domingo, 27 de agosto de 2017

Como esfolar um borrego em quatro tempos

Primeiro foi Guimarães. Estádio tradicionalmente complicado para as nossas cores, em especial nos últimos dois anos. Em 2015/16 começámos aí a perder a liderança e na época seguinte, depois de uns 70 minutos muito bem jogados com 3 golos marcados, acabámos infantilmente por nos deixar empatar.
Depois o play-off para a Liga dos Campeões. Já não passávamos um play-off desde que ganhámos ao Beitar de Jerusalém, ainda no século passado. E também nunca tínhamos ganho na Roménia. 
Hoje, para finalizar, o fantasma do pós competições europeias. Tradicionalmente lidávamos sempre mal com as ressacas dos jogos internacionais, fruto mais dos nossos curtos plantéis do que por outro motivo esotérico. Foi sem dúvida a parte mais difícil do esfolamento que temos vindo a fazer ao borrego desde a semana passada. Parecia fácil, a coisa complicou-se e só não deu para o torto porque, felizmente, os tempos já são outros. No fim do dia a merecida festa: o borrego foi impecavelmente esfolado. Seguimos na frente com 12 pontos em outros tantos possíveis e com o apuramento para a LC garantido. Fechou-se um ciclo em beleza. 
Não vi como é que o Estoril levou 4 golos do porto. Mas o que vi hoje foi uma equipa aguerrida, bem arrumada no seu meio-campo, nada tosca a trocar a bola e com alguns jogadores interessantes para seguirmos neste campeonato. A meu ver, este Estoril tem tudo para ser uma espécie de revelação na primeira metade do campeonato, à semelhança do Rio Ave. Vai ser um osso duro de roer para os nossos adversários (não o foi com o porto porque deduzo que a equipa ainda não estava entrosada...). A este lote de equipas sensação, junto também o Feirense, que está a fazer um bom inicio de época. Com quem, curiosamente, vamos ter de jogar na próxima jornada. 
Este jogo contra o Estoril tinha alguns aliciantes, desde logo a qualidade do adversário e a gestão do cansaço da nossa equipa, que jogara 3 dias antes um importante jogo em Bucareste. O Sporting apresentava-se com algumas limitações: William continua na sua novela sai/não sai, Adrien veio tocado da Roménia, a maior parte dos nossos titulares estavam a acusar fadiga... 
JJ, a meu ver bem, respeitou a qualidade do adversário e mexeu o menos possível na sua equipa-tipo. Tirou Adrien e lançou Alan Ruiz. Mas a qualidade do nosso meio-campo ressentiu-se e não apresentou a mesma intensidade dos jogos anteriores. Ajudou termos marcado dois golos madrugadores e pudemos fazer gestão de esforço, mas o adversário soube sempre jogar com essa nossa gestão e foi tentando superiorizar-se ao nosso meio-campo. Tiveram algumas jogadas perigosas, que iam sendo destruídas pela nossa defesa. Na segunda parte entraram melhor e iam tentando empurrar-nos para a nossa baliza, mas a inspiração do nosso sector mais recuado, com Mathieu à cabeça, não deu grandes veleidades aos estorilistas.
A partir dos 70 minutos pareceu-me que o Estoril esgotara a sua capacidade para pressionar os nossos homens e que o resultado do jogo estava selado. Contudo, um excelente golo de Lucas devolveu a incerteza ao resultado final. Mas o Estoril não demonstrou arcaboiço físico para cavalgar sobre nós. Conseguimos ir segurando a bola e deixar o adversário longe da nossa área. Caso o fiscal de linha tivesse visto o enorme fora-do-jogo de onde resultou o final dramático do jogo, teria sido tudo muito mais tranquilo. Ou menos intranquilo. Felizmente este jogo foi em Agosto de 2017, pelo que o seu resultado final está condizente com a verdade desportiva.
Boa parte da nossa quebra na segunda parte resultou, como disse, da fadiga provocada pelo jogo da Roménia. Esta época temos mais soluções para a zona central, pelo que a ausência de Adrien, apesar de notada, não resultou em descalabro. Já a falha física de Coentrão sim. JJ precaveu-se para uma quebra de Piccini e deixou Ristovski no banco. Jonathan foi preterido porque, além de já lá ter 2 defesas, ainda tinha Bruno César. Bruno César desenrascou na esquerda mas teve muitas dificuldades a defender, numa fase em que Acuña, também em quebra, já não defendia. Pergunto-me se não teria sido possível lançar o único central no banco (Tobias) e meter Mathieu à esquerda. O problema aqui é que Tobias oferece menos garantias a central do que Bruno César a defesa esquerdo. A 4 dias do fecho do mercado, com o dinheiro da Champions e da (possível) venda de William, não deveríamos ir buscar mais um central de classe? É que se a actual dupla de centrais se desfaz, e há-de se desfazer por castigos ou lesões, não creio termos substitutos à altura, tal como temos no meio campo e até no ataque. 
Outras notas para Alan Ruiz, que tarda em mostrar-se no Sporting. A segunda parte correu-lhe melhor que a primeira, mas fez muito pouco. Bruno Fernandes esteve mais apagado, pese embora o excelente golo de livre que marcou. E é tão bom saber que temos um especialista em livres frontais à balizada. Mas não deixa de ser curioso que nas primeiras quatro jornadas já tenha visto mais cartões amarelos que Eliseu. Mathieu tem estado soberbo. Piccini hoje assinou um bom jogo. Battaglia continua a surpreender pela positiva, mas num jogo em que se está a ganhar 2-0, faz aquela falta para cartão amarelo no meio campo adversário, numa jogada inofensiva, indica que ainda tem ali muita coisa para aprender.
So far, so good. Agora venham as selecções, daqui a duas semanas há mais.

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