer ser uma voz diferente no seio do nosso futebol, tem de primar pelo discurso diferenciador, por apontar o dedo à pouca vergonha que se tem passado nestes últimos dias. Não pode dar argumentos aos nossos inimigos para que estes nos apontem os holofotes, conseguindo assim manter os seus na penumbra. Para isso já bastam os palermas que de leão ao peito se agacham para fazer esse serviço. Mais foco, Bruno. Mais foco.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O momento: ponto de situação e próximo ciclo

Depois de mais uma paragem para os compromissos das selecções nacionais, eis que ontem se iniciou um novo ciclo de nove jogos seguidos, que se prolongará até 21 de Dezembro. Depois, mais futebol só em 2018.
São nove jogos em 5 semanas, o que dá uma média de quase dois jogos por semana. Parece mais um ciclo infernal de jogos, mas nem por isso. Um jogo foi para a Taça de Portugal e outros dois para a taça CTT. Os outros seis serão mais complicados, sendo que dois são da Liga dos Campeões e quatro para o Campeonato. Com todo o respeito para o Famalicão, que ontem fez uma belíssima figura em Alvalade, o jogo da Taça de Portugal não pode ser considerado complicado. E mesmo os dois jogos da taça CTT, um deles em Belém, também não podem ser encarados como se fossem jogos para o campeonato. Ou mesmo para a Taça de Portugal. Desejo apenas que o nosso treinador não resolva apostar nos titulares do costume e aproveite esses jogos para rodar a equipa e para dar minutos às nossas estrelas emergentes.
Ponto de situação: Estamos nos oitavos da Taça de Portugal, a Taça CTT está em aberto, na Liga dos Campeões ainda alimenamos a ténue esperança de passar aos oitavos, se bem que a Liga Europa pareça ser o futuro mais razoável da época europeia. Para o campeonato seguimos em segundo, a quatro pontos do lider. Empatámos três jogos em onze, marcámos 24 golos e sofremos 7. Temos o segundo melhor ataque e defesa da Liga. Estivémos muito bem em Guimarães, na Vila da Feira e em casa com o Chaves. Tivémos sorte nos jogos com Porto e Rio Ave. E cedemos empates inexplicáveis com o Braga e Moreirense. Estes quatro pontos (mal) perdidos acabam por ditar a actual diferença para o líder. Concluíndo, temos tudo em aberto nas quatro frentes em que lutamos. E o próximo ciclo será determinante em duas delas.
Começando já no próximo jogo, que será em casa com o Olympiakos. Uma vitória assegura-nos a Liga Europa, deixando a decisão da passagem aos oitavos da LC para o jogo em Barcelona, a 05/12. Um empate ou derrota diante dos gregos afasta-nos da LC e poderá comprometer a nossa passagem á Liga Europa. Com a paragem do campeonato, a recuperação física da maior parte dos jogadores deixa-nos quase na máxima força para o jogo de quarta-feira. Acredito que faremos um bom resultado, coroando uma exibição eficaz. Basta jogarmos ao nível dos outros quatro jogos que fizemos para a LC. Creio que chegará.
Para o campeonato, após um jogo que se antevê renhido com o Olympiacos, iremos a Paços de Ferreira. Os pacenses estão longe do fulgor de outras épocas e ocupam o 12.º lugar. É lidar com a ressaca europeia e jogar esse jogo com toda a garra e empenho desde o primeiro minuto. 
Depois de Paços de Ferreira iremos jogar duas vezes com o Belenenses no espaço de três dias. Primeiro em Belém, para a Taça CTT. Depois em casa para o campeonato. Este será talvez o jogo mais complicado para o campeonato neste ciclo. Os azuis estão em 7.º lugar e tem mostrado bom futebol neste início de época. O jogo antes para a taça CTT não me preocupa, pois duvido que JJ ponha os titulares nesse jogo. Preocupa-me mais o facto de jogarmos com o Barcelona cinco dias depois e os jogadores entrem em campo com a cabeça na Catalunha.
Na Catalunha, a 05/12, decidir-se-á o nosso futuro europeu. Se é a LC, a LE ou nada. Esta última hipótese poderá ter impacto negativo na cabeça dos jogadores, além de que os adeptos nunca aceitarão outro desaire como o da época passada. Mas partindo do princípio que as coisas correm bem e seguimos pela Europa, estaremos com a motivação em alta para jogarmos no Bessa contra o 9.º classificado Boavista e passado uma semana em Alvalade contra o 11.º Portimonense. O ciclo encerra a 21/12 quando jogarmos o último jogo da fase de grupos da CTT, contra o União. Salvo uma derrota em Belém, provavelmente iremos assegurar a nossa passagem às meias-finais da prova nesse jogo, disputado numa fase da época sem grandes pressões.
Assim, neste conjunto de jogos elegeria por ordem de importância já o próximo, contra o Olympiakos, face ao que pode condicionar na nossa presença europeia. O jogo em Paços de Ferreira, como no Bessa, serão também importantes pois virão nas ressacas europeias. Mas dentro de portas chateia-me mais o Belenenses. Aqui peço cabeça ao treinador para não queimar titulares no jogo antes da taça CTT. E cabeça aos jogadores para não pensarem no Barcelona. O Portimonense é - tem de ser!!! - para ganhar. E a taça de Liga... é a taça da liga. Se vier é bom. Se não vier... paciência.
Ah, e cruzar os dedos para não hajam (muitas) lesões até ao Natal!

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ver o Campeonato por um canudo

Se ontem aos 70 minutos me dissessem o que iria acontecer nos 25 seguintes, não iria acreditar. Mas depois lembrava-me que isto é o Sporting e provavelmente aceitaria a profecia como certa. E foi.
Depois de onde jogo terrível em Vila do Conde, onde deveremos ter gasto o plafond de "sorte" para os próximos 10 anos, não estava nada à espera de empatar o jogo com o Braga. Ainda por cima um empate a lembrar um outro ocorrido há cerca de um ano, também em casa, frente ao Tondela, com a derrota a ser evitada mesmo ao cair do pano.
O jogo até prometia outra coisa diferente, tal foi a facilidade como na segunda parte nos íamos aproximando a área bracarense. A primeira parte, menos inspirada, foi rasgadinha, tendo as melhores oportunidades sido nossas. Após um jogo europeu, ainda por cima com algumas baixas importantes, não estava à espera de uma grande exibição do Sporting, mas estávamos a jogar o suficiente para merecermos o golo, que acabou por aparecer aos 66 minutos. O Braga, até então na segunda parte, tinha-se limitado a defender e a dar cacetada, salvo um único lance onde até acabou por marcar um golo mal anulado. A equipa bracarense vinha de um jogo europeu disputado três dias antes, pelo que não acreditava que ainda viesse a ter força para conseguir empurrar-nos nos minutos finais da partida... como acabou por empurrar.
Eu sei que uma partida de futebol tem 90 minutos, logo não estaria a ser justo se disser que o Braga mereceu ganhar pelo que fez nos últimos 20/25 minutos. Mas uma equipa, como a nossa, que entrega o jogo ao adversário como entregámos nessa fase crucial da partida, também não o merece ganhar. E diga-se, sem qualquer complexo, que não perdemos também por fruto de decisões erradas da arbitragem que nos beneficiaram, pois além do golo mal anulado, o penalti a nosso favor é precedido de falta clara de Doumbia. 
Mas aqueles últimos vinte e tal minutos é que foram o diabo. Muitos dirão que é fatal como o destino, não fosse isto o Sporting, quebrarmos no final dos jogos e transformarmos jogos controlados em derrotas quase certas. Pensava que este ano seria diferente, face à injecção de qualidade e experiência que o plantel levou. Voltámos a ver esse filme nos dois jogos contra a Juventus, e íamos vendo-o de novo na Grécia e em casa contra o Estoril. Mas que raio, Juventus é a Juventus e a competição é a Liga dos Campeões. Na Grécia e contra o Estoril íamos soçobrando à beira do fim, mas aguentámos e no final conta é o resultado. Ontem, diante um equipa que, repito, jogara numa competição europeia 3 dias antes, portanto com menos 2 dias de descanso que nós, não podíamos ter permitido a quebra física e mental na recta final. 
Dir-me-ão que tal se ficou a dever às lesões antes do jogo e daquelas que fatalmente nos surgiram ontem. Aceito o argumento, mas não chega. De que vale a pena ter Doumbia quando JJ prefere ter Bas Dost completamente estourado a arrastar-se na parte final dos jogos? De que vale termos Iuri Medeiros no plantel quando Acuña, que não pára há mais de um ano, continua a ser usado sistematicamente em todos os jogos, também em claro esforço? Porque é que temos Petrovic ou Palhinha no banco se quando a equipa quebra a meio-campo, o treinador está 15 minutos para a reforçar (ia meter Petrovic quando o Braga faz o empate)? De que serve termos Matheus Oliveira no banco, para nunca ser utilizado, e do outro lado o Fábio Martins entra e mexe de imediato com a dinâmica de uma equipa até então amorfa? E Alan Ruiz, para que serve mesmo? E voltando à lesão de Acuña, quando vale a aposta como o seu substituto será... Bruno César? De que vale a pena termos sequer "opções" quando temos sempre Bruno César?
Não adianta ter jogadores experientes ou de qualidade no plantel se o treinador se limita a utilizar apenas 12 ou 13 desses jogadores até à exaustão. Ristovski já podia ter sido utilizado há mais jogos, prevenindo uma lesão a Piscinni. André Pinto e Doumbia a mesma coisa. Gelson Martins e Bruno Fernandes já demonstram demasiada fadiga para esta fase da temporada (estamos em Novembro!!!). Será preciso pagar a clausula milionária de Pity Martinez para termos, finalmente, rotatividade na equipa?
Durante estes dois anos fui defensor do nosso actual treinador, pois considerei que a sua chegarda trouxe um upgrade à nossa equipa profissional de futebol. Mas pelo ordenado principesco que recebe, nesta altura esperava mais, muito mais. Vejo o Sporting acumular erros atrás de erros que na maior parte dos casos se devem à teimosia e casmurrice de Jorge Jesus. Tive esperança que o plantel equilibrado que construímos esta época pudesse tornar as coisas diferentes dos últimos dois anos mas, aqui chegados, concluo que não. 
O campeonato não está perdido, longe disso, mas a duas jornadas dos nossos rivais jogarem entre si, era muito importante não cedermos pontos, ainda por cima num jogo em casa. Não quero chegar a Maio e chorar pela perda destes dois pontos, como o fiz há duas épocas. Estou farto de entregar estes pontinhos de bandeja.

sábado, 28 de outubro de 2017

Sangue, suor e lágrimas... e a mão do São Patrício

É fatal como o destino. Numa prova de 34 jornadas, por muito bom futebol que a nossa equipa jogue, há sempre aqueles 3 ou 4 jogos que ganhamos sem saber bem como. Uns chamam-lhe "vaca", outros chamam-lhe "estrelinha de campeão". Foi assim há dois anos, quando, por exemplo, ganhamos em Arouca com 10 e um golo já no final. Hoje a história repetiu-se. E haveremos de ter mais jogos assim.
Não há como o negar, o Rio Ave foi melhor. Os jogadores correram mais, remataram mais, acertaram mais vezes na baliza. No meio campo a sensação que tenho é que ganharam-nos mais duelos e bolas divididas. Tiveram mais oportunidades de golo, permitindo ao Rui Patrício assinar (mais) uma noite de grande nível. E muito provavelmente, não fosse aquele falhanço inacreditável de Guedes, teriam com justiça levado os três pontos. Muita atenção a Miguel Cardoso, que começa a demonstrar ser um treinador muito interessante, após uma carreira como adjunto de Domingos e Paulo Fonseca.
A sensação que me deu é que até nem fizemos um mau jogo, o Rio Ave é que fez um jogo excelente. Da nossa parte tivemos os nossos méritos. Rui Patrício assinou uma exibição de luxo. André Pinto, apesar de chamado a frio para entrar em jogo, esteve à altura da sua missão. O resto da equipa, não sendo brilhante, batalhou, correu, respeitou o adversário. Não se limitou a vestir o fato de macaco. Deu o litro, carregou o piano e teve coração mesmo quando as pernas falhava. De tal modo que, apesar do grande jogo do Rio Ave, também não posso dizer que não merecêssemos o resultado final, pois o futebol também é feito de sofrimento, de dor, de reacção às adversidades e de uma pontinha de felicidade. Estas vitórias valem muito mais de 3 pontos, pela carga anímica que despejam na equipa. E os campeonatos também se decidem nestes jogos, onde conseguimos conquistar pontos mesmo sem jogar grande coisa.
Sinceramente não sei que onze teremos na terça-feira, contra a Juventus. Preferi mil vezes ganhar este jogo, como também preferia ganhar ao Moreirense, do que poupar-me para a CL. Parece inevitável não contar com Mathieu e Piccini. Veremos como estará Coentrão e o resto da equipa. É que depois da Juve recebemos o Braga. E o Braga é que é pra ganhar.
Nota final para a arbitragem. Jorge Sousa, na senda de Rui Costa, foi contemplativo com as cargas mais duras sobre os nossos jogadores, mostrando o primeiro amarelo a um dos nossos, por anti-jogo. Começa a ser um clássico dos nossos jogos: levarmos uma arraial de porrada até finalmente sair o primeiro amarelo, que começa sempre por um dos nossos. Em relação ao VAR, nada a apontar. Esteve bem ao anular o golo do Bruno Fernandes. No nosso golo, apesar da histeria que já se está a levantar nas redes sociais, parece-me claro que Bas Dost está em linha com o último defesa vila-condense. Esperemos pelos habilidosos do "photoshop" para vermos se o holandês estava ou não em fora do jogo, mesmo que milimetricamente. Adivinha-se uma semana de choradeira por aí.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O VAR actual e uma proposta para o futuro

Diz-nos a Lei de Murphy que, se algo puder correr mal, vai correr mal.
O passado domingo foi um bom exemplo da aplicação da Lei de Murphy à realidade. Na semana em que foram executadas buscas judiciais no estádio da Luz, ou em casa de dirigentes do benfica, no âmbito do processo dos emails, alguém achou que um dos árbitros envolvidos no caso - Nuno Almeida, o "ferrari vermelho" - era o mais indicado para arbitrar o jogo dos encarnados. O resto da história todos sabemos como acabou. Mal.
Mantendo a agulha virada para as leis epigramáticas, lembro-me da "navalha de Hanlon", que nos dizia para nunca atribuirmos à malícia o que poderia ser bem explicado pela estupidez. E como dizia Einstein, a estupidez não tem limites, ao contrário do Universo. 
Sobre o corte de comunicações ocorrido no jogo Aves-Benfica ou da decisão do árbitro Rui Costa no lance do penalti em Alvalade, não acrescentarei mais nada, pois tudo o que haveria para opinar já foi opinado. O que salta à vista dos olhos é que neste momento temos uma classe - os árbitros "profissionais" - que está descaradamente a boicotar uma medida imposta pela Liga de Clubes, que é a implementação do VAR. Só assim se explicam os apagões, os vazios, os cortes de comunicação, o "aguenta" para uns ou o silêncio para outros. Quando os árbitros, que deveriam ser os mais interessados em credibilizar esta ferramenta de apoio ao seu trabalho e dos colegas, são os primeiros a achincalha-la, está tudo dito quanto à sua intenção. 
Mas voltemos á epigramática, mais concretamente ao conhecidíssimo princípio de Peter. Disse-nos Lawrance J. Peter que todo o indivíduo tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência. Terão os árbitros que ocupam o actual quadro de árbitros profissionais atingido o seu nível de incompetência? Terá o actual estado do futebol português chegado ao um ponto onde Peter, Hanlon e Murphy se cruzaram, e onde chegamos facilmente à conclusão que os árbitros são incompetentes, que os seus actos se explicam pela sua incompetência e que por isso mesmo tudo o que fazem é desastroso?
É que antigamente havia a desculpa do momento. O jogador caía na área, o avançado desmarcava-se depressa, o defesa enfiava uma cotovelada ao adversário quando o "bandeirinha" estava de costas. Ou seja, o decisor só tinha uma oportunidade para visualizar o acontecimento, era ali ou nunca. Hoje não. E por isso estão os adeptos e os clubes cada vez mais fartos de quem nos apitar. Sejam eles estupidos ou maldosos.
Vem esta conversa toda a propósito da recente greve convocada pelos nossos árbitros. Que é que hoje há que não havia há um, dois, cinco ou dez anos atrás? Agressões? Check. Rumores de corrupção? Check. Dúvidas na atribuição de classificações? Check. Casos, comentadores e paineleiros? Check. O que mudou mesmo nestes últimos anos? Pois, a introdução do VAR. E lá vou eu outra vez à epigramática: "Não há almoços grátis". E está na hora destes nossos árbitros pagarem o seu "almoço" a quem os ofereceu no passado.
Neste momento, perante o boicote que se assiste ao VAR por parte dos árbitros, parece-me importante começar a pensar em alternativas ao modelo existente. E permitam-me que aqui, neste meu pequeno espaço, lance uma ideia: porque não pegar em antigos árbitros para fazerem de VAR? E porque não fazer equipas de dois ou três indivíduos como VAR? No primeiro caso, são pessoas que já não estão constrangidas pela avaliação do seu desempenho, como as notas dos observadores, pois o seu percurso já chegou ao fim. E digo antigos árbitros, porque temos muitos que continuam ligados à sua função, comentando as arbitragens na TV ou em jornais. No segundo caso, mais do que um decisor atrás do VAR, porque duas ou três cabeças pensam melhor que uma e quatro ou seis olhos veêm melhor que dois. E o erro dilui-se sempre quanto mais pessoas capazes estão a julgar.
Pensem nisto.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O pé frio e a cueca borrada de JJ

Não sei se isto é alguma dor de crescimento ou se é um simples mau perder. Mas fiquei fodido da minha vida com mais outra exibição onde "jogámos como nunca e perdemos como sempre". Sim, eu sei que Real Madrid, Dortmund, Barcelona, Chelsea e Juventus são tubarões e tal, muita fortes. Aqui há quatro/cinco anos atrás jogar contra eles na Champions era uma miragem e acabar o jogo sem ser cilindrado, como contra o Bayern, era muito bom. Mas está na altura dos sportinguistas exigirem um pouco mais. Como deixar de perder jogos nos minutos finais, em lances perfeitamente infantis. 
Que Jorge Jesus é um excelente treinador, não tenho dúvidas e sempre o defendi. Em 2015/16 não foi campeão no seu ano de estreia porque, como se lembrarão, a equipa campeã foi literalmente puxada para cima quando estava no fundo do poço. No ano passado a coisa correu mal, mas este ano, pelo menos até agora, a nossa prestação tem sido prometedora. Nos jogos para a Liga dos Campeões, Jesus tem posto a funcionar uma das suas principais virtudes: estuda bem a equipa adversária, explora as suas fraquezas e monta a equipa de forma a tirar o melhor partido do jogo. Foi assim no jogo de Madrid e de Dortmund, e foi assim ontem em Turim. Mas depois evidencia algo que começa a tornar-se uma característica sua nos jogos desta envergadura, que é a de não evitar o soçobrar da equipa nos minutos finais. JJ começa a lembrar aquele nosso amigo, bem parecido e bem falante, que quando sai à noite é incapaz de manter um diálogo com uma rapariga porque bloqueia... e tem azar com as miúdas. Um pé frio, portanto.
Chamem-lhe fado, destino, azar dos Távoras, whatever. Ontem, mais uma vez, JJ mostrou que "miúdas" (neste caso tubarões europeus) não é com ele. Começamos o jogo da melhor maneira, a marcar num lance em que - pasme-se!!! - tivémos sorte. Marcar golos de ressalto contra adversários desta dimensão, é obra. Depois veio a avalanche italiana. Basicamente fomos encostados, não conseguiamos sair a jogar, Rui Patrício ia adiando o empate, que acabou por chegar depois da meia-hora de jogo. A equipa aguentou a igualdade até ao intervalo, esperando-se uma segunda parte complicada para as nossas partes. Mas não, antes pelo contrário. O Sporting arrancou para a etapa complementar jogando o melhor que nos tem mostrado nesta prova. Dominou no meio-campo, fechou os espaços nas alas e foi lançando ataques que cheiravam a área da Juventus. É certo que não tivemos nenhuma oportunidade flagrante de golo, mas sentíamos que com um pouco mais de acerto e audácia, a coisa podia dar-se. O jogo começava a pedir Doumbia, a Juventus mostrava-se frágil à medida que William e Bataglia iam ganhando os confrontos no miolo. 
Foi então que JJ, quiçá escaldado por derrotas inglórias perto do fim, em vez de cavalgar para cima da Juventus em busca de uma vitória histórica, encolheu-se acagaçado, preferindo defender o empate. A cueca borrada do treinador valeu a estreia de Palhinha nestas andanças, para o lugar de um Gelson Martins que, não estando a fazer uma partida fulgorante, estava a ser uma peça importante na condução do jogo. A equipa ressentiu-se da falta de Gelson, perdendo algum fio de jogo e entregando o jogo à Juve, que ganhou forças para tentar o golpe final. O "pé frio" de JJ veio logo depois, quando decidiu retirar Fábio Coentrão por precaução (o desânimo do jogador parece indicar que ainda teria condições para acabar a partida), pondo no seu lugar Jonathan Silva, que desde a famosa "mão" em Gelsenkirchen aparece fatalmente ligado a desaires nossos na Champions. O jogador até entrou bem no jogo, com uma cavalgada até perto da área italiana, mas borrou a pintura pouco depois, quando permitiu o golo de Mandzukic. 
Não sei se o resultado seria diferente se JJ põe Doumbia no lugar de Gelson Martins. Doumbia, que até é um jogador de "pé quente" na Champions, acabou por protagonizar a melhor oportunidade de golo do Sporting na segunda parte, a fechar a partida (a reacção de Buffon ao falhanço diz tudo). Mas este foi (mais) um jogo onde tivemos "pés frios" a mais e audácia a menos. Não sei se em Alvalade a Juventus nos permitirá ter a veleidade de discutir o resultado do jogo até ao fim, mas parece-me que a oportunidade de ontem é daquelas que tão cedo não se repetirá. Agora é descer á terra, mandar as "vitórias morais" às urtigas e lamber as feridas, porque domingo vem aí um daqueles adversários chatos, que costumam comer a relva quando jogam contra nós. 
Chaves é para vencer, categoricamente.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A utópica ideia da "festa da taça"

Enquanto esperamos que a nossa selecção carimbe mais uma passagem à fase final de um Mundial, analisemos o actual estado do Sporting.
No campeonato, apesar do pessimismo endémico dos sportinguistas que se nota bem na blogosfera ou nas redes sociais, estamos na luta. É certo que perdemos uma boa oportunidade para nos isolarmos na frente, mas perante o estado físico com que nos apresentámos no último jogo, acabámos por fazer o resultado possível. Por vezes também é preciso ter esse tipo de discernimento, saber esperar pela altura certa, não correr riscos desvairados. Ter a maturidade suficiente para sabermos que há mais marés que marinheiros, e que se desperdiçámos a oportunidade no passado dia 01 de Outubro, outras mais surgirão no futuro. Basta que encaremos com o devido foco os Moreirenses deste campeonato, que chegará a altura em que passaremos para a frente. E de resto, como eu li algures por aí, o porto na sua melhor fase não conseguiu vencer o Sporting na sua pior fase e num pico de cansaço. O futuro é, se não risonho, pelo menos de esperança. 
Passados estes dias para esticar pernas e respirar fundo, eis que no dia 12 estaremos de volta, e logo na simpática vila de Oleiros, no centro do país. Esta partida ficou inicialmente marcada por mais uma investida do Estado Lampiânico sobre o nosso clube. Por razões que permanecem no mais profundo desconhecimento do comum dos mortais, na semana passada começou-se a falar num hipotético boicote do Sporting ao jogo da taça, devido à falta de condições do recinto onde o mesmo iria decorrer. De boicote ao jogo rapidamente se passou para um ataque aos habitantes de Oleiros perpetrado por essa entidade diabólica que é o nosso clube. Infelizmente para a cartilha, Bruno de carvalho saiu de forma airosa - diria mesmo que levado em ombros! - desta triste história. Não só revelou o prazer de ir jogar numa região do país geralmente arredada destes grandes palcos futebolísticos, como ainda ofereceu a receita do jogo aos bombeiros locais, sabendo-se que esta é uma zona sempre muito fustigada pelos incêndios florestais. E tanta coisa se escreveu sobre este jogo que se "esqueceu" que o Sporting será a única equipa a jogar "mesmo" no campo do seu adversário. O benfica, que deveria jogar em Olhão, vai afinal fazê-lo no Estádio do Algarve. Já o porto, em vez de Évora, jogará no confortável estádio do Restelo. O caso do benfica é compreensível, pois os estádio do Algarve é porto de Olhão. Já o porto....
A FPF quando teve a ideia de por as equipas primodivisionárias a jogar nestes campos secundários, fê-lo para ressuscitar aquela velha ideia da "festa da taça". Lembro-me perfeitamente, de nos anos 80 e 90, jogarmos em campos tão distantes e desconhecidos como em Porto Santo ou Ponte-de-Sôr, do benfica ir a Macedo de Cavaleiros ou o porto a Moura. As vilas do interior paravam quase uma semana para preparar a recepção aos grandes e os jogos decorriam sempre em clima de festa. Os campos de futebol, muitas das vezes ainda pelados, a forma aguerrida como os jogadores da casa se esforçavam nesses jogos, o apoio do público à equipa da sua terra, contribuiam para jogos empolgantes e emotivos, que não raramente terminavam com invasões de campo e com os jogadores levados em ombros pelo público em delírio. Os bilhetes custavam 100, 200, 500 escudos no máximo, fora as borlas que os porteiros davam sempre à miudagem e aquelas árvores em volta dos campos, onde em cada galho se sentavam mais 3 ou 4 espectadores. O negócio era coisa para os cafés e restaurantes da terra, porque o mais importante neste jogos era mesmo a festa do futebol.
Entretanto o futebol nacional foi perdendo esses resquícios de amadorismo e no final dos anos 90, mais do que a emoção do jogo, importava a parte do negócio e do lucro. Foi assim que também as equipas mais pequenas, em vez de aproveitarem as visitas de equipas grandes para fazer a "festa da taça", trocavam os seus pequenos campos "infernais" por estádios maiores, tendo em vista o lucro imediato da bilheteira ou a transmissão televisiva. O Lusitano de Évora prefere jogar a mais de 100 Km longe de casa e fazer um bom lucro, assim como o Vilafranquense também preferiu jogar contra nós no Estoril. Por outro lado, o actual estado profissional do nosso futebol não se compatibiliza com equipas grandes a jogar em pelados. Os campos, relvados ou sintécticos, tem de ter um mínimo de qualidade para assegurar que nenhum jogador fique em risco de contrair lesões por jogar ali.
Acho louvável a atitude da FPF de recuperar a "festa da taça", mas como se está a ver nesta eliminatória, tirando o Oleiros que receberá o adversário no seu estádio, há outros clubes que se estão a marimbar para a festa e querem é fazer o seu negócio. Ora, aqui a FPF terá de tirar as devidas ilações para o futuro, que creio que terão de ser as seguintes: os clubes pequenos terão obrigatoriamente de jogar no seu estádio contra as equipas grandes. Se esses estádios não tem condições para receber um jogo da taça (pergunto-me como conseguem jogar ali para o Campeonato Nacional de Séniores), então se calhar é melhor ponderar se não é preferível deixarmo-nos de utopias românticas, voltando ao figurino anterior. Pelo menos por enquanto.
E que no dia 12 de Outubro façamos do jogo em Oleiros uma enorme festa ao futebol. Se possível com uma grande exibição da nossa parte, coroada por uma vitória. A Juventus virá depois.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Crónica de um empate e de uma fadiga anunciada

Ponto prévio deste post: pode não parecer, mas o Sporting NÃO ESTÁ em crise!
Sim, é certo que já não ganhamos há quatro jogos seguidos. Um deles é para uma competição cuja importância para nós é pouco mais que nenhuma. Outro dos jogos foi uma derrota caseira com o... Barcelona! Os restantes dois jogos que não ganhos foram para o campeonato. E se o empate em Moreira de Cónegos foi mesmo um mau, péssimo, resultado, já o empate de ontem... foi assim-assim.
Na minha antevisão para este jogo, escrevi que mais do que a fadiga, o problema do Sporting poderia ser a perca de foco ou concentração do jogo. Enfrentávamos uma equipa que também vinha de um jogo europeu, por isso os índices físicos estariam semelhantes. JJ costuma preparar bem os clássicos, quer do ponto de vista táctico quer motivacional da equipa. Apesar dos sinais de cansaço já evidenciados no jogo contra o Barcelona, havia nos sportinguistas uma esperança de que um coelho sairia da cartola. Mas os sinais começavam a apontar no sentido oposto: confirmou-se a lesão de Doumbia e Coentrão também ficou de fora. Dala, em quem depositei esperança de poder ser um dos "coelhos" a sair da cartola, foi para a equipa B espalhar magia. Equipa fatigada, banco sem opções ao nível dos titulares... desenhava-se no horizonte um jogo complicado.
E foi. O porto entrou melhor na partida, anulando as nossas investidas e procurando sempre ganhar os espaços entre as nossas linhas e as costas dos laterais. Verdade seja dita que, mesmo estando por cima na primeira parte, o ascendente portista nunca nos sufocou. Mas também é verdade que tiveram umas três boas ocasiões para marcar, enquanto nós só tivémos uma, numa cabeçada de William já perto do intervalo. Gelson e Bruno Fernandes começavam a arrastar-se em campo, Battaglia e Acuña lutavam muito mas com falta de discernimento. William ia tapando os buracos ao meio, Mathieu e Coates limpavam as sobras. Jonathan e Piscinni iam defendendo como podiam, mas a atacar eram uma nulidade. Bas Dost passou ao lado do jogo na primeira parte. Rui Patrício, seguríssimo, aguentou o empate a zero até ao intervalo.
Se o sufoco não apareceu até então, esperava-se que no segundo tempo tal viesse a ocorrer. Se o porto, sem apertar muito, estivera muito perto de marcar, adivinhava-se que Sérgio Conceição aproveitaria a melhor forma física da sua equipa e encostasse o Sporting às cordas. Felizmente que o porto também jogou durante a semana, pelo que acabaram por acusar fadiga na segunda parte. Aproveitámos para equilibrar a equipa, tivémos mais bola no meio campo adversário, mas faltavam lances de golo junto à baliza portista. Mesmo com esse ascendente, acabou por ser o porto a ficar mais perto de marcar, já no final do encontro, obrigando o nosso São Patrício a duas grandes defesas. Tivesse sido este jogo contra um adversário mais fresco, e se calhar as coisas correriam muito pior.
Face ao que aconteceu em campo, não nos resta outra coisa senão admitir que o empate não foi um mau resultado. Fizémos uma partida competente e combativa, mas não fosse São Patrício dificilmente seguraríamos o empate. Olhando para o que fizémos contra o Barcelona e para o que fizémos ontem, chegamos à conclusão que o resultado do clássico, não sendo o melhor, foi o possível dentro das nossas limitações para este jogo.
Agora é tempo de respirar fundo, esticar as pernas e recuperar outra vez a forma física. E esperar que os nossos internacionais não se lesionem. Também é tempo para pensarmos porque motivo alguns jogadores nossos rebentam tão cedo, face ao que acontece com os nossos rivais. O porto, de quem se dizia ter o plantel curto, está a conseguir retirar mais rendimento que o nosso plantel. Por cá, além dos titulares, vejo que Iuri desapareceu, Podence tarda em regressar, Coentrão não vinga, Dala não tem a sua oportunidade e Alan Ruiz não explode. O tal plantel com mais soluções, que diziam e eu pensava no inicio da época que tínhamos, começa a relevar-se (outra vez) curto. Será uma coisa momentânea, os tais "ciclos" que JJ disse que todas as equipas tinham? Ou será algo mais?

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Balada de uma noite mal perdida

Ontem quando saí de casa para me deslocar a Alvalade, se me dissessem que uma equipa portuguesa perderia por cinco golos sem resposta, ficaria lívido de pânico. Mas não, ontem era impossível perdermos por números tão expressivos. Sem deslumbrar, como chegámos a fazer há um ano em Madrid, fizémos uma partida muito competente e concentrada. E se defensivamente estivémos quase soberbos (maldito auto-golo), no ataque faltou-nos algum génio, audácia ou até mesmo sorte.
Quando o árbitro apitou o final da partida de ontem, nenhum sportinguista no estádio se poderia dar como envergonhado com a exibição da equipa. Entrámos em campo com ganas de disputar o jogo, iamos anulando as jogadas ofensivas do Barcelona, sem descurar algumas aproximações perigosas à baliza adversária. Pelo meio, como de costume nestas andanças, fomos brindados com (mais uma) arbitragem parcial contra nós. Sim, porque nisto da Europa de clubes estamos ao nível do Tondela ou do Portimonense no que toca a importância para a UEFA. Junte-se a isso um golo de bola parada após uma infelicidade de Coates e voilá, estávamos em desvantagem. A equipa reagiu bem e quando alguns temiam que a nossa procura do empate implicaria por-nos a jeito para abrir espaços atrás e sofrermos golos, eis que demonstramos segurança e equilibrio defensivo, ao mesmo tempo que procurámos chegar perto da baliza adversária. E tivémos uma opotunidade flagrante para empatar, fora o penalti que ficou por assinalar e daria, pelo menos, mais outra oportunidade.
Muito se falou do mau banco que JJ fez para este jogo. Em parte essa crítica deve-se à ausência de avançados para atacar o empate na segunda parte. Considero essa uma falsa questão, pois acho improvável que JJ viesse, por exemplo, a apostar em Dost e Doumbia juntos no ataque. Simplesmente porque essa alteração implicaria quebrar o equilíbrio da equipa no meio-campo, um risco que duvido que JJ estivesse disposto a correr num jogo desta envergadura. Bruno César é um jogador fetiche de JJ porque consegue dar esse equilíbrio à equipa, mas em prejuízo do arrojo ofensivo. Talvez Iuri, mais que Podence, pudesse também emprestar esse equilíbrio. Mas os últimos jogos pouco conseguidos de Iuri provavelmente pesaram no seu afastamento do banco.
Sobre Doumbia, reside aqui a grande baixa para o embate de domingo. Doumbia podia perfeitamente ser outra vez lançado de inicio da partida ou entrar como arma secreta num fase de jogo onde, por exemplo, estivéssemos a ganhar, para explorar os espaços nas costas da defesa portista. O seu previsivel afastamento do jogo poderá abrir portas a Gelson Dala, pelo menos as do banco de suplentes. Estará JJ disposto à audácia de lançar a pérola angolana no clássico?
Por fim a questão da fadiga. Muito se tem dito sobre o impacto no clássico da nossa grande prestação de ontem. Ora, até lá temos 4 dias de preparação, sem deslocações pelo meio. O porto tem mais um dia, mas pelo meio teve viagens de avião e de autocarro. A questão de domingo não será tanto de fadiga mas mais de foco e concentração. Foi por isso que perdemos em Vila do Conde após a soberba exibição de Madrid. JJ não costuma facilitar na preparação dos jogos grandes, como facilita por vezes contra os Moreirenses da nossa liga. Por isso acredito que no domingo teremos novamente em campo 11 jogadores dispostos a fazer tudo para vencer uma partida importantíssima, frente a um adversário que tem estado bem esta época. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Deixem-me sonhar!

Hoje é daqueles dias para desfrutar do melhor futebol europeu.
Antes da grande seca de participações na Liga dos Campeões, o último grande jogo que vi em Alvalade havia sido uma eliminatória para os oitavos de final da prova, quando recebemos o Bayern de Munique. Ainda jogavam Polga, Derlei ou Liedson. O Rui Patrício já era o nosso guarda-redes titular. Yannick Djaló era a nossa arma secreta e ainda jogou na segunda parte. Apesar do bom inicio de jogo, assim que sofremos o primeiro golo acabámos por desmotivar e perdemos por 0-4. Depois disso tivémos de esperar uns bons 6 anos para voltar a ver um colosso europeu em Alvalade, para a LC (o Manchester City e o Atlético de Madrid passaram por cá, mas para a Liga Europa). Em 2014 veio o Chelsea de José Mourinho. Perdemos por 1-0, Rui Patrício fez uma exibição fenomenal, e a equipa não nos envergonhou. Dois anos depois, outro colosso. O Real Madrid do nosso Ronaldo. Outra derrota, mas novamente com uma exibição satisfatória da nossa parte.
Quando em 2013 acabámos em sétimo lugar, arredado das competições europeias, muitos talvez duvidassem que voltássemos a ver equipas campeãs europeias em Alvalade. Esta é a terceira vez em quatro épocas em que conseguimos estar perto dos grandes. E se ainda tardam os bons resultados no nosso estádio frente aos colossos, as exibições que temos vindo a fazer contra esses clubes dão-nos a esperança de que um resultado positivo poderá estar para breve. Será hoje?
Hoje espero do meu Sporting a mesma atitude que teve contra o Chelsea há três anos ou contra o Real Madrid no ano passado: entrar em campo sem medo do adversário, com vontade em vencer o jogo, sem olhar à sonância dos onze nomes que estão do outro lado. Voltarmos a ver noites europeias como aquela nos anos 80 onde ganhámos 2-1 a este mesmo Barcelona, a meia-final da UEFA em que pouco faltou para derrotarmos o Inter ou aquela eliminatória em Alvalade onde estivémos a centímetros de eliminar o Real Madrid (ainda hoje não consigo esquecer o olhar do Cadete a ver a bola a passar-lhe à frente, em cima da linha de golo). 
Sei que a derrota é quase certa, mas também sei que deste lado há uma equipa com muita vontade de triunfar, uma massa adepta desejosa em ver um grande jogo com os melhores da Europa, empolgada para puxar pelo seu clube naquele que é o palco de todos os nossos sonhos.
Hoje é o dia de parafrasearmos aquela célebre frase de José Torres, antes do nosso apuramento para o mundial de 1986 no México: "Deixem-nos sonhar!". A realidade, essa, pode esperar até ao jogo contra o porto.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O costume

É fatal como o destino. Algures na época, acabamos sempre por perder pontos inesperados diante um adversário considerado fraco. Tem sido assim desde que me lembro de ver o Sporting jogar à bola. Quando fomos campeões em 2000, quando já liderávamos o campeonato isolados, fomos a Leiria empatar 1-1 com o União, que lutava então para não descer. Em 2002 também perdemos em casa com o Alverca, que acabaria o campeonato em último lugar. No tempo de Peseiro perdemos um campeonato graças à quantidade estupidamente elevada de pontos perdidos contra adversários mais fracos. Em 2007, Paulo Bento queixou-se e com razão da célebre "mão de Ronny", num jogo que perdemos em casa contra o Paços de Ferreira. Jorge Jesus coleccionou (demasiados) desaires semelhantes quando empatou em casa com o Tondela, nas duas últimas épocas. A única diferença, é que em 2000 e 2002 conseguimos perder pontos "apenas" nesses jogos, enquanto que nas eras Peseiro, Paulo Bento, Jardim, Marco Silva e JJ infelizmente os momentos "Moreirense" repetiram-se demasiadas vezes.
Era previsivel que o jogo de sábado passado tivesse alguma dificuldade acrescida, face aos dois enormes desafios que se iriam seguir. No entanto, sendo o nosso adversário o 16.º classificado, com apenas 5 pontos conquistados em 18 possíveis, 3 golos marcados contra 10 sofridos, a tarefa não se antevia tão complicada como se revelou. Esta época o Sporting tem-nos acostumado com entradas fortes em jogo, geralmente traduzidas em muitos golos, contrastando com finais de jogos algo sofriveis. Esperava algo semelhante neste jogo, apesar da equipa inicial não me ter inspirado grande entusiasmo. 
A partida em si foi muito má. Na primeira parte não estivemos em jogo e na segunda, salvo o periodo inicial quando empatámos e Gelson acertou na barra, praticamente não conseguimos mostrar mais futebol. Empatamos bem e se o adversário tivesse outro tipo de argumentos, se calhar nem um pontinho trazíamos. Apesar das boas indicações neste inicio de época, com a equipa a conseguir "mudar de chip" antes e depois dos jogos europeus, voltámos outra vez ao que estamos acostumados, em particular com este treinador: a incapacidade de nos concentrarmos no jogo, independentemente da sua dificuldade, quando outros desafios mais importantes estão à porta. Resta-nos esperar que este seja um momento sem repetição esta época, à semelhança do que se passou em 2000 e 2002.
E o que correu mal desta vez? Em primeiro lugar a equipa inicial, onde faltaram elementos de ruptura e irreverência. Bruno César é um jogador "certinho" e não de rasgos. Alan Ruiz continua a ser um elemento não decisivo da equipa. As ausências de Acuña e Podence, quando foram chamados algo intempestivamente na quarta-feira (especialmente Acuña). A ausência de Battaglia do onze inicial. A falta de inspiração dos nossos melhores jogadores, como Bruno Fernandes ou Gelson. 
E porque razão ficaram de repente os sportinguistas tão pessimistas em relação à presente época, quando ainda temos tudo para ser campeões? Basicamente porque a maior parte de nós está a reconhecer um filme que viu demasiadas vezes nos últimos anos. A adopção do VAR, apesar de ter reduzido o impacto dos erros de arbitragem nos nossos jogos, não os eliminou, como se viu no penalti sobre Doumbia que ficou por marcar. Os critérios disciplinares dos árbitros tem sido ridiculamente parciais, como de resto o Artista do Dia resumiu muito bem. Por fim, a "motivação" dos nossos adversários face ao que se vê contra os nossos rivais. A forma como o Moreirense "comeu a relva" em campo, em linha com a entrega de Feirense, Tondela ou Estoril nos jogos contra nós, face aos "passeios" que os nossos rivais dão. Ou as enérgicas críticas à arbitragem de Manuel Machado, em contraste com outros jogos onde foi ainda mais prejudicado.
É por isso que estes momentos "Moreirense" nos deixam de pé atrás. Porque sabemos que o campeonato, para o Sporting, não é um passeio. E que a forma mais rápida de perdermos esta competição é precisamente pensarmos isso, que teremos jogos que serão passeios. 

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A equipa de ontem e o padre Manuel Mota.

Se há competição que os sportinguistas mais se estarão "nas tintas" para a ganhar, ela é a Taça da Liga. Desde o famoso penalti do Pedro Silva, até ao "dolo sem intenção", esta competição é apenas a prova da forma como o nosso clube tem sido tratado pelas altas instãncias do futebol nacional: mal e porcamente.
Já era expectável que entre dois jogos para o campeonato no espaço de oito dias, e uma semana antes de recebermos o Barcelona e depois o porto, este jogo fosse encarado mais como um treino, tipo aqueles torneios de inicio de época, onde mais do que a vitória em si, interessa é dar ritmo ao jogadores e criar alternativas de jogo.
Apesar do empate sem golos, gostei de um modo geral da prestação dos jogadores. Não da "equipa" em si, pois juntar onze jogadores sem rotinas entre eles não é suficiente para criar uma "equipa de futebol". Mas houve sem dúvida oportunidades que foram aproveitadas. Outras nem tanto.
Começamos pela defesa. Num jogo contra outra equipa que também se apresentou com segundas linhas, mais interessada em defender o empate do que procurar a vitória, já se esperava que não tivéssemos muito trabalho defensivo. Mas do pouco que houve, os nossos defesas estiveram bem. Salin, excepção feita a uma deficiente reposição de bola com os pés na primeira parte, esteve seguro. Tobias e André Pinto também demonstraram consistência a defender, pecando apenas na fase de construção de jogo, onde ainda não estão ao nível da dupla titular. Os laterais também estiveram bem a defender. Destaque para Ristovski, que esteve muito bem na estreia e foi mesmo o jogador que ontem mais deu nas vistas. Raramente perdeu bolas para o rápido Piqueti e quando teve de atacar fê-lo bem. Jonathan esteve ao nível que nos habituou, muito combativo e voluntarioso, por vezes revelando alguma falta de serenidade.
No meio campo foi Petrovic quem esteve em destaque. Ganhou muitas bolas e na primeira parte foi o principal construtor de jogo da equipa. Enquanto teve pulmão foi um elemento preponderante, decaindo na segunda parte por clara falta de frescura física. Matheus Oliveira teve alguns pormenores interessantes mas ficou um pouco àquem do esperado. Precisa nitidamente de mais minutos de jogo para ganhar ritmo e rotinas. Já Alan Ruiz, por mais minutos que tenha, não consegue passar daquele "rame-rame" do costume. Posiciona-se bem, consegue ganhar espaços, mas quando recebe a bola demora uma eternidade para saber o que fazer com ela. Ontem teve (mais uma) oportunidade falhada para mostrar ser uma opção válida para titular da equipa. Bruno César foi o bombeiro do costume, correndo, posicionando-se, marcando as bolas paradas. De tanto para fazer, pouco acabou por fazer. Mas Bruno César é isso mesmo, um pau para toda a obra, o "habilidoso" da equipa que serve para tudo um pouco, sem ser especialista em coisa alguma.
Na frente, Doumbia não esteve nem bem nem mal. Ganhou espaços e bolas para golo, mas pecou na finalização. Por fim Iuri Medeiros, de quem se esperava muito mais do que apresentou ontem. Iuri mostrou bons pormenores no sábado passado e na retina de todos está o bom final de jogo que fez em Guimarães. Contudo, sente ainda dificuldades em assumir o jogo atacante, demonstrando alguma incapacidade para se libertar do peso da camisola. Face à habitual fadiga que Acuña acusa nos finais dos jogos, continuo a achar que Iuri é a melhor alternativa ao argentino. Mas com o regresso de Podence, e com Bruno César sempre à espreita, é tempo de Iuri arrepiar caminho, para demonstrar que tem lugar no nosso onze.
Por fim os suplentes. Battaglia e Acuña não trouxeram muito mais ao jogo. Acuña tentou dinamizar o flanco esquerdo e a sua entrada coincidiu com uma maior acutilância atacante de Jonathan, lembrando por vezes alguns dos melhores pormenores de Coentrão na ala. Podence entrou melhor, dando velocidade ao ataque. Contudo decaiu ao longo do jogo, deixando-se enrolar por alguma ansiedade. Precisa também de jogar mais vezes para recuperar a forma física e mental.
Uma nota também para o árbitro Manuel Mota, um dos padres do Estado Lampiânico. Num jogo sem grande interesse, o homem do talho revelou ontem que bem merece a estima que lhe depositam as altas instâncias do EL. Impressionante a forma passiva como ao longo do jogo actuou disciplinarmente sobre a equipa insular. Rídicula a forma como condicionou o jogo nos últimos 10/15 minutos, apitando toda e qualquer queda dos jogadores maritimístas, permitindo-lhes queimar tempo e quebrar o ritmo do jogo. O que aqui me assustou não foi tanto a arbitragem em si, mas sim aquela sensação de que se o padre faz uma missa destas numa prova menor, nem imagino o que poderá fazer em jogos para o campeonato. E é bom que toda a equipa perceba isto: temos de entrar em todos os jogos com a máxima atitude para ganhar, pois se caímos no erro de ter de depender dos padrecos, eles bem que nos fazem a extrema-unção.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

André Geraldes, és tu?

Assim de repente, tenho de puxar pelas minhas memórias de adolescência, para me lembrar de um arranque de época tão positivo como este. Fosse o Sporting de Robson de 1993/94 ou o de Marinho Peres de 1990/91, são mais de duas décadas que temos de recuar para assistir a um começo tão promissor. E se em 1993/94 ainda lutámos quase até ao fim pela vitória no campeonato (malditos 3-6...), em 1990/91 perdemos o fulgor a meio e acabamos a 13 pontos do campeão benfica (a vitória só valia 2 pontos). Ou seja, como diz o nosso treinador e bem, isto não é como começa, é como acaba. Por isso não vale a pena entrar em euforias.
Mas, euforias à parte, nada nos impede - antes pelo contrário! - de aplaudir o que de bom o nosso clube tem feito, até porque algumas coisas representam um corte radical com o nosso passado mais recente. Destaco sobretudo dois aspectos: a política de aquisições e a estratégia de comunicação. Falemos hoje do primeiro.
Desde que Bruno de Carvalho chegou ao Sporting, que a nossa política de contratações tem falhado sobretudo em adquirir alternativas fiáveis aos nossos melhores titulares. O nosso onze base de 2013/2014 até 2016/2017 era praticamente o mesmo: Rui Patrício manteve-se e quem o substituia nem sempre o fez da melhor forma. Cedric saiu e Schelotto ou João Pereira não estiveram à sua altura. Jefferson esteve na esquerda, substituído por Marvin na última época. Nos centrais, passámos de Rojo/Maurício para Maurício/Sarr ou Tobias, e depois para Coates/Semedo. No meio-campo William e Adrien mantiveram-se, enquanto João Mário tirou o lugar a André Martins e Gelson a Carrillo. Na frente, Slimani e Fredy Montero mantiveram-se, com Teo pelo meio a espreitar. Ano passado Bas Dost rendeu Sli na frente. Em traços gerais foi essa a evolução do plantel em quatro épocas. Tirando a entrada de Coates ou Bas Dost, creio que não tivémos mais nenhum upgrade de qualidade dos jogadores. Gelson Martins e João Mário vieram na formação, pelo que nestes casos não podemos falar de "aquisições". E mesmo Bas Dost não é propriamente um "upgrade", mas sim uma manutenção de qualidade face a quem substituiu.
Esta época tem sido muito diferente. Nas laterais podemos por em questão a disponibilidade física de Coentrão ou a qualidade de Piscinni (que até tem subido de rendimento), mas defensivamente estamos melhor que nos últimos anos. No meio-campo contratámos dois verdadeiros reforços - Battaglia e Bruno Fernandes. Para as alas adquirimos Acuña e mandámos regressar Iuri. Na frente, Doumbia tem-se revelado uma boa alternativa a Bas Dost. Falta ainda André Pinto, que verá a sua hora chegar assim que começarem os castigos aos nossos centrais, e o Bebeto Júnior, que espero ver já na Taça CTT "reclamar" por uma oportunidade no onze para o campeonato. Ristovski idem.
Escrevi algures entre as eleições de Março último e o final da época passada, que precisávamos de um director desportivo a sério. Octávio Machado chegou com um objectivo que praticamente se esfumou na primeira época que aqui esteve. Tínhamos de ter algo completamente diferente. Não mais um papagaio para mandar larachas para a imprensa ou fazer cara feia no banco de suplentes. Mas, entre outras coisas, ajudar à definição de uma política de contratações incisiva, com igual competência para efectivar contratações "complicadas". 
Se há palavra que ajuda a definir a política de contratações do Sporting desta época, é COMPETÊNCIA.  E não estou a falar apenas da qualidade dos jogadores. Refiro-me também ao timing (quase todos antes ou logo no inicio da preparação), bem como do esforço negocial nos casos onde aparentemente houve mais dificuldades, como com Doumbia. 
Confesso que não conheço bem a estrutura directiva do nosso clube. Sei que Carlos Vieira faz parte da área financeira, Vicente Moura era das modalidades até sair e que André Geraldes assumiu a parte da direcção desportiva do nosso futebol profissional. Ou, como agora se chama, o seu team manager. Desconheço qual a essência desta nova nomenclatura, mas acredito que seja basicamente a mesma do clássico "Director desportivo". 
A mudança de paradigma da nossa política de contratações coincidiu com a chegada de André Geraldes a team manager do nosso futebol profissional. No passado, prespectivando-se que seria ele a ocupar o cargo de Octávio, tive dúvidas de que a sua escolha fosse a mais acertada. Não sei bem se realmente a construção do plantel actual foi obra sua, mas sendo - como parece que é - apenas me resta engolir as minhas anteriores dúvidas e saudar o nosso presidente pela humildade em delegar essas competências no seu director, bem como a clareza de escolher essa pessoa para o cargo. E que no final da época possa alegremente dizer que André Geraldes "Foi a pessoa certa para o lugar certo!". 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Descer do Olimpo e aterrar em Alvalade, focadíssimos em vencer!

Depois da grande exibição e vitória alcançada na Grécia, é tempo dos nossos jogadores descerem do Olimpo onde estiveram estes dias e colocar os pés bem assentes na terra. Vem aí uma das nossas bestas negras, especialmente quando jogamos no nosso estádio: o Tondela.
Estamos a fazer um excelente campeonato e a nossa entrada na Liga dos Campeões não podia ter corrido melhor. E face às paupérrimas prestações de benfica e porto na LC, ainda mais os focos estão virados para nós. Neste momento somos a equipa portuguesa que melhor futebol joga, que tem o plantel mais completo e o treinador mais competente. E isto significa, também, que somos os alvo a abater no momento.
Na Liga dos Campeões, infelizmente é uma questão de mais jogo, menos jogo, sairmos pela primeira vez derrotados. Os nossos rivais estão desejosos que a nossa equipa escorregue, para assim aliviarem a pressão mediática que se lançou sobre eles. Enquanto o nosso jogo com o Barcelona não chega, temos dois confrontos importantíssimos para o campeonato. E como alguém do futebol disse, o próximo jogo é sempre o mais difícil.
Há duas épocas atrás, o Tondela ajudou a enterrar uma época que tinha tudo para ser de sonho. Estavamos a jogar um bom futebol, éramos a melhor equipa do campeonato e tínhamos vantagens pontuais confortáveis sobre os nossos rivais. Facilitámos na abordagem a esse jogo, a arbitragem fez o seu trabalho de manipulação e os dois pontos perdidos teriam sido suficientes para termos sido campeões nacionais. Na época seguinte, recebemos o Tondela à oitava jornada, mas aqui as coisas não estavam a correr tão bem. Na jornada anterior haviamos cedido aquele incrível empate 3-3 em Guimarães e na véspera perdemos em casa com o Dortmund. E equipa tremia por todos os lados, o bom futebol teimava em não aparecer e bastou apanharmos uma equipa com um sistema ultra-defensivo para bloquearmos. O Tondela inaugurou o marcador e não fosse Campbell já nos descontos, teríamos sofrido uma humilhação ainda maior no nosso estádio.
Este ano estaremos ao nível do que estávamos em 2015/16. Praticamos bom futebol e estamos na frente do campeonato. Há dois anos JJ facilitou (o Tondela estava em último lugar) e lançou Ewerton no jogo, sem ritmo de competição. A equipa entrou em jogo sem velocidade e foi surpreendida pela forma aguerrida como os tondelenses entraram. O penalti e expulsão de Rui Patrício ajudaram a complicar um jogo que, em situação normal, teria sido facilmente vencido por nós. A dualidade de critérios de Jorge Ferreira fez o resto.
Por isso é importante que Jorge Jesus encare este jogo da mesma forma que encarou o jogo na Grécia: focado nas debilidades do adversário e apostando em golpeá-lo logo nos momentos iniciais da partida. Ao nível das nossas entradas em Guimarães e em casa ante o Estoril. E caso o resultado atinja um fosso mínimo de 2 ou 3 golos, então sim fazer a gestão do esforço da equipa, evitando manter em campo jogadores demasiado fatigados. Pepa e alguns jogadores do Tondela já prometeram fazer um grande jogo em Alvalade, de grande intensidade. Provavelmente, apostarão tudo em 1) retardar ao máximo o primeiro golo do Sporting e 2) mesmo em desvantagem, aproveitar a nossa fadiga/desligamento nos últimos 20 minutos de jogo para tentar equilibrar a partida. Daí a importância de uma entrada forte nossa em jogo, traduzida em golos, e uma gestão inteligente de esforço na 2.ª parte que impeça os sobressaltos sentidos nas últimas partidas.
O Tondela virá a Alvalade, como de costume, disposto a comer a relva toda. Jogarão com o autocarro à frente da baliza e um ou dois corredores lá na frente para explorar as nossas subidas. Tacticamente, acredito que seja menos complicado marcar golos a este Tondela do que ao Feirense, por exemplo. Em Santa Maria da Feira, principalmente na 2.ª parte, mostrámos que também sabemos abrir espaços contra equipas "certinhas". Velocidade nas alas, acutilância no corredor central, não inventar nas bolas paradas. E muita fome de vencer, para vingar os últimos resultados dos beirões em Alvalade. Seja em fato de gala, seja com fato de macaco.
Para o campeonato, depois do Tondela, iremos jogar ao Moreirense e receberemos o porto, antes de nova interrupção do campeonato por causa das selecções. É importante chegar ao jogo com o porto com os 21 pontos somados. Em casa, com um pleno de vitórias para o campeonato, teremos motivação mais do que suficiente para batermos os andrades no nosso estádio. 
Sábado é dia de esfolar o borrego. Mais um nesta época. 

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A matança dos borregos continua!

Este ano andamos a matar borregos atrás de borregos. Ontem matámos mais um: vencemos fora para a fase de grupo da Liga dos Campeões, o que já não acontecia desde 2008!!! E em tempo de matar borregos, vem aí mais outro, daqueles gordinhos que até irritam como nunca o conseguimos matar antes: vencer o Tondela em Alvalade!
O jogo de ontem poderia ter sido histórico, pois uma vitória de 5 ou 6 golos fora, ainda por cima quase todos marcados na primeira parte, é sempre algo de valor numa competição como esta. E quem diria que o nosso Sporting, que ainda há uns 3 anos não conseguia vencer fora o Maribor, chegava a um dos estádios europeus mais complicados e impunha um futebol de classe.
Como disse na minha antevisão, se quiséssemos sonhar com algo mais do que o 3.º lugar no nosso grupo da LC, tínhamos de ganhar ontem. Agora tudo é possível e parafraseando o já falecido José Torres, "deixem-nos sonhar!". O Barça, como se viu ontem, está a voltar ao nível que nos foi habituando nestes últimos anos. Aqui será praticamente impossível sacar pontos. Resta-nos esperar por dois jogos fabulosos ante a Juventus e... que o sonho se torne realidade.
A exibição na Grécia seria imaculada caso os últimos minutos do jogo fossem apagados. Não foi isso que tirou o brilho da nossa exibição, mas deixou um travo amargo na boca. Jorge Jesus disse, e com razão, que para competir na Liga dos Campeões não podemos relaxar com tanta auto-confiança. Da mesma forma que no ano passado fomos atraiçoados em Madrid nos últimos minutos, também na Grécia passámos por calafrios finais desnecessários. Há que incutir na cabeça dos jogadores que os jogos só estão ganhos depois do apito final do árbitro e não antes. A tremideira que se tem sentido nos últimos jogos tem de desaparecer de vez.
E porque temos tremido tanto na parte final dos jogos? Temos entrado bem, pressionando e marcando cedo. Ainda há bem pouco tempo os sportinguistas se queixavam que dávamos sempre 45 minutos de avanço ao adversário. Nestes últimos jogos, salvo o jogo com o Feirense, não tem sido assim. Entramos fortes, marcamos golos e criamos oportunidades, sem deixar jogar o adversário. Pelo que me apercebo, há jogadores que quebram fisicamente apartir dos 70 minutos. Bruno Fernandes, Acuña, Bas Dost ou até Gelson, acabam os jogos de rastos. Acho que JJ mexe tarde na equipa, por exemplo contra o Estoril e Feirense só mexeu quando já estávamos a ser sufocados. E não há necessidade para isso, pois temos no banco bons substitutos: Doumbia, Iuri, Podence (quando regressar), Bruno César e... Matheus Oliveira. Sem Adrien, perdemos alternativas de qualidade ao actual trio do meio-campo. Bruno César é competente, mas falta-nos algo mais. Pergunto-me se não estará na altura de começar a dar minutos ao Bebeto junior, para vermos se temos ali alternativa credível. Também temos Petrovic, é certo, mas para posições mais recuadas. Precisamos de mais alguém no miolo, que saiba segurar a bola e pautar o jogo.
Por fim a lateral esquerda. Dos últimos 4 golos sofridos, 3 tem a Jonathan Silva envolvido. Não estou a dizer que a culpa é só dele, mas sim que o nosso lateral canhoto não está de momento a dar a segurança defensiva necessária à nossa equipa, principalmente em alturas onde devíamos ter o jogo controlado. Caso Coentrão continue lesionado ou se venha a constatar que não tem condições para jogar assiduamente ao longo da época, acho melhor que comecemos a procurar alternativas dentro do plantel (adaptar Ristovski à esquerda? voltar a insistir em Bruno César? Equipa B?) ou de fora.
Sábado jogamos com uma das bestas negras de Alvalade nos últimos anos. Irrita-me a forma desinibida como o Tondela, que leva de tudo e todos, chega a Alvalade e come a relva para nos vencer. Se há jogo onde temos de golear, é no próximo. E sem arrepios no final.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O VAR: entre o Estado Lampiânico e o Sistema, nós!

Quinta jornada, quinta vitória. Podia ter sido um jogo com história simples, do género "má primeira parte, mas segunda parte de nível embala leão para mais uma vitória". Mas não, sportinguista que se preze não se contenta com vitórias fáceis. E lá tivemos nós de entrar em modo "hara-kiri" nos últimos momentos do jogo, para depois sim, ganharmos mais um jogo "à Sporting".
O Feirense é uma das equipas mais complicadas da Liga, principalmente a jogar em casa. Faz parte do mesmo lote de Chaves, Estoril ou Marítimo. Equipas pequenas, com orçamentos limitados, mas tacticamente muito certinhas e com filosofias de jogo que vão muito além do autocarro. 
Adeus Santa Maria da Feira, olá Atenas. Amanhã jogaremos uma importante cartada na Liga dos Campeões. Ainda é o primeiro jogo, é certo, mas para sonharmos com algo mais do que o terceiro lugar neste grupo, qualquer deslize é o seu fim. Uma vitória amanhã deixa-nos logo na frente da luta pelo terceiro lugar e abre-nos excelentes prespectivas para tentar o segundo lugar. Uma derrota praticamente nos arreda da luta pelos primeiros lugares do grupo, restando-nos ombrear com o Olimpyakos por um lugar na Liga Europa. O empate, como este jogo é fora, não será mau do ponto de vista da luta pelo terceiro lugar. Mas deixa-nos com pouca margem de manobra para mais.
Sejamos realistas, para passarmos aos oitavos de final da Liga dos Campeões, teríamos de fazer pelo menos 9 pontos (o benfica passou com 8 no ano passado e a Roma com 6 há dois anos, mas são casos muito raros). Isso implica obrigatoriamente vencer os dois jogos com o Olimpyakos e ganhar pelo menos um jogo a Juventus ou Barcelona. Por isso, amanhã, se quisermos fazer história nesta competição, só há um resultado possivel: a vitória.
Olhando novamente para a competição interna, vimos entretanto como os discursos se vão ajustando às necessidades. E convêm que os sportinguistas estejam atentos a estes "sinais dos tempos" e não deixem que lhes façam o ninho atrás da orelha. É que já vi alguns sportinguistas a alinhar nos discursos dos nossos rivais, o que sinceramente não me agrada.
Vamos por partes. O Al-Carnidão, como já se esperava, usou a sua última vitória in-extremis para atacar o VAR, usando como de costume a sua típica basófia e fanfarronice. Diz a cartilha que afinal o benfica não só não perde pontos com o VAR como até os garante. Nada de mau por aqui, pois eu prefiro estar dois pontos à frente sem espinhas do que quatro pontos com calimeros em choro compulsivo. Mas dois pontos são dois pontos, e o Estado Lampiânico lá começou com o seu típico trabalho de ameaça e coação, como a entrevista de Luis Bernardo ao Record. E mais se seguirá nos próximos dias, estejam atentos.
A novidade vem do velho "Sistema", que após a vitória do benfica desatou num ataque cerrado ao VAR. Basicamente a narrativa portista é que o VAR não serve para nada, pois o benfica continua a ganhar com marosca. Este discurso é perigoso, e para mim não é nada inocente. Quem está no poleiro do futebol nacional obviamente que não quer que estejam sempre em cima dele a escrutinar o seu trabalho. O VAR, com todos os seus defeitos, é uma arma de escrutínio e estamos bem melhor com ele do que sem ele. Não sei se o Sistema estará já preparado para tomar de assalto o nosso futebol, ou se o EL está já tão enfranquecido que se deixe derrotar. Mas que esta conversa de desvalorizar o VAR já está a ser lançada com o alto patrocínio dos baluartes andrades, isso está. E quando vejo sportinguistas a amplificar essa desvalorização, alinhando na conversa de um dos nossos rivais, fico preocupado.
Em Portugal, o VAR está na sua primeira época de implementação. O projecto é ainda isso mesmo, um projecto. Precisa de ser estudado, analisado e alterado naquilo que melhor servirá o desporto. Tenham lá a santa paciência, mas um fora do jogo mesmo de um milímetro é um fora-do-jogo. E continua a ser fora-do-jogo dependendo do entusiasmo (ou falta dele) do video-árbitro. Não nos percamos em truques comunicacionais ou clubites mal amanhadas. Foquemo-nos só e apenas na verdade desportiva e em contribuir para a sua valorização. Conversa de lobos com pele de carneiro, não obrigado!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Eu Show Bruno

Ponto prévio: É por demais claro e evidente que o nosso actual presidente tem sido maltratado um pouco por todo o jornalismo lusitano. Tudo é pretexto para o atacar, denegrir e enxovalhar, como por exemplo inventar suspeitas de violência doméstica sobre a sua ex-mulher. Impunha-se portanto uma atitude forte, incisiva e esclarecedora da sua parte. E não é de agora, já é de há muitos anos.
As recentes decisões do conselho de disciplina da FPF também tem sido, no mínimo, polémicas. Não me vou alongar por aqui, refiro apenas o recente caso do túnel. Todos viram quem começou, quem provocou, quem prevaricou. A pena daqui resultante para o nosso presidente é absurda. O mesmo conselho de disciplina que pariu tal decisão foi o mesmo que, perante uma nítida agressão de um jogador de futebol a outro colega de profissão, encolheu os ombros e virou costas. Actualmente este é o estado do nosso futebol: um nicho de oportunistas que querem sacar o máximo com o mínimo esforço possível, acompanhados de cobardes que se encolhem perante o poder estabelecido, perante a passividade do poder político e judicial. Impõe-se hoje mudar este estado de coisas.
As notícias, o burburinho, o rumor, que sempre se levanta em torno do Sporting, não é inocente. Tem uma fonte bem definida e colunas que ampliam esse ruído. Vejamos por exemplo as recentes transferências de Adrien, Mitroglou e a não transferência de William Carvalho. Sobre Mitriglou foram levantadas suspeitas e insinuações graves por parte de um agente de futebol, que até poderão configurar gestão danosa por parte do actual presidente do benfica. Veja-se no entanto sobre quais transferências se tem posto o foco mediático. Junte-se a isto a recente saída de Nuno Gomes da pasta ligada à formação encarnada, sobre a qual nada de relevante se ouviu pela mídia portuguesa. O mais pequeno rumor sobre o nosso clube é chafurdado até à exaustão pela painelagem futebolística. A mais bombástica revelação sobre o nosso clube do lado é imediatamente abafada e remetida para o esquecimento.
O espaço de Bruno de Carvalho na Sporting TV é, por isso mesmo, importante. É um espaço mediático qb, com a vantagem de ser amigável, pois é dentro de sua casa. Mas da mesma forma que as atordoadas no Facebook acabaram por ser infrutíferas, pois o protagonista banalizou a sua utilização, também o tempo de antena na Sporting TV correrá o mesmo risco de se transformar numa manifestação pífia, caso não seja usada com a devida parcimónia.
O que se passou ontem não foi uma entrevista esclarecedora, focada e incisiva. Foi um circo.
Li hoje na nossa blogosfera que deveríamos prestar mais atenção ao conteúdo do que à forma. Estou de acordo. E o conteúdo do espectáculo de ontem até foi interessante. Desmontaram-se as incríveis decisões dos órgãos federativos. Bruno prometeu que os responsáveis pelas más decisões pagarão por elas nas devidas instâncias. O homem que lutou contra os fundos, que promoveu a adopção do VAR, que introduziu as milionárias cláusulas de rescisão nos contratos, que construiu o pavilhão João Rocha, que negociou com a banca melhores condições para o nosso clube, afastando o fantasma da falência, prometeu levar a justiça futebolística às instâncias judiciais civis. Eis Bruno de Carvalho, o homem que transforma causas perdidas em causas ganhas.
Mas a forma como tudo isto foi apresentado não pode ser afastada ou negligenciada. Estamos no século XXI, onde a imagem, as estratégias de comunicação e o impacto mediático ditam as regras. É assim tão difícil perceber isto, PORRA?!?!?! Nos próximos dias os painéis de opinião irão passar horas a fio a discutir a discutir as "nalgadas no Serpa", o "paizinho do Joel", "o casaco pele de camelo do Bruno", etc., etc., etc. Do essencial pouco se falará.
Depois do que se passou ontem, Meirim provavelmente patrocinará outro castigo exemplar e inédito em Portugal sobre um dirigente desportivo. Aposto em mais de um ano de suspensão. Curiosamente as coisas dentro de portas tem corrido bem nestes últimos 3 meses, precisamente enquanto tem durado os últimos castigos a Bruno de Carvalho. Se é coincidência ou não, não sei. Mas que o tempo parece estar a ser melhor aproveitado pelo nosso presidente, lá isso parece. E se o preço para continuarmos na senda dos resultados desportivos positivos é o silêncio de quem nos dirige, intermediado por estes momentos de comédia, então que a coisa role assim até Maio. E depois sim, diremos todos que o homem é um visionário!