terça-feira, 30 de maio de 2017

Próxima batalha: o fim das promiscuidades

Surpresa das surpresas, a utilização do video-árbitro na final da Taça de Portugal não resultou em nenhuma catástrofe ou hecatombe. A tragédia anunciada de que o VA iria provocar quebras no ritmo da partida, com inúmeros tempos mortos, como se a verdade desportiva fosse algo acessório em alta competição, afinal não se verificou. Como sempre, no final o Estado Lampiânico virou o bico ao prego e o seu Al-Carnidão, com a bazófia e fanfarronice típica daquela banda, difundiu a mensagem de que com ou sem VA, o vencedor é sempre o mesmo.
Mas não percamos muito tempo com a bazófia carnidense. Afinal, com esta narrativa, estão a passar a mensagem de que o VA não é o Apocalipse do futebol. "Vencendo os mesmos" acabam por desviar o foco na diabolização das novas tecnologias, o que é bom. Acabaremos por ler e ouvir nos próximos dias os "cartilheiros" a pregar isso mesmo, que "o VA era uma arma de arremesso dos rivais, mas que no final ganham sempre os melhores". Ao que eu acrescentaria, "ganham os melhores, sem (tantas) injustiças pelo meio". Em Agosto ninguém estará contra o VA, agora transformado em ferramenta essencial do futebol moderno. Depois disso, logo veremos...
Entretanto o Estado Lampiânico continua a copiar o guião que o Sistema foi utilizando na década de 90 e seguinte. Um dos pontos desse guião era o de emprestar fornadas de jogadores à equipas mais pequenas, de forma a torná-las mais dependentes do grande "pai" porto, logo pouco propensas a criar-lhes dificuldades ao longo do campeonato. Este negócio, a confirmar-se, demonstra cada vez mais o grau de sofisticação atingido pelo Estado Lampiânico. Não só demonstra uma boa capacidade de reacção às adversidades, o que reflecte o seu vigor, como também mostra estar apetrechado com soluções para, à semelhança do Sistema, manter entretidos e junto a si a maior parte dos clubes portugueses.
A adopção do VA, por si só, como atrás se viu, não garantirá a transparência do futebol jogado. Como disse Norton de Matos, se um jogador quiser fazer penalti contra a sua equipa, fá-lo. É certo que a implementação, ainda que embrionária, do VA dissipará alguns erros grosseiros e que custam pontos. No entanto há muito mais no nosso futebol nacional do que o golo mal anulado por fora-do-jogo ou o penalti que não foi assinalado. E será na eliminação das promiscuidades entre equipas de futebol que os nossos dirigentes (do Sporting e não só) terão de se bater nos próximos tempos.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sonhos e desejos

Começa agora o chamado "defeso", aquela altura do ano onde a época já acabou e a pré-época seguinte ainda não começou. Neste espaço de pouco mais de um mês, os jornais aproveitam para comprar e vender carradas de jogadores ao Sporting e outros clubes. Fontes oficiais ou próximas dos decisores garantem que fulano sai por X e beltrano entra por Y. Todos torcem para que as estrelas não sejam vendidas, ou a sê-lo que o seja por valores astronómicos, e entrem craques para as posições mais desfavorecidas.
Fecho os olhos e recordo-me daqueles defesos onde se anunciavam Rijkaard, Pancev, Schemeichel ou Silas, enquanto vendíamos Ronaldo, Simão, Nani ou Quaresma por valores acima da realidade portuguesa. Rijkaard e Pancev não vieram (quer dizer, o primeiro até veio, mas não jogou), mas veio o gigante dinamarquês e o criativo brasileiro. E as vendas, bem vistas as coisas, apesar de alguma euforia criada, não foram tão boas quanto isso.
Para 2017/2018, gostava de ter dois craques nas laterais. Quem vê os jogos ao vivo percebe melhor a falta que fazem dois bons defesas laterais no Sporting. A forma como defensivamente recuperam as bolas ou tapam o seu corredor, enquanto ofensivamente se enquadram no envolvimento do ataque da equipa, com boas desmarcações e centros apimentados. Piccini não me entusiasma, mas espero para ver. Para o lado esquerdo espero ver alguém mais creditado a ocupar a posição. Sim, a qualidade paga-se, mas caramba, Bas Dost também foi bem pago e ficámos a ganhar. Por isso não me chocaria ver o Sporting a desembolsar uma verba acima dos 6 ou 7M€ para trazer um bom lateral esquerdo para a nossa equipa.
O resto do plantel creio que dependerá das vendas que se fizerem. Gelson Martins, William Carvalho, Adrien e Rui Patrício são elegíveis a ser vendidos por verbas irrecusáveis. Ou até Bas Dost. E terão de ser substituídos por jogadores de igual ou maior valia. Aqui só espero que não se repita o que aconteceu no ano passado, quando apenas no último dia de mercado se fechou Slimani e João Mário. A haver uma venda dessas, que seja já esta semana. Não em Agosto.
Já agora, um desejo secreto. Um não, dois. João Mário regressar emprestado a Alvalade. E apesar de depositar muitas esperanças no jovem Gelson Dala, também o regresso de Slimani emprestado. Isso já me faria começar a sonhar.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Adeus 16/17, 17/18 à vista

Ao contrário das previsões mais pessimistas, ontem o Sporting mostrou uma atitude vencedora, na procura dos golos e da vitória, ao contrário dos dois últimos jogos. Muito provavelmente o facto de terem jogado as segundas linhas terá contribuído para isso, pois quem entrou de inicio entrou com vontade de mostrar trabalho e de dizer "Mister, pró ano conte connosco!". Tive pena que Dala e Geraldes não tivessem jogado de inicio, mas fiquei contente pela titularidade de Palhinha, Matheus e Podence. Espero que este quinteto tenha a sua oportunidade de brilhar na próxima época, e que expludam o potencial futebolístico que tem dentro deles. E a este quinteto junto Iuri Medeiros, que espero venha mais maduro e mais concentrado na sua missão, depois de não ter caído no goto de JJ, por, dizem, ter mostrado falta de empenho.
Infelizmente o resultado do último jogo não foi o espelho da época. Entrámos displicentes em muitos jogos, o que nos custou pontos preciosos. É certo que pelo meio, especialmente na primeira volta, também fomos puxados para trás em momentos chave. O jogo da Luz e depois a derrota caseira ante o Braga foi um desses. Nunca saberemos se duas vitórias nesses jogos nos catapultariam para exibições de outro nível. Mas o que veio à tona foi do piorzinho que vimos nestes últimos quatro anos: jogadores descomprometidos com a história do clube, equipa sem entrosamento nem garra, treinador e presidente sem capacidade de reacção... A segunda volta foi um longo arrastar, uma autêntica via sacra, onde salvo uma ou outra exibição mais conseguida, nunca nos aproximamos do brilhantismo da última época. Perante um porto em claro declínio anímico e emocional e um benfica em serviços mínimos, tínhamos a obrigação de ter feito muito mais e melhor.
No campeonato falhámos redondamente a luta pela sua conquista e nem ao segundo lugar conseguimos chegar. No início da próxima temporada iremos pagar esta factura, pois isso irá implicar um inicio de época antecipado, com dois jogos decisivos logo a abrir. E se ficarmos logo arredados da CL, continuaremos este ciclo vicioso de não conseguirmos virar o fraco ranking que temos. Com a nossa espinha dorsal empenhada no mundial de selecções, não se adivinha um inicio de época auspicioso para as nossas partes. É muita coisa em jogo logo em Agosto/Setembro.
Entretanto de Inglaterra chegam rumores de que o City poderá fazer uma proposta irrecusável por William e Gelson. William é um fetiche antigo de Guardiola, pelo que poderá facilmente rumar para lá. Já Gelson acredito que tenha deixado boas indicações em Espanha, pelo que não sei se não virá dali uma proposta... Quanto a Adrien e Rui Patrício, começam a chegar àquela fase da carreira que ou fazem agora o contrato da vida ou vão para a China daqui a 5 ou 6 anos. No caso dos dois acho que o Sporting deveria fazer tudo para os manter. E quando digo tudo, falo em renovar-lhes o contrato com um salário generoso. São os capitães de equipa, são fruto da nossa formação e são ícones do nosso clube. Se há jogadores que se entregam em campo e transpirar a sua camisola, são eles. Vejo Adrien ou Rui Patrício e lembro-me dos antigos capitães do Sporting, como Jordão, Manuel Fernandes, Damas ou Oceano. Referencias não só nossas mas também do futebol português. É daquele tipo de identidade que deveríamos cultivar e preservar. E são estes jogadores que na próxima época servirão de exemplo aos Geraldes, Dalas ou Iuris do nosso clube. Mais do que nunca precisamos de jogadores comprometidos com o Sporting, verdadeiros sportinguistas, que chorem e não consigam dormir à noite depois de perder um jogo. Que mostrem aos novos jogadores que jogar no Sporting não é fácil, é preciso saber sofrer, que este clube por vezes devora os próprios filhos (inacreditável a faixa a Rúben Semedo), mas que por mais anos que não consigamos ser campeões a massa adepta nunca desmobiliza e por isso nos odeiam. Pró ano será mais do mesmo, estaremos constantemente debaixo do fogo das cartilhas e pazadas de carvão dos incendiários do costume. Não seremos salvos pelo video-árbitro, por muito benéfica que seja esta medida. Pelo contrário, tentarão por todas as formas e feitios desmobilizar o nosso balneário e contra isso temos de estar unidos, de fileiras cerradas.
Voltaremos ao tema da próxima época, pois temos ainda quase 3 meses até ao seu arranque. Entretanto não posso deixar de congratular o excelente arranque do futebol profissional feminino, onde acredito que iremos ainda colher muitos frutos. E o andebol, que muitos julgavam já morto, afinal iremos chegar à última jornada a depender só de nós para sermos campeões. É um volte-face espectacular nesta modalidade e espero que, no derradeiro teste, mostremos a verdadeira alma de leão deste clube.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Sinais

Logo após as eleições escrevi algumas considerações sobre o futuro do nosso presidente, então reeleito. Nessas, um dos pontos mais importantes onde bati foi precisamente na sua política comunicacional, que se confunde com a comunicação oficial do clube.
Acho importante que uma instituição como o Sporting, em pleno século XXI, esteja activa nas redes sociais. Considero que as suas contas oficiais no Facebook e no Twitter, que são as que eu sigo mais assiduamente, estão bem geridas na forma e nos temas com que interagem com o público. Servem precisamente para divulgar novidades da vida do clube ou efemérides interessantes (o throwback é uma óptima iniciativa). 
Ao ter a sua conta oficial de presidente do Sporting, Bruno de Carvalho começou logo por gerar equívocos. Poder-se-ia dizer que aquilo que escrevia e opinava só o vinculava a ele e não ao clube. Ora, isso é uma falsa questão. Desde logo porque a conta de Facebook de BdC apresentava-o logo como "Presidente do Sporting". Segundo, essa coisa de dizer que "uma coisa é a pessoa, o cidadão, outra é o cargo que ocupa" é uma treta. No campo mediático, o cidadão Bruno de Carvalho e o Presidente Bruno de Carvalho são vistos e tratados como a mesma pessoa. BdC pode ir de manhã passear o cão em chinelos e beber um galão ao café da esquina antes de vestir a pele a de presidente e ir trabalhar para o estádio. Isso pode funcionar na esfera pessoal e anónima. Agora, na exposição mediática, isso não existe. Daí que o desgaste da imagem do Presidente Bruno de Carvalho no Facebook implica igualmente o desgaste da imagem do Sporting. Foi tarde, 4 anos é demasiado tempo, mas ainda bem que BdC percebeu que o que estava em jogo era a própria imagem do Sporting.
Espero que este não seja o fim mas sim o início da revolução da política comunicacional do clube. Há muitas coisas ainda para alterar. Manter o foco nos temas mais importantes para o Sporting. Não cair na tentação de responder a "moços de recado" ou a "soldados de falange". Não cair na tentação de atacar constantemente e cansativamente o benfica. Como se viu nestes últimos tempos, Isso só levou à martirização do nosso rival de Lisboa. 
Sinal positivo, mas também sinal negativo. A mensagem de despedida de BdC foi muito dura para os adeptos do Sporting e para os seus atletas. Percebo que a actual direcção queira incutir no clube a tal "cultura de exigência" ou "cultura de vitória" que tanto apregoa. Mas a linguagem que utilizou é excessiva e demasiado hostil. A equipa de futsal perdeu o seu primeiro jogo da época numa final para apurar o campeão europeu da modalidade. O resultado foi desniveladíssimo não por desleixo ou negligência do treinador e atletas, mas sim porque a partir de determinada altura tiveram de aceitar correr riscos para inverter os acontecimentos. E esses riscos pagaram-se caro. No futebol também tivemos situações de perda de pontos negligentes da nossa parte. Mas tal também se deveu porque esta época foi pessimamente mal preparada. É bom que BdC reconheça que não se pode sempre culpar o árbitro ou a falta de sorte nas derrotas, mas fica-lhe mal imputar aos adeptos do clube uma cota-parte dos maus resultados, quando esses mesmos adeptos se mostraram intransigentemente ao lado da sua equipa mesmo em alturas muito difíceis da época. E salvo se a próxima época começar a correr muito bem para os nossos lados, duvido que tenhamos as mesmas assistências nos jogos que tivemos esta época.
Por fim a Gala Honoris. Ou Gala Horroris. É certo que a alteração da data não fere nenhuma determinação estatutária, mas a sua alteração por motivos da vida privada do Presidente do Sporting é um tremendo erro. O sportinguista que é apontado como culpado no desaire do clube ao não exigir mais dos seus jogadores e treinadores, vê depois que o seu crítico altera a data de um evento histórico do seu clube por causa de um evento da sua vida pessoal, que podia ter sido marcado para outra altura qualquer. Não é um erro, é uma estupidez de quem pariu uma ideia dessas.
Bruno de Carvalho despede-se do Facebook com a sua pior intervenção de sempre, o que não deixa de ser uma ironia do destino. Enquanto o desporto nacional se entretém com esta novela, o Sporting assegurou a contratação de 3 jogados para a próxima época. Outro sinal positivo, este de preparar a equipa com tempo, discretamente e focado nas necessidades prementes do plantel. 
Esperemos que daqui para a frente sejam muito mais os sinais positivos dados pela direcção.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Manter a sobriedade

Começo com um desabafo: ainda sou do tempo em que os sportinguistas diziam, e com orgulho, que éramos do único clube tetracampeão de Portugal. Hoje não só essa marca já é banal, como nos arriscamos a que daqui a um ano nos digam que somos os únicos a não ser penta... cala-te boca, que dás mau agoiro!
Adiante.
Perante a tragédia que está a ser este final de época, quando até estávamos a fazer uma 2.ª volta melhorzinha, tem-se estado a revelar aquela faceta tão típica nos sportinguistas: uma espécie de depressão, onde tudo o que está no clube é mau e o que está para vir é pior. É uma espécie de sebastianismo mas ao contrário. O sebastianismo acreditava no regresso do malogrado D. Sebastião para libertar a pátria subjugada. Nós acreditamos é na vinda de mais desgraças para o Sporting. E como já li algures na nossa blogosfera, esta época só não é mais trágica que a de 2012/2013 porque desta vez não acabámos em sétimo lugar...
Este fim de semana foi terrível para nós. As derrotas na Feira, no futsal, da equipa B... até a vitória do andebol teve sabor a derrota. Com os nossos vizinhos do lado em êxtase, foi com bastante custo que muitos de nós hoje tiveram de sair de casa para ir trabalhar e enfrentar o resto do mundo.
Com o jogo frente ao Chaves relegado para o mesmo plano que a final de sueca do Clube Recreativo de A-dos-Cãos, começamos já a fazer contas à próxima época. As palavras de JJ no final do último jogo foram mais um preparar de desculpas do que uma afirmação de vontade em preparar uma época radicalmente diferente desta. E se um dos problemas este ano foi a falta de atitude, assusta-me que quem tem o dever de a incutir demonstre (por enquanto) incapacidade em cultivá-la. Que não nos costumamos dar bem com inícios antecipados de época, já o sabemos. Que são muito os constrangimentos em ser um dos principais fornecedores de jogados à selecção, também o sabemos. Que pagamos uma pipa de massa a um treinador para, na medida do possível, tornear esses e outros contratempos, era o que eu gostava. 
Obviamente que precisamos de reforços em algumas posições chave do plantel, como nas laterais da defesa. Precisamos de mais um jogador no meio-campo que faça a diferença, puxe pela equipa, gere intensidade nas transições ou na posse de bola. Alguém para jogar ao lado ou à frente de Adrien. E precisamos também de um segundo avançado ou ponta de lança com faro para golo, que nos faça esquecer os Teos e os Castaignos desta vida. E isto se nenhuma das nossas pedras basilares sair, porque se Adrien, William Carvalho (não este, mas o da época passada), Rui Patrício, Coates ou Bas Dost saírem, terão de ser substituídos por alguém à altura.
Para já, não estou muito entusiasmado com os nossos reforços. André Pinto talvez seja uma boa opção para disputar com Rúben Semedo ou Paulo Oliveira o lugar ao lado de Coates, mas para já não será o "patrão" da defesa. Gelson Dala, pelo que tem jogado na equipa B, será o sucessor natural de Castaignos no plantel principal. Não acredito que JJ desperdice o talento do jovem angolano, a não ser que a pré-época corra muito mal para o avançado (benzo-me repetidamente!!!). Para as laterais, o primeiro nome não me entusiasma. Piccini soa-me demasiado a Schelotto, o que para mim é deprimente. O galgo pode correr muito e tal, mas na prática não é mais do que um Marian Had com jeito para a restauração italiana. A centrar é uma lástima e a defender não é regular. Curiosamente é o mesmo que se diz de Piccini. Quando à outra quase contratação, o filho de Bebeto, pergunto-me se um jogador "jeitozinho" do Estoril é o ideal para ser o dínamo do meio-campo do Sporting. Já nem vou ao ponto de perguntar o que é que este Matheus tem de diferente do nosso Matheus, do Geraldes ou do Gauld, não entro por aí (perdoem-me, mas tenho muitas dúvidas que qualquer um desses jogadores seja hoje uma opção válida para o onze inicial de um candidato ao título português). Se o objectivo era contratar alguém com ADN de estrela, então a escolha foi acertada. Agora se a ideia era injectar dinamismo e criatividade na equipa, mas sem o jogo pausado de Alan Ruiz, tenho dúvidas da utilidade dessa transferência. 
Para já não tenho muitos motivos para ficar entusiasmado com a próxima temporada, antes pelo contrário. Mas apelo a que todos os sportinguistas mantenham um pouco de sobriedade nesta fase da época, onde tudo nos parece mau ou não presta. Esperemos serenamente a preparação do plantel, o início da pré-época e os primeiros jogos amigáveis. Faço cruzes, e lá no fundo acredito, que esta época não tenha passado de um sonho mau, um dia difícil, o passo atrás antes dos três ou quatro à frente.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Amigos como dantes?

De repente voltámos a ser amigos.
Havia algo de romântico em continuarmos sós contra o mundo. Se bem que no futebol português o mundo resume-se a Sporting, benfica e porto. Os outros, tirando um ou outro clube com mística mais bairrista (Vit. Guimarães, por exemplo), limitam-se a seguir o clube mais poderoso do momento, esperando com isso comer algumas das migalhas que lhes atiram.
Éramos nós contra o Sistema e o Estado Lampiânico. Nós contra as nádegas. Contra o papa e o orelhas. Contra os corruptos, os wanna be, as frutas, os cafés com leite, os vouchers e as cartilhas. Éramos nós contra os amigos dos fundos e do Jorge Mendes. 
Éramos como aqueles cavaleiros medievais que salvavam donzelas dos perigos ou aqueles pistoleiros do Oeste que defendiam aldeias contra os bandos de malfeitores. E eu gostava desse papel que nos coube, pois como diz o ditado, "Antes quebrar que torcer". 
Dirão alguns, ou muitos, que a recente aproximação de Sporting ao porto não é mais do que a vitória do pragmatismo. Churchill teve de se aliar com Estaline contra Hitler, e os americanos apoiaram os mujahedins (futuros talibãs) contra o inimigo comum soviético. "É a política, estúpido!", dir-me-ão.
Eu gosto de Política, daquela política a sério, levada a cabo por Homens fieis às suas convicções e focados no seu objectivo, de preferência um objectivo de bem comum. E com visão de estado, que saibam interpretar não só os sinais imediatos como aqueles que virão a médio e longo prazo. Os livros de História estão carregados de personalidades que se revelaram políticos extraordinários e cujas acções mudaram o mundo. Churchill foi um deles. Antes dele, um titubeante Chamberlain foi a Munique celebrar uma paz com Hitler, que mais não foi do que um compasso de espera para o inicio da 2.ª Guerra Mundial. O primeiro focou-se num objectivo imediato, de derrotar o inimigo nazi. O segundo, mais preocupado em evitar a guerra, não leu os sinais evidentes de que os nazis iriam, mais mês, menos mês, começar com a sua guerra de conquista e extermínio mundial.
Salvo as devidas proporções, este reatar de relações este Sporting e porto soa obviamente a aliança com o objectivo de derrubar o inimigo comum. Aparentemente o momento até seria propício para nós. Embora a péssima época que estamos a fazer, no cômputo geral destes últimos quatro anos, assistimos a um declínio portista e a um incremento sportinguista. Significa isso que estamos melhor que o porto? É que uma aliança destas só faz sentido se o nosso aliado for inferior ou se tivermos a certeza que no futuro o conseguiremos ultrapassar. Churchill tinha noção que a URSS, apesar do seu poderio, soçobraria perante uma futura aliança ocidental, por isso não temeu em aliar-se a ela no momento. Que Bruno de Carvalho estará obcecado em tornar o Sporting no lado forte desta aliança, não tenho a mínima dúvida. Mas terá ele os meios necessários para o fazer? E o porto estará assim tão cambaleante para aceitar ser o lado fraco da aliança? Não estaremos, como Chambarlein, a subestimar o nosso "campagnon de route"?
Eu ainda me lembro dos resultados que estas aproximações do Sporting ao porto geravam. Sim, recebemos o Rui Jorge (que jeitaço nos dava agora), mas pouco mais. O nosso papel acabou por se reduzir a uma espécie de muleta do porto, com perda de poder competitivo, cuja consequência foi o nosso desaparecimento desportivo a partir da época de 2009/2010, cuja factura ainda estamos a pagar. Por isso sim, estou muito, mesmo muito, preocupado com este cenário. Oxalá me engane.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

De que valerá o video-árbitro na próxima época?

Com a tragédia de domingo, poucos se terão dado conta, ou se o deram nem tiveram tempo para o celebrar, das últimas alterações ao quadro competitivo do futebol profissional.
Uma das alterações, que significará a uma mudança radical na forma como vemos futebol, é a introdução do video-árbitro. A curto prazo provavelmente veremos o fim do fora-do-jogo duvidoso, as simulações dentro da área irão ser drasticamente reduzidas, as faltas dentro da área serão praticamente todas assinaladas e por fim saberemos se a bola ultrapassou totalmente ou não a linha de golo. É certamente o maior avanço civilizacional do futebol, desde que foram introduzidas as substituições e os cartões amarelos e vermelhos. E uma alteração destas originará necessariamente um futebol melhor, pois torna-o mais verdadeiro o honesto. Obviamente que o período inicial de implantação do video-árbitro terá de ser de adaptação, pelo que talvez as coisas não comecem logo bem, mas é uma alteração que tem tudo para melhorar por completo o futebol jogado.
Outra alteração que nos foi anunciada agora é a da publicação dos relatórios dos árbitros após o jogo que apitam. Aqui a medida ainda tem algumas arestas para limar, como o Mister do Café aqui descreveu. Mas a introdução do princípio em si é já de louvar, esperando eu que se estenda também ao relatório dos observadores. 
Eu por natureza sou um optimista, e acredito sinceramente no progresso da Humanidade, bem como dos mecanismos que ela própria cria para regular a vida em sociedade. No caso concreto do futebol profissional tuga, acredito que estes mecanismos para tornar os seus meandros mais transparentes resultarão num jogo mais limpo, onde o vencedor final será o que tiver mais mérito.
A concretização destas medidas é uma vitória de todos aqueles que nestas últimas épocas se bateram por elas, incluindo Bruno de Carvalho. Se na época passada estas medidas já tivessem implantadas, se calhar tínhamos sido campeões. E esta época teria sido também ela diferente, pois não nos podemos esquecer que em determinada altura, com arbitragens isentas, estaríamos numa posição mais confortável daquela para onde acabaram por nos relegar. É portanto uma vitória nossa, apesar dos defensores do video-árbitro que apareceram à última hora a apoiar o seu aparecimento.
De certo modo, nas últimas 4 épocas, nós sportinguistas temos verificado que as nossas classificações finais são um pouco fruto de decisões erradas de arbitragem. Mas também temos de admitir que, tirando a última época, a nossa equipa principal anda desfasada daquilo que os sócios e os adeptos esperam dela. O que aconteceu no último domingo, apesar de numa amplitude menor, tem acontecido amiúde nestas últimas épocas: em momentos onde precisávamos de espírito guerreiro, alma e coração leonino, temos claudicado. 
Não podemos atirar todas as culpas para cima da arbitragem, quando caímos no nosso próprio estádio perante uma equipa que vinha de sete derrotas seguidas. Ou quando não conseguimos ganhar jogos aos últimos classificados do nosso campeonato. Há perdas de pontos que simplesmente não podem acontecer, mesmo jogando contra 12 ou 14. Por exemplo, na época passada formos prejudicados em casa com o Tondela. Mas a forma como nos deixámos empatar nos minutos finais desse jogo é imperdoável. O video-árbitro pode evitar o escândalo que se passou nesse jogo, mas não evitaria as fífias finais do Ewerton e do Jefferson no golo do empate.
Temos neste momento a noção de que a próxima época ditará, à partida, resultados mais justos face à produção das equipas em campo. Por isso precisaremos de ter um plantel muito mais forte do que este, com a classe do de 2015/2016 e a combatividade de 2013/2014. É bom que Bruno de Carvalho e o treinador tenham perfeita noção disso. Para mostrarmos que com um bom plantel, ao nível ou superior ao dos nossos rivais, e sem manigâncias ou maroscas, temos perfeitas condições para sermos campeões. Ir na próxima época a jogo com uma coisa ao nível desta época, além de muito dificilmente conseguirmos ganhar algo, ainda seremos o alvo da chacota e daqueles profetas de pacotilha, que dirão algo como "Vêem como o vosso problema não era com os árbitros mas sim com vocês próprios???".
2017/2018 tem de ser o ano do leão. Temos de construir uma equipa que saiba ter a classe, a concentração e a raça para ganhar todos os jogos. E com jogadores e equipa técnica que olhem para as bancadas antes dos jogos e saibam que não tem outro caminho senão o de deixar tudo em campo para conquistar os 3 pontos. 

domingo, 7 de maio de 2017

A triste crónica de um desastre

Estou chateado, irritado, furioso. Só me apetece dizer que são todos uma merda, do presidente ao apanha-bolas, da secção de chinquilho à equipa técnica da equipa principal de futebol. Que isto é tudo uma desgraça, hão-se passar-se mais 15 à seca e... e... (expira, inspira, expira, inspira).
Billy, acalma-te! Arruma as ideias, a tua filha de 5 anos foi hoje à bola e adorou, mesmo tendo ficado a pensar que ganhamos o jogo. Calma caralho, tudo tem uma explicação, não vamos agora mandar pedras ao presidente, ao treinador e à equipa... não vamos , pois não Billy???
Bem, por onde é que eu vou começar? Comecemos então pelo inicio.
Já à muito tempo que não assistia a um jogo disputado do principio ao fim à luz do dia. Em Agosto vemos alguns começar à tarde mas no final lá se acendem as luzes da iluminação. Hoje não, era tudo ao natural, o que me relembrava os velhos anos 80 e 90 na curva sul ou na bancada nova.
O jogo prometia. Lotação esgotada, muitas crianças e senhoras prontas para assistir ao jogo. Eu decido levar a minha filha pela primeira vez à bola hoje. A hora é favorável, o jogo não conta para muito, o ambiente era previsivelmente de festa. Era uma espécie de festa de final de época antecipado. Festa sim, porque eu ainda sou do tempo de no final da época, mesmo quando acabávamos em quarto, o ultimo jogo ser sempre de festa com a clássica invasão de campo no final.
Antes do inicio do jogo, todo este quadro florido começou a ficar sombreado. A equipa inicial era uma desilusão. JJ chamou Matheus Pereira para o onze inicial, mas o seu gosto pelo risco ficou-se por aqui. Brian Ruiz e Bruno César, completamente desinspirados relegaram Geraldes para o banco. Como era previsivel, até pela lista de convocados, nem mais uma repescagem na equipa B, como Gelson Dala ou Empis. Nem Esgaio mereceu uma oportunidade.
O jogo foi do pior que se viu nesta época. Sem chama, sem vontade, sem jogo de cintura. Gelson Martins e Podence foram ausências mais do que sentidas. Não há mais ninguém capaz de fazer o que eles fazem. Matheus andou perdido, Brian arrastou-se, Bruno César passou por ali (aquele canto marcado onde acerta no defesa do Belenenses que cobre a bola é duma falta de jeito incrível). Dost creio que acaba o jogo sem uma oportunidade de jeito para marcar.
Na segunda parte, mais do mesmo. Há um golo, uma coisa rara esta época, pois nasce de uma oferta do guarda-redes Ventura que Bruno César aproveita. Depois dessa jogada, veio o desastre propriamente dito. Castagnos e Campbell entram em campo e lembram aos milhares de sportinguistas a desgraça que foram as aquisições de verão para esta época. O primeiro falha escandalosamente um golo isolado e o segundo correu e rodopiou com a bola várias vezes... para nada. A entrada de Geraldes com a equipa empatada, obrigando o miúdo a ter de carregar a equipa às costas, é de uma crueldade absurda para com este jovem jogador.
A história dos três golos do Belenenses é algo fabuloso. O Belenenses terá feito 4 ou 5 remates à baliza em todo o jogo. O primeiro golo nasce de uma grande penalidade que lembra a falta de William em Guimarães que também deu penalti: é de uma indigência profissional tremenda, pois é inaceitável que profissionais do Sporting concedam faltas desse género para penalti. Dos outros dois golos, tenho as seguintes coisas a dizer:
- A facilidade com que se marcam faltas contra o Sporting naquela zona do terreno, face à tremenda dificuldade de marcar faltas a favor do Sporting nessa mesma zona;
- A facilidade como equipas medianas (não pareceu, mas o Belenenses é uma equipa mediana) criam perigo e fazem golo nesse tipo de lances, face à dificuldade demonstrada pelo Sporting para aproveitar bolas paradas no último terço do terreno;
- O facto do lance dos golos serem iguais (bolas ao segundo poste) e a forma como a equipa é comida da mesma maneira em 3 minutos é assombroso e explica o porquê de nesta altura já estarmos a 11 pontos do líder, com mais do dobro de golos sofridos que os seus rivais da frente;
Quando saí do estádio hoje, senti algo que já não sentia desde a última época de Godinho Lopes. Senti aquela frustração de quem quer acreditar mas não consegue. Nestas últimas 4 épocas perdemos e empatámos jogos também, mas no final ficava com uma sensação de raiva, mau-perder ou azia, porque sabia que aqueles tinham sido pontos mal perdidos e que a equipa podia fazer melhor ou que não nos deixaram ganhar o jogo. Hoje não foi assim. Saí do estádio frustrado com o meu conformismo, pois o que ali vi só dava para uma desgraça assim. Lembrei-me das derrotas no tempo de Paulo Sérgio, Vercauteren ou Sá Pinto. Um estranho e terrífico conformismo da banalidade da nossa equipa.
De JJ já disse o que espero dele para a próxima época, e imputo-lhe uma parte generosa do descalabro desta época, De Bruno de Carvalho espero menos Facebook, menos tristes figuras do que fez depois do jogo (sim, porque ele também tem culpa de que tenhamos um Castagnos no plantel) e melhor trabalho na próxima época.
E atenção ao Vitória de Guimarães. Nem se atrevam a deixá-los aproximarem-se de nós.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

2017/18: Época decisiva para JJ

Parece impossível, mas se o Sporting conseguir vencer o próximo jogo, ainda terá matematicamente hipóteses de ser campeão, mesmo que por umas horas. Mas realisticamente falando, uma vitória frente ao Belenenses garante-nos, pelo menos, o play-off da Liga dos Campeões.
É pouco por uma época onde as expectativas iniciais eram bem mais altas. Na Liga dos Campeões, só com um sorteio muito favorável poderíamos aspirar ao apuramento para os oitavos de final. Mas o 3.º lugar era um objectivo mais do que alcançável pela nossa equipa, pelo que a nossa eliminação prematura das provas europeias não pode ser encarada de outra forma que não a de um tremendo fiasco.
Nas taças também podíamos ter feito muito mais. Na de Portugal fomos eliminados num dos terrenos mais difíceis da Liga, é certo, mas sem ter jogado a ponta de um chavo. Na da Liga, apesar da habilidade da arbitragem, também poderíamos ter feito muito mais do que fizemos. Comparemos esse jogo com a visita a Setúbal para o campeonato. Dois tremendos fiascos.
Por último, a competição mais importante. Esperava um campeonato diferente deste, apesar de ter as expectativas mais baixas do que a maioria dos sportinguistas. A indefinição da continuidade de pedras basilares da equipa, como Slimani, João Mário ou Adrien, adivinhavam um arranque complicado para o leão. Apesar do nosso capitão ter ficado, percebeu-se no inicio que o plano para a ausência dos primeiros era inexistente. Comprou-se Bas Dost, é certo, mas o holandês demorou a encaixar no modelo de jogo. Markovic, Campbell e Elias, apesar das expectativas criadas, não foram capazes de catapultar a equipa para um nível superior de qualidade. Os laterais revelam-se desde inicio problemáticos (João Pereira, o melhor, foi incompreensivelmente vendido). Os jogadores da formação despachados para outras equipas da Liga. O resultado foi uma primeira volta assustadoramente frágil, com perdas de pontos inacreditáveis. A segunda volta foi melhor, é certo, mas insuficiente para recuperar das asneiras cometidas antes.
Os nossos dois rivais também contribuíram para o agravamento do nosso desaire interno. O benfica, ao contrário do que eu esperava, não quebrou. Esperava que as fragilidades do plantel encarnado habilidosamente escondidas na época passada ficassem agora mais à vista. Isso não aconteceu, continuaram a ganhar os jogos aos repelões e tropeções, não sem as ajudinhas do costume. O porto, cujo plantel não me parecia (e continua a não me parecer) equilibrado para ganhar o campeonato, revelou-se afinal como uma equipa de garra. Essa garra serviu para disfarçar as debilidades do plantel, relançou a equipa na discussão do campeonato e só por falta de sangue-frio nos momentos chave é que não estão em primeiro lugar. Mas diga-se também, em abono da verdade, que o relançamento dos azuis e brancos deveu-se igualmente a algumas ajudinhas externas à equipa.
A próxima época será decisiva para Jorge Jesus. O treinador foi decisivo na nossa boa época de 2016/17, mas nesta está completamente associado ao desastre. E se para o ano queremos voltar a lutar pelo título lá no cimo da tabela, precisaremos do melhor JJ para conduzir os nossos jogadores à vitória. Do JJ que prepara exaustivamente o posicionamento da equipa, que exige intensidade de jogo, que percebe qual o melhor jogador para aquela posição. Não do JJ dos mind-games e das mudanças de chip.
É agora ou nunca, Jorge!

terça-feira, 2 de maio de 2017

Modalidades: o presente e o futuro

Se me perguntassem se na próxima época preferia ser eliminado da Liga dos Campeões logo no play-off ou chegar à final e levar 7-0 do Barcelona, eu responderia que preferia ir à final. 
É uma conversa de merda, bem sei, mas é algo que teremos de analisar e opinar nas próximas semanas: a aposta desta época nas modalidades foi positiva, assim-assim ou negativa?
Começo pelo óbvio futsal. Partindo do princípio que seremos campeões nacionais, pois somos de longe a melhor equipa do campeonato, como ficará a fotografia final após a derrota do passado domingo? Fizemos um mau jogo, em contraste com o bom jogo feito na meia-final. Mas chegámos lá à final, fomos vice-campeões europeus e a amplitude dos números é enganadora. Sofremos 7 golos porque a determinada altura do jogo tivemos de ir para a frente e correr riscos. Como dizia o comentador do jogo, é algo que nos últimos tempos desconhecemos, que é estarmos a perder por muitos e termos de arriscar tudo para inverter o resultado. Também aqui se paga o facto de sermos oriundos de um campeonato pouco competitivo, onde o nosso principal rival tem decaído de nível, ao contrário do que se passa em Espanha. É certo que a aposta no plantel desta época permitia-nos sonhar mais alto e que em função disso as expectativas levantaram-se. Mas, caramba!, não podemos agora embandeirar por um discurso derrotista só porque perdemos a final da principal prova europeia de clubes. É nestas alturas que temos de ter nervos de aço, respirar fundo, analisar a prova, mudar o que correu mal e conservar o que correu bem. Tal como as grandes descobertas da ciência, também aqui temos de chegar lá por tentativa e erro. Logo agora que iremos usufruir do nosso novo pavilhão, era impensável retroceder o caminho daquela que é, neste momento e de longe, a nossa melhor modalidade de pavilhão.
Depois do futsal, o andebol. Aqui, em vez da prova nacional, que me parece já algo improvável de conquistar, temos boas hipóteses de repetir a vitória na taça Challenge. Uma vitória numa prova europeia de clubes também é algo que não pode ser desprezado, pelo que a sua vitória terá sempre impacto na forma como faremos o balanço ao nosso andebol. Modalidade onde em tempos liderámos o palmarés, é o espelho da indigência que nos dirigiu nos últimos 20 anos. Se havia modalidade onde teríamos sempre que ter brio era esta, porque éramos lideres. Entretanto fomos ultrapassados por porto, benfica e ABC, pelo que quando recomeçámos a aposta na modalidade quase que começámos do zero. Nestas 3 últimas épocas recuperámos algum do nosso prestígio na modalidade, com vitórias na taça de Portugal e uma maior luta pela conquista do título. Esta época, face ao reforço da equipa, tínhamos esperanças em algo mais. A forma como perdemos os jogos decisivos, especialmente o jogo em casa com o porto, foi tremendamente desmotivador. Também aqui temos de manter os nervos de aço, e analisar bem o que se passou de errado. Se queremos voltar a liderar nas modalidades, temos de acarinhar aquelas onde o nosso palmarés é mais forte. E o andebol é uma delas.
O hóquei em patins também vai fazendo o seu caminho de afirmação. Sem o show-off do futsal ou as expectativas do andebol, esta modalidade vai crescendo e amadurecendo, num campeonato onde já lá estão porto e benfica fortíssimos. Aqui temos todos a noção que ainda é cedo para se exigir mais do nosso hóquei. Esperemos pelas próximas épocas para vermos se podemos sonhar mais alto ou não.
Isto no dia onde se fala no possível regresso do voleibol ao Sporting, estupidamente extinto dois anos depois de sermos campeões nacionais. Louvo o empenho desta direcção, no ano em que teremos o novo pavilhão, em fazer renascer aquele velho espírito ecléctico que caracterizava o nosso clube. Mas temos de ter consciência que não podemos chegar e conquistar logo tudo de uma vez. O que se passou esta épcoa com o futebol feminino é uma excepção, não é a regra no mundo do desporto. Há um caminho longo para se fazer e é nestas alturas que as direcções, os associados e os adeptos mais tem de estar juntos e em uníssono apontarem as setas para o objectivo final: fazer do Sporting a referência do desporto nacional, como foi em tempos.