sábado, 25 de março de 2017

Hoje joga a selecção

É por demais evidente que o marketing que a FPF actualmente está a fazer, pretendendo colar-se o mais que possível ao benfica. Sinceramente, não é algo que me choca. O próximo jogo será no estádio da Luz e haverá por parte da federação uma tentativa para mobilizar os adeptos que estariam mais receptivos a deslocar-se àquele estádio.
Não me surpreende, portanto, que jogadores como Renato Sanches, Eliseu ou Pizzi, tenham tido mais destaque esta semana que os restantes. Só Nelson Semedo é que parece ter ficado mais resguardado dos holofotes mediáticos.
Quanto às escolhas do seleccionador para este jogo, Fernando Santos continuou fiel a si mesmo: convocou os seus meninos queridos todos, mesmo que não estejam a jogar ou estejam em má forma. Renato Sanches, André Gomes e Eliseu continuam a aparecer ali, assim como Bruno Alves e Éder. Destes cinco, acho que o único que realmente merecia ser convocado era o Éder, por ter feito o que fez na final do Europeu. Os restantes jogadores que citei apenas ainda por ali andam devido ao seu estatuto.
Em sentido inverso saúdo que Gelson Martins, Pizzi e André Silva comecem a merecer a confiança do seleccionador e repitam as suas convocatórias. No caso particular de Gelson, era incompreensível a sua ausência nos jogos da selecção, pelo que esta reiteração na sua convocatória é um claro voto de confiança no seleccionador. Outro destaque é a chamada de Bruno Varela para o lugar do lesionado Anthony Lopes. Esta chamada é inteiramente merecida para o guarda-redes sadino, que tem estado a fazer um excelente campeonato. Desconheço se o benfica ainda tem algum direito de opção sobre o jogador, mas é provável que Bruno Varela se lance em voos mais altos no final da presente época.
Como este blog é sobre os desabafos de um sportinguista, é por esse prisma que eu analiso o actual momento da selecção, e não por uma qualquer máscara de isenção embebida de patriotismo. E como sportinguista tenho tido muitas razões para não levar a sério aquela máxima de que "esta é a selecção de todos nós!". Não é só culpa de Fernando Santos, pois já com Paulo Bento e Queiroz sentia o mesmo. É frustrante ver como os jogadores do Sporting são preteridos por outros jogadores em condições semelhantes. Ainda não esqueci a não convocatória de João Moutinho para a África do Sul, a escolha de André Almeida e Rúben Amorim para o Brasil, deixando de fora Cedric e Adrien. E a teimosia de Fernando Santos no último Europeu, insistindo numa fórmula que deixou o nosso meio-campo de fora, que nos ia custando a passagem da fase de grupos.
Acredito que os jogadores do Sporting tenham interiorizado que para eles não é fácil ser-se convocado. Rúben Semedo, Podence, Palhinha, Geraldes, etc., certamente saberão que só vestirão a camisola das quinas quando estiverem no máximo da sua forma. Não serão "convidados" como por exemplo Ivan Cavaleiro foi. E é este tratamento desigual que me irrita e faz-me afastar dos jogos da selecção.
Quanto ao jogo de logo, espero que Portugal ganhe e que nenhum jogador leonino se lesione. Rui Patrício será de certeza titular. William não acredito que jogue de inicio, podendo talvez vir a ser utilizado na parte final do jogo para segurar um resultado positivo. Gelson também não deverá ser utilizado de inicio, mas aqui eu acredito no seu lançamento numa fase ainda decisiva do jogo.

terça-feira, 21 de março de 2017

Futebol 2017/2018 - A equipa B

De tragédia quase anunciada a equipa sensação da prova, eis o percurso da equipa B do Sporting Clube de Portugal.
Durante a campanha para o último acto eleitoral, ouviram-se as mais mirabolantes ideias para a nossa equipa B, sendo a mais arrojada aquela que propunha o fim da mesma, caso se consumasse (ou não) a descida de divisão. Salvo um ou outro sound-byte, discutiu-se pouco a nossa equipa B na campanha. PMR usou-a sobretudo como arma de arremesso contra BdC, surfando assim os seus sucessivos maus resultados. BdC, por sua vez, não apresentou nenhuma novidade sobre a gestão da nossa segunda equipa, pelo que se deduz não não irá ser alvo de nenhuma intervenção de fundo. O lugar mais desafogado que agora ocupa parece finalmente afastar os fantasmas que sobre ela pairavam, nomeadamente a sua extinção. O que, diga-se em abono da verdade, nunca foi tema assumido ou sequer tocado pelo nosso presidente.
As pessoas da minha geração certamente se recordarão dos campeonatos nacionais de reservas. Era uma prova que decorria paralelamente aos campeonatos principais, onde pontificavam os jogadores que, fazendo parte do plantel principal de futebol, raramente jogavam na primeira equipa. Uma vez que as equipas de reservas não eram rentáveis, pois implicavam custos com quase nenhum retorno (as assistências eram baixas e, creio eu, nem pagavam bilhete), o campeonato acabou por ser extinto, salvo erro em princípios da década de 90.
Por essa altura, os campeonatos portugueses sofreram uma alteração substancial. O caso Bosman e o fim à limitação de utilização de jogadores não-comunitários provocou uma enchente de jogadores estrangeiros nos planteis das equipas portuguesas. O jogador português, que até então estava protegido, passou a ter de enfrentar a concorrência directa do jogador Sul-Americano ou da Europa do Leste. Os clubes preferiam ir buscar jogadores medianos mas já feitos a mercados baratos, como o brasileiro, a ter de apostar em jovens acabados de formar. Alguns visionários, apercebendo-se de que esta dificuldade poderia, a prazo, por em causa a formação de jogadores portugueses (Portugal havia sido campeão do mundo em 1989 e 1991), trataram de começar a criar mecanismos de defesa do nosso jogador. O Sporting, clube de formação por excelência, lançou-se na pioneira tarefa de constituir clubes satélites onde os seus jogadores recém saídos dos Juniores pudessem contactar com o futebol Sénior. Primeiro o Atlético, depois o Lourinhanense, estes clubes serviam de rampa de lançamento dos leõezinhos. Por fim, e após uma longa luta junto dos órgãos federativos, pode-se por fim implementar o uso das Equipas B. O objectivo da criação das equipas B, e da nossa em particular, era o de servir de etapa de transição dos jogadores juniores nas competições seniores. Uma vez que, decorrente do mercado livre dos jogadores de futebol, os jovens jogadores veriam diminuir as suas oportunidades de jogar ao mais alto nível, tomou-se esta medida como forma de os proteger, bem como garantir que a nossa formação continuaria a carburar a todo o gás. Se hoje temos selecções nacionais competitivas nos vários escalões etários, muito se deve aos visionários que permitiram a criação das equipas B.
Após esta longa introdução, chego agora ao ponto que aqui me trouxe. A nossa equipa B teve um objectivo quando foi criada, que não é o de servir como equipa de reservas. Enquanto primeiro palco sénior da nossa formação, a equipa B tem cumprido o seu papel na íntegra: todos os nossas jovens promessas deram ali os seus primeiros pontapés como seniores. Podence, Palhinha, Matheus, Geraldes, João Mário, Rúben Semedo, Hugo Viana, João Moutinho, Quaresma, Cristiano Ronaldo... Por aqui se comprova a utilidade da nossa equipa B. Agora, se usamos a equipa B para contratar jogadores estrangeiros já feitos, usando-a como uma espécie de "ante-câmara" para a equipa principal, então estaremos no caminho certo para a sua extinção. Vejamos os jogadores comprados por BdC no mandado anterior e que foram direitos para a equipa B. De Dramé, Piris, Rabia, Sacko, Sambinha, etc., quem é que nós aproveitámos para a equipa principal?
Uma das principais críticas que PMR fez a BdC durante a campanha eleitoral foi precisamente a excessiva compra de jogadores de qualidade duvidosa, que acabaram invariavelmente na equipa B. É certo que foram jogadores baratos e sem impacto negativo nas nossas contas, mas por causa deles quantos nossos jogadores terão visto a sua entrada tapada na equipa B? Casos como o de William Carvalho, que após sair de júnior andou a rodar no Fátima e na Bélgica sem passar na equipa B, é a excepção que confirma esta regra de ouro: os nossos jovens tem de começar pela equipa B.
Abandonando-se em definitivo o paradigma de que a equipa B poderia ser uma espécie de equipa de reservas do Sporting, estaremos em boas condições de aproveitar as próximas fornadas que agora brilham nas nossas camadas jovens. E manter Luís Martins, que fez nestas últimas semanas um trabalho admirável à frente da equipa.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Crónica de Sábado à tarde

Foi o meu regresso a Alvalade após as eleições, uma vez que tinha falhado o jogo com o Vitória de Guimarães.
O adversário era o Nacional da Madeira, uma equipa em tempos temível, uma das nossas bestas negras, que hoje luta sofregamente pela permanência no escalão maior. Apesar o seu presidente já não ser o Eng. Rui Alves (Quinhentos, para os amigos), não consigo de deixar de sentir algum asco por este clube, principalmente quando me lembro de alguns negócios estranhamente fracassados, como os casos de Rúben Micael ou Candeias. Portanto, estimo bem que esta equipa insular vá parar à II Liga e por lá fique muitos e bons anos (não indo, que seja o Arouca a ir no seu lugar).
O dia era de sol, a hora do jogo propiciava a mais uma enchente de Alvalade. O último jogo em Tondela fazia crescer água na boca. O 12.º jogador compareceu em peso.
Do jogo jogado sinceramente esperava mais. A primeira parte foi interessante qb. Tivemos mais bola, controlámos o jogo, tivemos boas oportunidades para marcar e o adversário praticamente não nos beliscou. A segunda parte, tirando o remate do Alan Ruiz, esteve ao nível do que de pior se fez esta época. Uma equipa sonolenta, a jogar a passo, com percas de bola infantis no meio-campo que só não resultaram em prejuízo maior porque o adversário não dava para mais. Jorge Jesus não surpreendeu nas substituições, meteu e tirou quem se esperava. Quem esperava mais deste jogo terá saído algo desiludido de Alvalade. É certo que a lesão de véspera do Chico Geraldes já não fazia adivinhar grandes surpresas no onze, mas mesmo assim esperava, por exemplo, que Podence começasse o jogo de inicio. O treinador "culpou" as substituições pela quebra de ritmo na segunda parte, o que considero injusto, pois notou-se perfeitamente que toda a equipa abrandou o jogo. Mais uma vez fiquei com a sensação que JJ errou nas palavras usadas, pois ficou no ar a crítica a Podence, o que é de todo injusto.
No final do dia de ontem dei comigo a pensar que mais 5 jornadas assim e ainda teríamos hipóteses de ganhar alguma coisa este ano. Mais uma vez confirmei o evidente, sem os empurrões estratégicos e uma ou outra ponta de sorte, benfica e porto são equipas vulgares, treinadas por medrosos sem carisma. À excepção de um ou outro jogador com mais categoria, não tem plantel superior ao nosso. Não tivéssemos sido claramente prejudicados em 2 ou 3 jogos (no mínimo) e estaríamos perfeitamente na luta pelo campeonato. Espero que na próxima jornada o clássico seja jogado de acordo com o que estas duas equipas tem feito esta época: um jogo com receio de parte a parte, sempre à procura do erro do adversário sem correr riscos, quiçá resolvido nalgum lance fruto de uma má interpretação da equipa da arbitragem.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Futebol 2017/2018 - A direcção desportiva

Nunca mais é Agosto!
Com a actual época praticamente encerrada, e não se vislumbrando uma oscilação da nossa posição na tabela classificativa, importa começar já a pensar no próximo mês de Agosto.
Além do inicio da nova época, em Agosto deveremos dar o pontapé de saída do play-off de acesso à Champions. Teremos muita coisa em jogo logo no início, pelo que é bom que o nosso futebol versão 2017/2018 esteja já a ser preparado.
Comecemos pelo topo. Sem grandes surpresas, Bruno de Carvalho deverá manter a sua directa influência sobre o futebol profissional. Liderará os dossiers principais, como as vendas dos nossos melhores jogadores, bem como as aquisições que necessitarão de mais músculo. Apesar do voluntarismo do nosso presidente, o futebol profissional é demasiado pesado para merecer a sua atenção permanente, quando outras áreas do nosso clube também o necessitam. Quem vai ser o seu braço direito na preparação da nova época, é uma das principais questões do momento.
O nome de André Geraldes parece o melhor posicionado para ser esse braço direito do presidente, o que para mim não é propriamente bom. Sem querer por em causa o seu profissionalismo ou a sua vontade em ajudar o Sporting, tenho dúvidas que André Geraldes seja a solução ideal dos nossos problemas. O cargo de director desportivo é demasiado específico para ser conduzido por alguém sem experiência no futebol profissional. E se há lugar onde precisamos de alguém experiente, competente e capaz é na condução do futebol profissional. Tenho por isso a ideia de que a ser nomeado, André Geraldes será mais um "adjunto" do presidente do que alguém com plena autonomia para gerir a nossa equipa. É curto, pois falta ali alguém que perceba "mesmo" de futebol: quem o tenha jogado, quem tenha olho para ver num miúdo de uma equipa secundária um futuro craque, quem saiba injectar uma dose de motivação no balneário após um desaire.
Nos níveis seguintes, ontem li aqui que Aurélio Pereira será o coordenador do recrutamento e Manuel Fernandes poderá vir a chefiar o scouting do Sporting. É uma ideia que me agrada, pois creio que o nosso antigo capitão tem know-how suficiente para desempenhar essas funções ou, num outro contexto, toda a gestão do futebol profissional. De qualquer das formas, esta é uma área onde ao fim de quatro anos a actual direcção ainda anda a experimentar soluções, pelo que a próxima época ainda será um teste a esta estrutura. JJ tem toda a razão quando diz que neste ponto os rivais tem anos de avanço sobre nós. E aqui estamos mesmo a rolar contra o tempo. Esperemos que agora com bons resultados.
Por fim, deixo aqui uma sugestão. Pedro Madeira Rodrigues esteve bem quando anunciou que uma das lacunas do Sporting seria a falta de alguém no balneário que funcionasse como elo de ligação entre a equipa e a direcção e injecte motivação no balneário. Octávio tem feito esse papel, acumulando com o de director desportivo. Não acreditando eu que o Palmelão continue no Sporting na próxima época, e não sendo André Geraldes experiente nessa matéria, acho que deveríamos chamar alguém para desempenhar esse papel. Alguém que puxe pelos muitos miúdos que vamos lá ter para o ano e lhes diga o que é jogar, sofrer e ganhar com a verde e branca. Alguém que quando vir aquelas pernas a tremer lhes dê um calduço para manter a calma. Alguém que os ponha a cantar o "Mundo sabe que" no balneário antes dos jogos. Obviamente que Delfim não é essa pessoa, mas o Sporting tem um conjunto de antigos jogadores, alguns deles ex-capitães de equipa, com perfil para esse lugar. Logo à primeira lembro-me de Oceano, um grande sportinguista e um exemplo de jogador que deixava tudo em campo. Outros nomes também poderiam ser aproveitados, apesar de agora terem outras expectativas, como Beto  (já deu sinais de se querer lançar no mundo do dirigismo desportivo) ou até Sá Pinto (que me parece que quererá continuar a sua carreira de treinador). 

segunda-feira, 13 de março de 2017

Promessas e certezas

É certo que foi contra o último classificado, mas na primeira volta estivemos a um triz de perder contra eles. E no ano passado bem que podíamos ter chorado depois de termos empatado com este Tondela em casa, pois - quem sabe - se não foram por esses 2 pontos perdidos que não fomos campeões.
Uma goleada é sempre uma goleada. Mas esta deixou-me particularmente satisfeito. Desde logo JJ aceitou aquela tremenda evidência de que se quer começar a preparar a próxima época sem descurar pelo último objectivo desta (o 3.º lugar), devia jogar com quem está motivado. A chamada de Podence ao onze inicial não só era uma evidência com um merecido prémio à forma como o jogador se tem destacado desde que regressou de Moreira de Cónegos. Para mim é claro que Podence irá ser um dos nossos jogadores em destaque no próximo campeonato, fazendo para o ano o que Gelson fez neste. Matheus Pereira, que esta época tem sido pouco utilizado, apareceu no jogo em crescendo. Aquela imagem do JJ a dizer-lhe para jogar como treina é demonstrativa de duas coisas: primeiro, o modo simples como o treinador incentiva o seu jovem jogador, falando de uma forma clara como a água; segundo, o facto de que Matheus Pereira entrou em jogo tenso, tendo ganho confiança ao longo da partida, demonstrando também que precisa de mais minutos para cimentar essa mesma confiança. Matheus é um dos jogadores mais habilidosos que passou na nossa equipa, ainda com imenso potencial para desbravar. JJ tem de apostar mais vezes nele, pois percebe-se que só assim conseguirá fazê-lo explodir. A entrada de Francisco Geraldes a cinco minutos do fim pareceu curta para este nosso jovem e grande jogador, mas vimos ali o suficiente para nos deixar em pulgas nos próximos jogos: garra, ganas de ganhar, habilidade. Talvez ainda seja cedo para entrar já no onze inicial, mas salta à vista de todos que JJ terá de lhe dar mais minutos nos próximos jogos, tal como foi fazendo com Podence.
Não podíamos falar do jogo de Tondela sem frisar o poker de Bas Dost. Não me parecendo que o jogador saia no final da época, salvo uma proposta do outro mundo, os sportinguistas tem mais um motivo para confiar numa época 2017/18 melhor que esta. Apesar de já estar pouco em jogo, percebe-se perfeitamente que o goleador está comprometido e focado no Sporting, o que é excelente.
Outro jogador que teria obviamente de falar era de Iuri Medeiros. Parecia que estava esquecido mas a recente boa exibição contra o Marítimo fez-nos lembrar dele. Quiçá inspirado pela exibição dos seus antigos companheiros, também ele aproveitou esta leva, como que gritando a quem o quisesse ouvir de que ainda está vivo e pronto a servir o Sporting na próxima época. 
Olhando para o jogo de sábado, apesar de todo o contexto favorável à nossa equipa, não podemos de deixar de constatar esta amarga realidade: será que com estes jogadores na equipa principal, estaríamos hoje a 12 pontos do primeiro classificado, eliminados das taças e competições europeias?

quinta-feira, 9 de março de 2017

Rescaldo das eleições III - A Bardamerda

Momento escusado para uns, corolário da vitória para outros, as opiniões sobre o "Bardamerda para quem não é do Sporting" dividem mais os sportinguistas do que a escolha do novo presidente.
Para que fique claro, eu não sou fã deste tipo de discursos, em linha com a conversa das nádegas. Tenho a opinião que Bruno de Carvalho é uma pessoa que gosta de ser sarcástica e irónica. Costuma-se dizer que o sarcasmo é um traço de personalidade inteligente. Não sei se é verdade ou não, mas como eu também gosto de utilizar sarcasmos, sei por experiência própria que é fácil incorrermos em mal-entendidos. Se é porque os nossos interlocutores são menos inteligentes, se é porque na verdade somos umas bestas arrogantes, não sei. O que sei é que aprendi ao longo da vida a ser sarcástico só com pessoas que me conhecem o suficiente para saber quando é que estou a falar a sério ou estou a gozar. Ou quando estou irritado com algo.
Ora, uma coisa é este reles boneco de cinema incorrer em mal entendidos, outra coisa é o Presidente do Sporting. E quais foram os mal-entendidos que daqui ocorreram? Desde logo a conversa xoninhas daquele lampião ou andrade, que com um ar muito casto diz-nos ofendidos que o nosso presidente mandou-o a ele, à sua mulher, à sogra, aos filhos e ao canário - são todos benfiquistas - à bardamerda. Ou seja, o Bruno subiu ao palco, pensou em 7 milhões de pessoas, e mandou-as para a banda de lá. Um estupidez, portanto. Outro mal-entendido daqui criado é que o Presidente do Sporting é um mal-educado. Trata todos mal, desde o presidente do FCP, ao Sr. velhinho do Arouca, à malta daquela discoteca madeirense que foi lá falar como ele, ao Marco Silva, à ex-mulher, etc. Só faltava agora ser mal-educado para 2/3 do país. Quanto até o Paulo Pereira Cristóvão já lhe quer dar lições de bom comportamento, por aqui me fico.
Se Bruno de Carvalho não tivesse recorrido ao sarcasmo ou ironia para o discurso da vitória de 4 de Março, teria dito algo assim parecido: toda a gente veio meter o bedelho (ui, ofensivo!!!) nas eleições do Sporting, mandar palpites e até sondagens aos adeptos dos nossos rivais fizeram. Pois bem, agora enfiem o rabinho entre as pernas (huummm, demasiado ofensivo???) e ide pregar para outro lado. Deixem-nos em paz, o Sporting é nosso, dos sportinguistas!!! Xô galinhas (mais ofensas???), lá para dentro!!!
As pazadas de areia para os olhos dos sportinguistas já começaram a ser mandadas, como sempre pelos imparciais e impolutos jornalistas. Como seria de esperar, reduziram todo o acto eleitoral ao discurso da vitória, não se coibindo inclusivamente de tecer considerações morais sobre BdC.
Há algo de Trumpiano nesta vitória eleitoral de Bruno de Carvalho. À semelhança da eleição americana, também a vitória esmagadora do Bruno foi contra todas as previsões, presságios e anseios da classe jornalística. O que está aqui em causa não é se o Bruno é igual ao Trump, mas sim que eles - os jornalistas - já não tem o poder de moldar as opiniões com dantes. Já não são levados a sério. Preferimos ler o Mister do Café ou o Artista do Dia às patranhas do Jornal de Negócios ou da imprensa desportiva. E é isso que eles não perdoam. E é por isso que eles nos odeiam.  
Bruno, a malta percebeu muito bem o que é que se andou a passar por aqui nestes últimos quatro anos, por isso é que demos aquela monumental chapada de luva branca no dia 4 de Março. Não era preciso tu mandares ninguém à bardamerda, pois nós já tínhamos feito isso por ti horas antes. Não dês mais motivos àqueles jornalistas de cadeira e copy/past para falarem mais de nós. Da próxima vez basta que nos olhes nos olhos e sorrias. Nós iremos perceber e tu perceberás que nós percebemos. E olha, lê o que escreveu o Captomente e mais nada!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Rescaldo das eleições II - E agora Bruno?

Bruno de Carvalho conseguiu o que era mais natural: a vitória. 
Só uma hecatombe, um cataclisma, o fim do mundo em cuecas, afastaria o actual presidente de mais um mandato à frente do Sporting.
E não foi uma vitória sofrível, amarela, de Pirro. Foi uma vitória categórica, expressiva e esmagadora. Um enorme OBRIGADO que os 18 mil e tal sócios deram à actual direcção, com um voto de confiança para os próximos quatro anos.
Passadas que foram as eleições, contados que foram os votos e abertas que foram as garrafas de champanhe, que podemos nós esperar de mais 4 anos de Bruno de Carvalho?
Antes de mais o óbvio: teremos de ser campeões. Foi uma promessa nos últimos dias da campanha, mas mesmo que não o fosse, ela está inerente ao próximo mandato. BdC disse, e bem, que em 2013 apenas poderia prometer dar condições para ser campeão. Agora teria de prometer mais. E tem de o conseguir. Desde logo porque a sua postura combativa não se coaduna com outro resultado que não a vitória do título máximo do futebol português. Depois, é do mais elementar instinto de sobrevivência, pois a partir da próxima época só o campeão português terá entrada directa na Liga dos Campeões. E sem LC, não há €€€.
Mas para ganhar campeonatos, não basta só termos uma boa equipa e treinador, como se viu na época passada. É necessária toda uma máquina por trás a definir o plantel, a blindar o balneário, a empolgar a massa associativa, a defender-se dos agentes externos... Nesta campanha acabou por se discutir mais a estrutura para o futebol de PMR do que a de BdC. O actual presidente continuará a concentrar na sua pessoa o futebol profissional, mas creio ser necessário um director desportivo que faça a ponte da direcção com a equipa técnica, intervenha na compra e venda de jogadores e tenha um papel muito activo na política para a equipa B e formação. Creio que Octávio não encarna esse tipo de dirigente, pelo que terá de ser alguém que venha de fora. Sportinguista e conhecedor dos meandros do futebol. Já se fala em André Geraldes... será este o homem de que necessitamos?
Depois a política comunicacional. Como, quando, quem fala. BdC prometeu recatar-se mais no novo mandato mas, como vimos nos últimos dias da campanha eleitoral e na celebração da vitória, isso é quase como que pedir a um leão que deixe de rugir. Bruno será sempre um alvo apetecível dos midia, pelo que estará sempre exposto. E por muito à-vontade que se sinta nessa pele, BdC tem que ter a noção que essa sua constante exposição acaba por ser um factor de desagrado dos sportinguistas. Ninguém gosta de ver o presidente do seu clube sempre associado a casos, escândalos, ofensas, etc. Por mais falsas e ignóbeis que sejam, a sua constante exposição cansa-nos, pois acaba por atingir também o clube, tornando-se por tabela num factor desmoralizante da massa adepta. Por isso, espero que com a "bardamerda", acabem os discursos das nádegas, do Belfodil, entre outras cenas evitáveis, para bem do nosso Sporting.
Continuação da política de recuperação e fortalecimento das modalidades. A recuperação económica do clube e da SAD. A política de vendas, as comissões dos empresários, o corte com os fundos, a Sporting TV, a rádio, o jornal, etc. etc.
Muito foi feito mas ainda há muito mais por fazer. Mãos à obra, Bruno!

terça-feira, 7 de março de 2017

Rescaldo das eleições I - A derrota do anti-Brunismo

O acto eleitoral de sábado não teve nada que ver com o Sporting ou o seu futuro. O que verdadeiramente foi a votos foi o brunismo contra o anti-brunismo. Com este resultado, quem sai verdadeiramente derrotado não é só Pedro Madeira Rodrigues, mas também os camarotes leoninos desta vida. As personagens que dedicaram os últimos 4 anos a falar mal de Bruno de Carvalho porque sim, tiveram hoje a sua resposta final. Ninguém liga para o que dizem, ninguém os leva a sério, tudo foge deles. 
Certamente que o Camarote Leonino não encerrará portas e irá continuar - quiçá com mais fervor - a sua cruzada anti-Bruno. Não poderão é contar com aquela "certeza" de que falariam por uma maioria silenciosa que nunca se manifestou. O Camarote continuará a fazer as delicias dos adeptos rivais, desejosos que estão de narrativas anti-Bruno. Triste sina a deste blog, que de retrato dos "verdadeiros sportinguistas", acabará em leitura de cordel de anafados lampiões e andrades, cumprindo assim o seu papel de idiotas úteis.
Quanto a Pedro Madeira Rodrigues, estas eleições foram um verdadeiro jackpot. De ilustre desconhecido, passou a sportinguista famoso. O seu anti-brunismo primário, que lhe toldou as vistas durante a campanha eleitoral, abriu-lhe as portas do mediatismo. A nossa comunicação social não gosta de Bruno de Carvalho, e isso vê-se no tempo de antena que cedem a figuras do universo leonino que o criticam. PMR terá a partir de agora também o seu espaço mediático para explorar. Caber-lhe-á apenas a ele decidir o que fazer com essa exposição. Ou torna-se, à semelhança do Camarote, numa espécie de "sportinguista de estimação" dos nossos rivais, ou então interioriza as razões da sua derrota e muda de postura. Parece-me que o candidato derrotado não é daqueles que toma "banhos de humildade", preferindo talvez manter a sua pose altiva. Mas, quem sabe, talvez nos venha a surpreender, despindo o seu fato de anti-Bruno e preferindo enveredar por uma oposição credível, digna, coerente e assertiva.
O anti-brunismo continuará a saltitar por aí, seja levado pela mão da lampionagem e dos andrades, seja pela conveniência mediática. Continuaremos a assistir ao desenrolar de mentiras e deturpações sobre Bruno de Carvalho. Apesar da derrota esmagadora, estes antis não desapareceram da face da Terra, não. Simplesmente deixaram de contar como alternativa séria para o clube.  

segunda-feira, 6 de março de 2017

Como lidar com o empate de ontem

Há duas formas de lidar com o que aconteceu ontem à noite.
- A forma "caga nisso":
Uma das formas, que eu aconselho pois evita problemas cardíacos durante a semana, ataques de raiva no trânsito e insónias à noite, é olhar para o resultado de ontem, encolher os ombros e pensar "caga nisso, pró ano é que é!" ou "que se lixe, o que está perdido, perdido está!". Claro que ontem tivemos uma manifestação esmagadora de sportinguismo, o presidente fez um discurso arrebatador, meio mundo desportivo ainda está espantado com o que lhes mostrámos no sábado. Mas ontem, que mais poderíamos esperar? Se a equipa já não tem aquela cenoura à frente dos olhos para correr, que é a luta pelo campeonato, vão-se motivar como? O Jesus vai inventando tácticas para o próximo ano, o Esgaio vai-se fazendo (???) lateral-esquerdo, o William já está com um pé em Manchester, o Alan perde mais umas gramas... o que interessa é começar a próxima época fortíssimos! Esta já deu mesmo o que tinha a dar, o terceiro lugar é nosso (huuummmm....).
Enquanto passamos os olhos pelo feed do Facebook, gozamos com o facto da lampionagem continuar a falar da equipa que está a 12 pontos, mas nós é que só pensamos neles, nós é que somos os antis, os carneiros, os coreanos, etc. Seguimos com agrado o recital que as nossas camadas jovens estão a passar nos respectivos campeonatos, levando-nos a sonhar num inacreditável "triplete" na formação. Era lindo, depois da comunicação social (bardamerda para eles!) já quase ter encerrado a Academia, este ano ganharmos o campeonato de juniores, juvenis e iniciados. Juntemos mais duas medalhas de atletismo "made in Sporting", a vitória feminina do corta-mato, a vitória no Andebol... E sim, o Bruno disse que íamos ser campeões nos próximos 4 anos, por isso este já não conta. Pensar em como isso vai ser possível... é melhor não, para já. Penssemos nisso lá para o verão.
- A forma "car*?#&/%alho!!! P$#@ que os pariu!!!":
Se já não estão preocupados em ter mais uns 30 cabelos brancos, se aquele sopro que sentem no coração já faz parte da mobília, se até dá jeito ter insónias de noite porque gostam de ver as tele-vendas na TV, então pensem assim: "Catraphonix!!!!! COMO É QUE É POSSÍVEL???? Depois de tudo o que se passou ontem, com os sócios moralizados, o presidente eufórico, o estádio com 40 mil nas bancadas a gritar.... e sai-me esta bosta??????". (Inspira... expira... inspira... expira...).
Pois. Ainda hoje não consigo perceber porque é que não houve uma injecção de adrenalina no balneário, depois dos acontecimentos de sábado. Os jogadores e o treinador foram votar, certamente terão visto a multidão que estava nas filas. Também acredito que tivessem ouvido e lido as notícias na manhã de domingo. No actual contexto classificativo, se haveria jogo em que a equipa teria mil e uma razões para se motivar, ontem era esse o jogo. Parte dos 86% dos votos em BdC também foram votos de confiança no treinador e jogadores. Não percebo como ao fim destes anos todos, pois isto não é de agora, é algo que caracteriza as nossas equipas há já largos anos, ainda haja tanta dificuldade em contagiar os jogadores com a galvanização que emana das bancadas.
Além da atitude amorfa da equipa, também não ajudaram as decisões de JJ. Aquela dupla substituição foi trágica, deixar Podence no banco é ridículo. A forma como partimos a equipa na segunda parte é inadmissível. Não gostei, achei patético, desrespeitoso até, ignóbil. E atenção, que o terceiro lugar não está garantido! E não, nem me passa pela cabeça perder 8 pontos (agora 6) de avanço sobre o Braga.

domingo, 5 de março de 2017

Chapada de Luva Branca

Havia algo que não estava bem.

Naquele grande barómetro que são os cafés de Portugal, não se ouvia um único sportinguista que dissesse "Vou apoiar o Madeira" ou "Com o Rodrigues é que vai ser". Pelo contrário, só se ouvia gabar a forma como o extrovertido Bruno levantou a auto-estima dos sportinguistas, salvou o clube da bancarrota, construiu o pavilhão e meteu a equipa a lutar pelo título. Também se dizia que "Ah, mas ele é desbocado, fala muito, devia estar mais calado!". Mas nunca ouvi ninguém dizer que "Estou farto do Bruno, vou apoiar o outro candidato!".
No trabalho, aqueles sportinguistas com quem bebemos café à segunda-feira de manhã, praguejavam contra a actual época miserável, contra as arbitragens, contra a casmurrice do Jesus. Achavam que "O Bruno por vezes se excedia mas, caramba!, o homem meteu o Sporting outra vez na luta!". Hoje dá gosto ir a Alvalade cantar o "Mundo sabe que!". "E o pavilhão? Dassse!". "E a venda do João Mário e do Slimani?".
Aquele nosso grupo de amigos da escola, de infância, aqueles sportinguistas com quem falamos de futebol desde os anos 70 ou 80, todos lembravam o regresso das modalidades, a luta no ano passado. as noites frias de Alvalade há 4 ou 5 anos e o calor humano que agora por lá se sente. "Bolas, é obra!". Nem aquele nosso amigo sportinguista resmungão, para quem "São todos coxos!" ou "Não jogam o caracol", "Querem é ganhá-lo, correr tá quieto", alguma vez disse "Fdx lá ao Azevedo de Carvalho, vou dar agora a oportunidade a outro!".
Nos jornais, os escribas de serviço vendiam crónicas e peças jornalísticas com mil e uma teorias sobre a divisão que existe no Sporting, a rotura entre os sócios, a atitude do presidente Bruno que só separa, não unifica. Nos espaços de opinião pululavam sportinguistas que repetiam a mesma lenga-lenga, de que estamos num clube dividido, crispado e que após estas eleições ainda mais divididos e crispados ficaríamos. 
Após o debate, onde muitos viram cobardia, fraqueza, embaraço de Bruno de Carvalho, eu vi postura e sentido de estado, com muito pragmatismo à mistura. Onde os jornais, adeptos adversários e alguns croquetes, viram PMR entalar o Bruno, ganhar pontos ou arrancar para a vitória, eu vi vacuidade, cretinice e falta de vergonha na cara.
Para mim era óbvio quem iria ganhar as eleições, e cheguei a ponderar nem perder o meu precioso tempo a ir votar ao estádio. Todos os sportinguistas a quem confidenciei este desabafo avisavam-me dos perigos disso: "Olha, como foi na América, pensavam o mesmo e ganhou o Trump", "Olha os ingleses, ninguém dava nada pelo Brexit e lá vão eles agora de patins". 
Nestes últimos dias a sombra adensava-se. O nosso presidente era um Trump, o nosso lucro era martelado, as eleições iam ser uma tragédia, no dia 5 de março ia começar a guerra civil...

Chegamos ao dia 4 de Março.

Estacionei o carro por debaixo do Alvaláxia, eram quase 11 horas. Vim de manhã, convencido que àquela hora ainda havia pouca gente. Passei pela porta do Directivo e comecei a ver cada vez mais gente, até parar perto da porta 4, onde começava a fila. Olhava para a face dos outros sócios que ali esperavam como eu ou que por ali passavam e reparei em algo extraordinário. Onde contava ver rostos apreensivos, ares preocupados, silêncio, temor, pois o momento do Sporting era grave, deparei-me com olhares de esperança, caras alegres, sorrisos e aquele brilho dos olhos de quem se sente motivado e confiante para um embate. Apesar da espera, que ainda passou os 30 minutos, não se via ali ninguém zangado, aborrecido, preocupado. Estava uma atmosfera estranhamente tranquila, amistosa até. Todos se riam do tamanho da fila, todos falavam do Bruno, não ouvi ninguém dizer "Basta" ou "Quero mudar". Não. E por cada magote cada vez maior de sócios que chegava à fila, mais essa confiança se notava, transbordava e entranhava. Mas não se ouviu um impropério, um insulto, uma palavra feia, fosse sobre o BdC ou PMR ou até dos jornalistas que assistiam atónitos ao que se ali se passava.
À noite ainda ouvi na TV que os 18755 votantes, que constituíram o maior número de votantes numas eleições do Sporting, vieram votar por "medo". Seja lá o que isso for.

Imaginem agora que os 18755 sócios que votaram ontem, mais aqueles cujo voto não foi reconhecido por falhas notariais, eram uma grande mão.
O que se passou ontem foi que essa grande mão calçou uma luva branca, aquela luva branca que o Éder levou para a final do Europeu, e deu uma valente chapada de luva branca em todos aqueles que nestes últimos 4 anos mentiram, omitiram, distorceram, gozaram, com o Sporting, sejam eles jornalistas, opinadores, adeptos rivais, sportinguistas ilustres, croquetes anónimos. E com um sorriso nos lábios, os olhos lacrimejados pela emoção mas já ensonado pelo adiantar da hora, lhes disse baixinho: "Ide bardamerda mais a desunião e a crispação no Sporting!".


sexta-feira, 3 de março de 2017

Primeiro mês de vida

Neste derradeiro dia de campanha eleitoral, gostaria de assinalar a passagem do primeiro mês de vida deste blog.
Ele nasceu da minha vontade de partilhar o que sinto pelo Sporting. E é isto que este blogue é: um espaço onde o adepto e sócio que sou retrata as esperanças, expressa os desejos e desabafa as angústias. Tudo em nome do nosso Sporting Clube de Portugal.
Espero ser lido com o mesmo gosto e prazer que dediquei na sua escrita.

Entretanto, e como o tema das eleições ainda domina as atenções dos sportinguistas, não posso deixar de partilhar esta opinião do Artista do Dia, na qual me revejo integralmente.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Balanço da campanha eleitoral

A menos de 48 horas do início do acto eleitoral, penso que já é possível fazer o balanço da campanha eleitoral dos dois candidatos à presidência do Sporting.
Tal como as campanhas eleitorais para os nossos órgãos políticos, também esta teve a particularidade de ter sido pobre, ficando pela "troca de galhardetes" entre os candidatos e predominando o soundbyte face ao debate de ideias ou projectos.

Contexto eleitoral:
Antes de fazermos o balanço destas últimas semanas, temos de analisar o actual momento do clube. Ao fim de quatro anos de mandato, Bruno de Carvalho pode muito bem apresentar como seus trunfos eleitorais a recuperação económica e desportiva do clube. Da falência inevitável, passamos a clube lucrativo. Renegociámos a dívida com a banca e conseguimos um excelente contrato de patrocínio com a NOS. 
Desportivamente, nestas últimas épocas, a equipa principal de futebol tem estado na luta pelo campeonato. Os sócios e adeptos ainda não esqueceram a última época, onde o campeonato nos fugiu por razões exógenas. Junte-se a isto a recuperação de modalidades históricas do clube, como o andebol e o hóquei em patins, a consagração hegemónica do nosso futsal e o aparecimento bem sucedido do futebol feminino. A cereja no topo do bolo será a concretização do Pavilhão João Rocha, que finalmente debelará uma das lacunas mais preocupantes do nosso clube, que era a falta de um espaço único nosso para as modalidades.
A recuperação dos sócios, o crescimento das assistências no nosso estádio, a onda verde criada em todo o país a que assistimos quando jogamos fora. Tudo sinais de uma vitalidade que há quatro anos julgávamos já irremediavelmente perdida para o nosso clube. Perante a constatação clara e evidente que o nosso clube está melhor em 2017 do quem em 2013, seria muito difícil a qualquer adversário ganhar as próximas eleições ao actual presidente.

Dos candidatos à presidência:
Apesar do mini-tabu, era por demais evidente que Bruno de Carvalho se candidataria ao próximo acto eleitoral. A sua candidatura surpreendeu quem tem vindo a defender que nestes quatro anos se tem assistido à divisão dos sócios. A lista de apoiantes abrange vários quadrantes políticos, sociais e económicos de sócios do clube. A presença de, por exemplo, José Maria Ricciardi na sua comissão de honra é um bom exemplo dessa abrangência: se por um lado a presença deste nome lembra um passado negro recente, por outro lado BdC não quis ostracizar um sócio que, diga-se em abono da verdade, representa um segmento da nossa sociedade do qual ainda necessitamos - a banca.  É este tipo de pragmatismo que espero que BdC empenhe no clube, caso ganhe as eleições. 
Após alguns esboços de reacção, do lado da oposição apenas saiu um nome, o de Pedro Madeira Rodrigues. O candidato surpreendeu inicialmente pela forma motivada como se apresentou aos sócios. Prometeu trabalho, vitórias e uma estrutura "fortíssima" para o futebol. A forma como se soube cercar de uma imprensa "amiga" era um desanuviamento face aos últimos anos de conflito entre o Sporting e a Comunicação Social. Com um currículo profissional competente, PMR parecia ser um nome credível para ser alternativa ao actual presidente.

Decorrer da campanha:
Tendo o duplo prejuízo de ser um desconhecido e ter de correr contra o tempo, PMR tentou logo de inicio puxar pelos focos mediáticos. Agradou-me inicialmente a motivação que empregou nestas eleições, em contraste com algum desgaste evidenciado por BdC. Com o passar do tempo a candidatura de PMR foi perdendo gás. Foi-se percebendo que o seu projecto para o futebol era, afinal, uma manta de retalhos e de terceiras opções. Apesar das boas indicações iniciais e da sua boa prestação no debate com BdC, o candidato acabou por resvalar para o ataque pessoal e por um quase doentio anti-brunismo. Nos últimos dias, a sua campanha entrou numa completa agonia, não parecendo ter capacidade para, sequer, se aproximar de um resultado eleitoral semelhante ao de Bruno de Carvalho.
Bruno de Carvalho soube nestas semanas proteger a sua imagem. Parecendo demasiado defensivo, outras vezes cansado, o actual presidente conseguiu manter algum distanciamento sobre o seu opositor, negando-se a entrar no ataque pessoal. Após o debate televisivo, BdC voltou a usar a sua plataforma favorita - o Facebook - para desferir alguns ataques a PMR. Apesar desta fase mais crispada da sua campanha eleitoral, tal acabou por passar praticamente despercebido aos sportinguistas, pois estes estavam mais entretidos a assistir ao espalhanço do seu opositor. 
Apesar da campanha eleitoral pouco inspirada de BdC (em 2013 esteve muito melhor), acabou por beneficiar da mediocridade da campanha adversária, mostrando que por vezes o silêncio é de ouro (que lhe sirva de lição para o futuro).

Prognósticos para sábado:
À primeira vista, pelo que as redes sociais e os blogs vão reproduzindo, diria que a única dúvida para sábado é se Bruno de Carvalho vai ganhar por muito ou por pouco. Os espaços de opinião tem sido concordantes no que toca ao merecimento do actual presidente em ter mais um mandato à frente do clube. Mesmo os opinadores contra a actual direcção reconhecem que a campanha de PMR ficou aquém das suas expectativas. Mas será mesmo assim no mundo real?
A questão que aqui se põe, e é onde PMR deposita a sua esperança, reside no facto de que os espaços de opinião não constituem uma boa amostra do universo de eleitores. Primeiro, porque quem aí comenta se calhar nem pode votar no sábado. Segundo, atente-se que as novas tecnologias são mais utilizadas por faixas etárias inferiores, logo com menor capacidade eleitoral activa. Creio que tal foi evidente nas eleições de 2011, onde o eleitorado brunista, mais numeroso mas jovem, foi batido pelo eleitorado mais antigo de Godinho Lopes (urnas desaparecidas à parte). Confesso que neste momento não tenho a percepção sobre quem apoiará esse eleitorado mais antigo, pelo que aqui talvez resida a chave da vitória folgada de BdC. Ou da sua derrota.
Uma vitória de PMR será sempre uma grande vitória sua. Já BdC, se não conseguir um resultado expressivo (acima de 60/70% sempre), deverá encara-lo com um aviso à sua navegação. Mas deixarei essa análise para depois de dia 04 de Março.