domingo, 7 de maio de 2017

A triste crónica de um desastre

Estou chateado, irritado, furioso. Só me apetece dizer que são todos uma merda, do presidente ao apanha-bolas, da secção de chinquilho à equipa técnica da equipa principal de futebol. Que isto é tudo uma desgraça, hão-se passar-se mais 15 à seca e... e... (expira, inspira, expira, inspira).
Billy, acalma-te! Arruma as ideias, a tua filha de 5 anos foi hoje à bola e adorou, mesmo tendo ficado a pensar que ganhamos o jogo. Calma caralho, tudo tem uma explicação, não vamos agora mandar pedras ao presidente, ao treinador e à equipa... não vamos , pois não Billy???
Bem, por onde é que eu vou começar? Comecemos então pelo inicio.
Já à muito tempo que não assistia a um jogo disputado do principio ao fim à luz do dia. Em Agosto vemos alguns começar à tarde mas no final lá se acendem as luzes da iluminação. Hoje não, era tudo ao natural, o que me relembrava os velhos anos 80 e 90 na curva sul ou na bancada nova.
O jogo prometia. Lotação esgotada, muitas crianças e senhoras prontas para assistir ao jogo. Eu decido levar a minha filha pela primeira vez à bola hoje. A hora é favorável, o jogo não conta para muito, o ambiente era previsivelmente de festa. Era uma espécie de festa de final de época antecipado. Festa sim, porque eu ainda sou do tempo de no final da época, mesmo quando acabávamos em quarto, o ultimo jogo ser sempre de festa com a clássica invasão de campo no final.
Antes do inicio do jogo, todo este quadro florido começou a ficar sombreado. A equipa inicial era uma desilusão. JJ chamou Matheus Pereira para o onze inicial, mas o seu gosto pelo risco ficou-se por aqui. Brian Ruiz e Bruno César, completamente desinspirados relegaram Geraldes para o banco. Como era previsivel, até pela lista de convocados, nem mais uma repescagem na equipa B, como Gelson Dala ou Empis. Nem Esgaio mereceu uma oportunidade.
O jogo foi do pior que se viu nesta época. Sem chama, sem vontade, sem jogo de cintura. Gelson Martins e Podence foram ausências mais do que sentidas. Não há mais ninguém capaz de fazer o que eles fazem. Matheus andou perdido, Brian arrastou-se, Bruno César passou por ali (aquele canto marcado onde acerta no defesa do Belenenses que cobre a bola é duma falta de jeito incrível). Dost creio que acaba o jogo sem uma oportunidade de jeito para marcar.
Na segunda parte, mais do mesmo. Há um golo, uma coisa rara esta época, pois nasce de uma oferta do guarda-redes Ventura que Bruno César aproveita. Depois dessa jogada, veio o desastre propriamente dito. Castagnos e Campbell entram em campo e lembram aos milhares de sportinguistas a desgraça que foram as aquisições de verão para esta época. O primeiro falha escandalosamente um golo isolado e o segundo correu e rodopiou com a bola várias vezes... para nada. A entrada de Geraldes com a equipa empatada, obrigando o miúdo a ter de carregar a equipa às costas, é de uma crueldade absurda para com este jovem jogador.
A história dos três golos do Belenenses é algo fabuloso. O Belenenses terá feito 4 ou 5 remates à baliza em todo o jogo. O primeiro golo nasce de uma grande penalidade que lembra a falta de William em Guimarães que também deu penalti: é de uma indigência profissional tremenda, pois é inaceitável que profissionais do Sporting concedam faltas desse género para penalti. Dos outros dois golos, tenho as seguintes coisas a dizer:
- A facilidade com que se marcam faltas contra o Sporting naquela zona do terreno, face à tremenda dificuldade de marcar faltas a favor do Sporting nessa mesma zona;
- A facilidade como equipas medianas (não pareceu, mas o Belenenses é uma equipa mediana) criam perigo e fazem golo nesse tipo de lances, face à dificuldade demonstrada pelo Sporting para aproveitar bolas paradas no último terço do terreno;
- O facto do lance dos golos serem iguais (bolas ao segundo poste) e a forma como a equipa é comida da mesma maneira em 3 minutos é assombroso e explica o porquê de nesta altura já estarmos a 11 pontos do líder, com mais do dobro de golos sofridos que os seus rivais da frente;
Quando saí do estádio hoje, senti algo que já não sentia desde a última época de Godinho Lopes. Senti aquela frustração de quem quer acreditar mas não consegue. Nestas últimas 4 épocas perdemos e empatámos jogos também, mas no final ficava com uma sensação de raiva, mau-perder ou azia, porque sabia que aqueles tinham sido pontos mal perdidos e que a equipa podia fazer melhor ou que não nos deixaram ganhar o jogo. Hoje não foi assim. Saí do estádio frustrado com o meu conformismo, pois o que ali vi só dava para uma desgraça assim. Lembrei-me das derrotas no tempo de Paulo Sérgio, Vercauteren ou Sá Pinto. Um estranho e terrífico conformismo da banalidade da nossa equipa.
De JJ já disse o que espero dele para a próxima época, e imputo-lhe uma parte generosa do descalabro desta época, De Bruno de Carvalho espero menos Facebook, menos tristes figuras do que fez depois do jogo (sim, porque ele também tem culpa de que tenhamos um Castagnos no plantel) e melhor trabalho na próxima época.
E atenção ao Vitória de Guimarães. Nem se atrevam a deixá-los aproximarem-se de nós.

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