segunda-feira, 31 de julho de 2017

Balanços da pré-época

A uma semana antes do inicio oficial das competições, eis que voltamos a ser novamente candidatos a vencer a Champions League, fruto da última vitória da nossa equipa em Alvalade. 
Foi uma pré-época de altos e baixos. No Algarve começámos com um empate frente ao Belenenses, seguindo-se depois uma vitória na Suiça diante o Fenerbaçe. Quando alguns já viam o esboço de uma equipa galáctica, disposta a limpar tudo o que era troféu nos quatro cantos deste mundo, eis que duas derrotas frente a Marselha e Basileia nos lançou para um abismo profundo. O abismo durou uma semana e basicamente nesses dias ninguém prestava, desde o defesa direito, passando pelos pernetas do meio-campo, os marrecos do avançado, os tuberculosos dos defesas centrais, até ao Paulinho e à senhora da limpeza. A vitória em casa frente ao Mónaco devolveu-nos nova lufada de euforia, travada estrondosamente num jogo de experiências mal conseguidas em Rio Maior. Após nova fase de depressão, regresso às vitórias e à esperança de um bom arranque de época. Foi mais ou menos isto.
Pelo caminho, o tal que prefere sul-americanos aos "Manéis" de Alcochete, parece apostado em lançar Podence no onze base e Iuri Medeiros como opção válida nas alas. 
Está tudo bem? Claro que não. Era impossível estar tudo bem nesta fase da época. Mas salvo raras excepções, olhamos para os nossos jogadores, em especial para quem chegou este ano, e ficamos com a sensação que estão todos a evoluir, em fase de crescendo. Piscinni não é perneta, Coentrão e Mathieu não são tuberculosos, Bataglia não é marreco. E no dia 6 acredito que estarão melhor do que estiveram sábado passado.
Se para quem chegou estou muito esperançado que sejam bons reforços para a equipa, dos que vieram do ano passado tenho dúvidas de alguns. A começar em Alan Ruiz, que pela forma como acabou a última época parecia ter tudo para se afirmar este ano. Pelo que vi na pré-época, Alan Ruiz foi uma tremenda decepção. Lento, errático, sem acutilância, está neste momento a anos-luz de Podence ou até de Doumbia. É impossível continuar a insistir no argentino se ele não conseguir dar mais do que isto. E mesmo o melhor Alan Ruiz da época passada é pouco para um meio-campo/ataque de uma equipa com aspirações para conquistar o título. Pergunto-me se não seria melhor despachá-lo para outras paragens, uma vez que parece ter mercado à sua espreita.
Outros jogadores que vieram da época passada e que olho com alguma prudência são os nossos internacionais. Não que a sua qualidade esteja em causa, mas sim se não estarão já a caminho de outros campeonatos. O mês de Agosto vai ser longo e até às 24 horas de 31 muita água vai passar pela ponte. Do vejo, parece-me evidente que a relação de Adrien com o Sporting é de alguém que já se está a despedir e a fazer as malas para outro lugar. É perfeitamente justo para o nosso capitão, pois está no limite para dar o salto para um grande campeonato. Além de que acho que a sua ausência tem sido testada e com resultados aceitáveis na pré-época. Entre Gelson, Rui Patrício ou William, este último também se perfila na iminência de sair. O William da época passada não me deixa grandes saudades. Não foi o mesmo jogador de há dois ou três anos. Não vou aqui tentar adivinhar porque motivo na última época jogou de forma tristonha, por vezes apática ou cansado. Desse William não temos grandes saudades. Mas do William que corre, ganha bolas, lança ataques e passes longos, esse sim, faz-nos falta e não temos que o substitua à altura. Se William ficar mais um ano, espero que volte ao que era no primeiro ano de JJ no Sporting. É daquele tipo de jogadores que influencia qualitativamente uma equipa, para ser campeã. 
Uma última palavra para a pré-época realizada pelos nossos rivais. O benfica tem demonstrado o que já se esperava, dificuldades na defesa depois de ter perdido o seu guarda-redes, o lateral direito e um central. Quem está ou veio não tem claramente a qualidade de quem saiu, pelo que estou curioso de ver o impacto dessas mudanças nos seus primeiros jogos da época. Se o Vitória de Guimarães jogar da mesma forma personalizada como jogou contra nós em Rio Maior, prevejo grandes dificuldades para o clube do povo conquistar a Supertaça. E a estreia do campeonato diante do Braga também é algo que eu aguardo com muita curiosidade.
Do porto sobressai-se os bons resultados. Vitórias com muitos golos marcados e poucos sofridos, quase a antítese da nossa. Mas se nós, e até mesmo o benfica, tivemos adversários de nível igual ou superior ao nosso, o porto preferiu enfrentar equipas inferiores. Não é uma opção descabida, pois o campeonato é constituído, teoricamente, por 15 equipas inferiores ao porto. Além de que os resultados alcançados já criaram uma onda de entusiasmo junto dos seus adeptos, o que acaba por ter efeitos de galvanização da equipa. Tenho bastante curiosidade em ver o que vale este porto em jogos mais a sério, bem como da capacidade do seu treinador em conduzir aquele colectivo, correndo o risco de se Nuno-Espirito-Santizar.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Algumas notas sobre o jogo de ontem

Depois de no passado sábado termos estado perto de ser campeões europeus, eis que ontem voltámos a ser uma equipa que, com um bocadinho de sorte, ainda se conseguirá apurar para a Liga Europa da próxima época. Sim, porque vai tudo ser uma desgraça. Os guarda-redes vão ser vendidos, os defesas são todos uns pernetas, no meio campo vão sair o William e o Adrien e só lá vão ficar coxos e na frente escapa-se o Dost e o Podence. Vai ser assim a próxima época. Ou não.
No jogo de ontem, que foi obviamente um jogo de treino entre dois jogos que irão ser mais levados a sério (o último com o Mónaco e o próximo com a Fiorentina), deve ser olhado na estrita medida do que realmente foi: um treino, sendo que este foi à porta aberta e foi transmitido na TV. E como em qualquer treino de qualquer modalidade, houve coisas que correram de feição, outras nem tanto:
1) Jogar com três centrais: Sou muito céptico quanto à capacidade de termos uma equipa a jogar em 3-4-3 ou 3-5-2. Ontem foi mais uma prova disso, não tendo também ajudado o facto de não termos jogado com os "supostamente" melhores jogadores. Faltou Piscinni e Fábio Coentrão nas alas e o André Pinto ao centro. Apesar de tudo, prefiro que as experiências, por mais desastrosas que sejam, se façam nesta fase da época do que nos jogos a doer. Veremos se o JJ vai continuar a insistir neste esquema, já com os melhores jogadores.
2) Jogadores lesionados: Nesta fase da época era previsível que o físico de alguns jogadores começasse a quebrar. Picinni e André Pinto, pouco utilizados nos últimos meses, provavelmente ter-se-ão ressentido disso mesmo. Mathieu idem. E o próprio Fábio Coentrão não deverá escapar a uns dias de treinos limitados. Pelo que percebi, nenhuma das lesões é grave e resultarão precisamente da fadiga muscular dos treinos. Assim sendo, não será uma tragédia, como já vi por aí escrito. De qualquer forma, um jogo com uma equipa como a do Vitória de Guimarães nesta fase não seria o ideal para preservar a forma física do nosso plantel, mesmo que fosse previsível alinhar com as segundas linhas.
3) As nossas segundas linhas: Face a um adversário que fez alinhar um conjunto mais próximo do que será o seu onze titular no início da época, era previsível que sentissem bastantes dificuldades para impor o seu futebol. Pergunto-me até que ponto um jogo deste calibre é suficientemente motivador para as nossas segundas linhas. E até que ponto o resultado final não terá mesmo o efeito contrário, desmotivando em vez de motivar estes jogadores.
4) Coates: A sua expulsão é daquelas coisas estúpidas que, acredito eu, de volta e meia ocorrem nos vários treinos em Alcochete ao longo da época. A diferença é que este foi num jogo e daqui resultou uma expulsão desnecessária. Não sei se Coates ficará fora do jogo com o Aves ou se pode limpar o jogo de exclusão já com a Fiorentina. Mas que foi uma tremenda nabice do nosso central, concerteza que foi. Sem dúvida o pior aspecto que se retirou deste jogo de preparação.
5) A histeria colectiva, outra vez: como costume a blogosfera e as redes sociais amplificaram o sentimento apoclíptico e de desgraça que tem assolado os sportinguistas. Mas aqui apelo para que haja um pouco de bom senso por parte de quem tem a obrigação de manter uma certa sobriedade nas emoções. Não se espera que nesta altura da época os nossos comentadores (aqueles assumidamente sportinguistas) comecem já a gritar "Salve-se quem puder" ou "Fujam pelas vossas vidas". Há aqui um certo trabalho pedagógico que a posição deles obriga. Uma coisa sou eu, com algumas dezenas diárias de leitores, aqui vai dizendo. Outra coisa é alguém como Nicolau Santos fazer o artigo que fez hoje sobre o Sporting.  Fica-lhe mal tanta precipitação, vindo de um jornalista com responsabilidades num dos principais jornais de Portugal.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

A coisa boa disto tudo

A coisa boa disto tudo é que no final, se formos campeões, ninguém vai querer saber se o nosso presidente continua a perder tempo e latim com terceiras ou quatro escolhas, com o presidente do Arouca ou com o ex-futebolista do Damaiense.
Se no final não formos campeões... bem, se calhar estaria na altura do Bruno se calar de vez. Ou ser calado de vez.
Bruno, não há pachorra para te estar sempre a ver a chamuscar-te nas trezentas e tal guerras em que já entraste desde que és presidente. A sério, a malta até curte a cena do presidente adepto, voltaste a dar-nos motivos para acompanharmos a equipa, em casa e fora, fizeste o pavilhão, recuperaste a parte financeira do clube... Mas f*#$-se, é assim tão difícil só abrires a boca para falares em coisas que realmente interessam ao clube e aos sócios???? Mas quem é que quer saber do Octávio????? Vou ter de acender uma velinha à Senhora de Caravaggio para o Meirim te mandar mais uma suspensão???
Só faltava mais esta aos sportinguistas, um bate-boca com um lavrador de Palmela...

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Octávio Machado

Só quem nunca se debruçou pelo percurso de Octávio Machado pelo futebol português é que ficará surpreendido pela sua última entrevista dada.
Octávio, o palmelão, tem essa característica que muitas vezes deixa revelar. Tem uma apetência enorme pelos holofotes mediáticos e uma atracção fatal por microfones e canetas de jornalista. Por vezes o Palmelão, tal é a fome com que acorre à "arca" jornalística, nem se dá conta da figura rídicula que nos vai proporcionando. Todos se lembrarão dos "Bin-Ladens do futebol" ou do "Vocês sabem do que estou a falar". Uma mão cheia de nada, vento, vácuo, vazio. Um "agarrem-me senão vou-me a ele!". 
Octávio Machado tem um currículo invejável no futebol português, desde que começou como treinador adjunto do porto, passando por ser treinador principal da nossa equipa e outra vez do porto. Não tenho dúvidas que é alguém que conhece bem os meandros do nosso futebol, os seus pontos fulcrais, o relvado e os bastidores. Por isso é que Jorge Jesus trouxe-o para a estrutura do nosso futebol, na tentativa de nos fortalecer com alguém que entendia estar em boas condições para nos contrapor ao benfica. Octávio nunca teve a incubência de ser um manager do futebol profissional do Sporting. A missão dele era mais subterrânia, mais táctica. De um modo geral, olhando para os resultados obtidos, neste momento estou inclinado a considerar que a sua entrada no nosso futebol foi um falhanço. Continuámos expostos e em momentos cruciais da época fomos demasiado "passarinhos", num futebol dominado por aves de rapina. Provavelmente saberemos mais nos próximos dias, mas para já é este o juízo que a História faz sobre a última passagem do Palmelão pelo nosso clube.
O resto é mais do mesmo. Suceder-se-ão as entrevistas de Octávio ao jornalixo nacional, as parangonas serão aquelas que todos sabemos e, enfim, resta-nos olhar para isso e encolher os ombros, esperando que este tipo de erros de casting não se repitam.
A última entrevista de Octávio está, no final de contas, ao nível da escolha do pior onze com quem o Simulão Sabrosa jogou. Ainda nem sequer arrefeceu a cadeira do Palmelão em Alvalade e já começou este a atacar, insultar e humilhar os seus ex-colegas de clube. No fim de contas, quem é verdadeiramente enxolhado é quem encarna esta triste figura, de falta de ética, moral e vergonha na cara. Espero sinceramente que Bruno de Carvalho continue na sua postura low-profile perante a comunicação social e, se for questionado ou interpelado para comentar a última entrevista do Palmelão ao CM, diga apenas que está grato pelo excelente trabalho prestado pelo ex-dirigente  em prol do nosso clube. E lhe deseje todo o sucesso profissional e pessoal. 

sábado, 15 de julho de 2017

Histeria Colectiva

As redes sociais tem essa coisa extraordinária de seguirmos em tempo real as emoções de milhares de cidadãos anónimos por esse mundo fora. É uma realidade à qual ainda nos estamos a adaptar, pois toda ela é uma novidade para a Humanidade. Ocorre um atentado numa qualquer cidade europeia, levanta-se logo uma onda de "Je suis quelque chose". Um político é apanhado em esquemas manhosos, logo a seguir todos os políticos são corruptos, a democracia é uma treta e no tempo da velha senhora é que era. O nosso clube vence um jogo de treino numa aldeola alpina, somos os maiores, ninguém nos pára e a malta da Champions que se prepare, pois somos sérios candidatos a palmá-la. No dia seguinte perdemos outro jogo na aldeola ao lado e já não valemos um chavo, este ano é para lutarmos com o Braga pelo terceiro lugar e se não nos pomos a pau nem à Europa vamos.
Senhoras e senhores, bem-vindos ao admirável mundo novo das redes sociais, onde tudo é efémero, histérico, emotivo, e outras sensações igualmente excitantes!!!
É um facto que contra o Fenerbahçe fizemos um jogo interessante, com boas movimentações, entendimentos entre jogadores com resultado final positivo. Também é outro facto que contra o Valência fomos uma equipa pesada, cansada, sem cabeça para produzir jogadas de perigo, cujo resultado final apenas espelha a diferença de forma momentânea das equipas, a nossa em construção, face a um Valência mais entrosado. É outro facto que os principais objectivos da pré-época são o de criar rotinas e entrosamentos entre quem está e quem chega, bem como preparar a parte física para 10 meses de intenso futebol. O resultado, por mais que ninguém queira perder a feijões, é neste aspecto particular o menos importante. 
O que assisti, e ainda venho assistindo desde que terminou este último jogo, é a uma histeria colectiva sportinguista. Ou porque o treinador levou 30 e jogam 18, ou porque não gosta do Saramago e humilha o outro Chico-esperto, ou é o Chico que se anda a armar em esperto a ler Saramago nos treinos, o Piscinni que afinal já é pior que o Schelotto, o Matheus Oliveira ainda agora chegou mas já é um perneta, o Paulo Oliveira era o novo André Cruz, etc. etc.
Sobre a telenovela Francisco Geraldes já dei a minha opinião no último post e mantenho-a. Por muito gozo que me dê ver o jogador a ler Saramago nas horas vagas, não é por ele ter bom gosto literário que faz dele um grande jogador. Continuo, e insisto, a dizer que é tão importante o jogo com o Valência como o treino de hoje ou de amanhã. Pelo amor da santa, não me venham com a lenga-lenga de que o JJ embirra com ele e com os miúdos da formação e - esta é brilhante!!!! - está a fazer aqui o mesmo que fez no benfica... Ou seja, afinal os putos do benfica eram bons e a cartilha de que o Bernardo ia ser testado a defesa esquerdo era verdadeira... Meus caros, o JJ lançou João Mário (era o Chico do tempo do Marco Silva, que preferia o André Martins ao pantufas), Rúben Semedo, Gelson Martins, Podence, está a lançar o Iuri... se o Chico for mesmo bom, vai ter o seu lugar no plantel. E, já agora, também o Gauld... 
Quanto ao Paulo Oliveira, o novo André Cruz ou Maldini, tenho-o em excelente conta como profissional e pessoa. Falta-lhe o que tem o Rúben Semedo, capacidade de choque, tamanho, saída de bola (a assistência ao Montero no Jamor é a excepção que confirma a regra, não me lixem!). Mas tem aquilo que falta ao Rúben, que é cabeça. Quando o Paulo chegou a Alvalade fiquei com a esperança que conseguisse evoluir na capacidade física e no jogo de pés. Infelizmente ele estagnou e não evoluiu de promessa a certeza. Ou ficava no plantel como uma espécie de bombeiro de serviço, o que para alguém da sua idade era algo redutor, ou então estava na hora de procurar novos desafios e uma oportunidade fora de portas. Ou seja, o nosso Paulo Oliveira, que parece-me ser um jogador mediano, uma espécie de Beto (o central), terá agora a oportunidade de ter o seu momento Carriço, de evoluir quando já ninguém acreditava nisso. Valha-nos a consolação de que os valores que se falam (4 M€) serem muito superiores aos 750 mil de Carriço. Além de se providenciar por conseguir lucro numa futura transferência.
Meus amigos sportinguistas, por isso vamos ter alguma calma, paciência, acreditar em quem sabe (mesmo que seja pouco, sempre saberá um pouco mais do que nós) e quando for o jogo de apresentação ou o troféu 5 violinos falaremos outra vez da qualidade (ou falta dela) da nossa equipa.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Francisco Geraldes

Antes que me comecem a atirar pedras e a cuspirem-me em cima, aviso já que espero enganar-me redondamente naquilo que vou escrever.
Francisco de Oliveira Geraldes, nascido em Lisboa a 18-04-1995 (22 anos), pertence ao Sporting Clube de Portugal desde a época de 2003/2004. de onde apenas saiu na época passada para representar o Moreirense em regime de empréstimo. 1,75 metros de altura, 65 Kg de peso, destro, participou em quatro jogos pela equipa principal na época passada, tendo também participado no primeiro jogo amigável da presente temporada. Tem contrato até Junho de 2021 (*).
Francisco Geraldes, o "Chico" como é carinhosamente tratado pelos sportinguistas, é um bom e humilde rapaz da classe média lisboeta. Chegou a ser fotografado a viajar de metro do estádio para casa, após um jogo pela equipa principal no último campeonato, a ler um livro ou a ouvir calmamente música. É participativo nas redes sociais, em amenos despiques com outros colegas da nossa cantera, como Podence ou Palhinha. Ficou famoso um tweet seu onde corrige o português de um insulto produzido por um adepto rival.
O Chico é aquele protótipo de jogador-ídolo que todos sonhamos para o nosso clube: sportinguista dos sete costados, com uma longa história (14 anos) de defesa em campo das nossas cores, um desportista dentro de campo e um gentleman fora das quatro linhas. Lembra-me aquelas lendas dos anos 50, 60 ou 70 de quem ouvimos falar, que por tuta e meia jogavam no seu clube de coração e sempre com e por amor à camisola. O seu bigode e pêra encerram um quadro romântico que nos leva para um futebol que infelizmente já não existe e de que só conhecemos por ouvir falar aqueles velhos adeptos lá da tasca, do tempo que "assim é que era".
Não surpreende por isso que pela blogosfera leonina, seja em posts ou em comentários, o Chico desperte tanto entusiasmo e empatia. Em sentido oposto ao treinador, vilipendiado por se recusar em pôr a jogar o prodígio da nossa Academia. Sim, o treinador que não aposta nos jogadores portugueses, dos Manuéis desta vida, que tem de nascer 10 vezes para serem bons ou então vão para laterais esquerdos adaptados.
Nós, sportinguistas, temos de nos decidir de uma vez por todas: afinal o JJ não apostava na formação do Seixal porque ele não gosta de miúdos ou porque eles não eram afinal assim tão bons? Olhando para as fornadas de "golden boys" que vieram de lá, quantos andam agora em clubes de topo? Cavaleiro? Cancelo? O Gonçalo Guedes e o André Gomes até andam, mas... a coisa não lhes tem corrido bem. Bernardo Silva? Sim, provavelmente o melhor do lote. Mas quando olho para este jogador acho que falta ali qualquer coisa. É bom, está anos luz à frente do André Gomes, mas mesmo assim acho que lhe falta intensidade. Estaria na altura apto a ser titular de caras no benfica?
Jorge Jesus, desde que chegou ao Sporting, foi apostando no que havia aqui para se apostar. Não teve problemas em lançar Gelson Martins ou o Rúben Semedo (enquanto este teve cabecinha). Deu minutos a Podence, foi lançando Palhinha e o próprio Chico também teve as suas oportunidades. Foram poucas, bem sei. Mas JJ trabalha com eles diariamente. É teimoso mas também quer ganhar. E, aqui chegados, pergunto eu: será que o nosso Chico está assim tão preparado para a equipa principal como nós achamos ou queríamos que estivesse?
No último campeonato europeu de sub-21, Rui Jorge também deixou-o fora do onze, preterindo-o a outros como, por exemplo, Bruno Fernandes. Bem sei que o Rui Jorge foi algo pressionado para fazer algumas escolhas, como a inclusão do Bob Marley da Musgueira, mas... Rui Jorge também quer ganhar, como Fernando Santos quis ganhar no ano passado. Da mesma forma que o engenheiro teve de se render às evidências e pôs os melhores a jogar, também Rui Jorge fez o mesmo.
Lembro-me que aqui há uns 2 ou 3 anos, andavam os sportinguistas a discutir o mesmo sobre outro produto da nossa academia, de seu nome Wallyson Mallmann. Todos achávamos que era a última Coca-cola do deserto, discorriamos sobre a sua não utilização pela equipa principal e questionavamos as opções técnicas do treinador à época. Wallyson teve as suas oportunidades, mas não convenceu. Acabou por sair para outras paragens e soube agora que regressou a Portugal, ao Moreirense. Teve uma lesão grave quando ainda estava em França, é certo, mas hoje parece claro que lhe faltava ainda algo mais para ser titular do Sporting.
Hoje olho para Francisco Geraldes e sinceramente pergunto-me se não andarão os sportinguistas também iludidos como no passado andámos com Wallyson. Também ponho Ryan Gauld na mesma equação. Será o nosso querido "Chico" jogador para o nosso Sporting, aquele que quer lutar até ao fim pela vitória do campeonato, que não tropece estupidamente nas taças internas e faça uma boa figura na Liga dos Campeões? Terá o Chico nervos de aço para ultrapassar os primeiros assobios em Alvalade, capacidade física para jogar durante o inverno nos batatais de Portugal, coração para enfrentar arbitragens habilidosas sem desmotivar e cabeça fria para não se melindrar perante os berros histéricos do JJ? 
Infelizmente o futebol português não é como ler um livro no metro à hora de ponta. É mais como andar aos pontapés e trambolhões no meio de uma poça de lama. Não basta saber falar bem português, às vezes é preciso entrar em campo de faca nos dentes. E isso, como todos sabemos, não é para todos.

(*) - Dados consultados aqui, no ZeroZero.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Regressos

Após uma breve paragem para recuperar baterias, eis que regressei a esta bela vidinha de opinar por tudo e por nada. Mas não foi o único regresso. Houve outros mais interessantes.

1) Rola a bola!!!
Primeiro jogo da época, ainda em ritmo de futebol de praia. Fora o resultado, que não é o mais importante destes primeiros jogos, foi já possível assitir a algumas estreias. Gostei do Petrovic, Leonardo Ruiz e Gelson Dala. Nem tanto do Matheus Oliveira ou do Battaglia. Vamos esperar pelos jogos na Suiça para vermos em acção os reforços que mais prometem esta época, como Doumbia, Coentrão ou Mathieu. Quanto aos jogadores que estiveram na Rússia, aguardo também com espectativa a confirmação de quem fica ou vai. Dou já Adrien como perdido e William também a sair. Gelson parece-me ainda cedo para sair e acredito que Rui Patrício ainda fique pelo menos até ao Mundial de 2018.

2) Fábio Coentrão
O regresso do lateral esquerdo a Portugal fez correr muita tinta pela pasquinada desportiva aqui do burgo. Seja porque afinal Coentrão é um fumador tuberculoso, um perneta aleijado crónico ou um barrigudo, tudo serviu para digerir mais um regresso de um filho-querido-que-afinal-já-não-é-querido. Depois da novela Markovic, veio Coentrão. Tirando o facto de estar apreensivo com o actual estado físico e anímico do jogador (isso sim, é que é importante), não pude deixar de me rir com o espernear do Estado Lampiânico, que se deu ao trabalho de mandar Javi Garcia gritar lá de longe que em Portugal só o benfas... O trabalho que esta malta tem, plantar primeiro notícias para depois as desmentirem com pompa e circunstância. 

3) Bruno de Carvalho
Regressou mas pela mão da consagrada estação televisiva Bloomberg, especialista em economia e finanças. Sim, bem sabemos que essa entrevista não tem o impacto mundial da capa da Bola e do Record sobre as supervendas do benfas ou da Universidade das Bocas de Piano, mas é o que se arranja. Felizmente lá fora somos melhor tratados do que cá dentro. Noto também com satisfação que o nosso presidente tem estado mais comedido nas palavras. Se é porque está em lua de mel ou se é uma mudança de postura já assumida, só tenho a registar que tal se mantenha. Precisamos do nosso presidente focado na dificil missão de nos catapultar para a frente do futebol nacional, sem estar diariamente a ser cozinhado em lume brando na praça pública. 

4) Jorge Jesus
Faço aqui as mesmas palavras que fiz com o presidente. Menos conversa e mais trabalho. Tenho a certeza que JJ é o melhor treinador do campeonato e é nisso que se deve concentrar: em treinar. Deixar as conversas, as lenga-lengas e os mind-games em casa.

5) O Estado Lampiânico
Agitado e ainda meio zonzo das constantes bicadas que tem levado ao longo da telenovela dos e-mails, mostrando que elas não matam mas moem, a propaganda do clube do povo parece meio afectada nestes dias. A reacção à contratação de Coentrão foi pífia e aquela coisa do Javi Garcia fez mais rir os sportinguistas do que irritá-los. A notícia do CM de que BdC e JJ estariam zangados por causa da não contratação de Edgar Ié também é mais para rir do que para ser levada a sério. É certo que nos telejornais e na imprensa dita generalista ainda há muita parcimónia e paninho quente para tratar dos últimos escândalos do nosso futebol, mas as coisas lá se vão falando. E acredito que até começar o campeonato ainda teremos mais algumas pérolas para apreciar.

6) O calendário para 2017/2018
Parece-me que não nos podemos queixar do calendário para a próxima época. É certo que temos de jogar com todos em todos os estádios, mas não dar importância ao encadeamento dos jogos é uma estupidez. Com a pré-eliminatória da LC para ser jogada, obviamente que é diferente começar o campeonato em Aves do que, por exemplo, em Braga ou Guimarães. Até à oitava jornada, quando jogamos em casa com o Porto, temos 6 jogos acessíveis e uma deslocação dificil a Guimarães. É importante chegar a esse jogo com 21 pontos, para em caso de vitória com os nossos rivais do norte, possamos assim embalar na classificação.