quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Balada de uma noite mal perdida

Ontem quando saí de casa para me deslocar a Alvalade, se me dissessem que uma equipa portuguesa perderia por cinco golos sem resposta, ficaria lívido de pânico. Mas não, ontem era impossível perdermos por números tão expressivos. Sem deslumbrar, como chegámos a fazer há um ano em Madrid, fizémos uma partida muito competente e concentrada. E se defensivamente estivémos quase soberbos (maldito auto-golo), no ataque faltou-nos algum génio, audácia ou até mesmo sorte.
Quando o árbitro apitou o final da partida de ontem, nenhum sportinguista no estádio se poderia dar como envergonhado com a exibição da equipa. Entrámos em campo com ganas de disputar o jogo, iamos anulando as jogadas ofensivas do Barcelona, sem descurar algumas aproximações perigosas à baliza adversária. Pelo meio, como de costume nestas andanças, fomos brindados com (mais uma) arbitragem parcial contra nós. Sim, porque nisto da Europa de clubes estamos ao nível do Tondela ou do Portimonense no que toca a importância para a UEFA. Junte-se a isso um golo de bola parada após uma infelicidade de Coates e voilá, estávamos em desvantagem. A equipa reagiu bem e quando alguns temiam que a nossa procura do empate implicaria por-nos a jeito para abrir espaços atrás e sofrermos golos, eis que demonstramos segurança e equilibrio defensivo, ao mesmo tempo que procurámos chegar perto da baliza adversária. E tivémos uma opotunidade flagrante para empatar, fora o penalti que ficou por assinalar e daria, pelo menos, mais outra oportunidade.
Muito se falou do mau banco que JJ fez para este jogo. Em parte essa crítica deve-se à ausência de avançados para atacar o empate na segunda parte. Considero essa uma falsa questão, pois acho improvável que JJ viesse, por exemplo, a apostar em Dost e Doumbia juntos no ataque. Simplesmente porque essa alteração implicaria quebrar o equilíbrio da equipa no meio-campo, um risco que duvido que JJ estivesse disposto a correr num jogo desta envergadura. Bruno César é um jogador fetiche de JJ porque consegue dar esse equilíbrio à equipa, mas em prejuízo do arrojo ofensivo. Talvez Iuri, mais que Podence, pudesse também emprestar esse equilíbrio. Mas os últimos jogos pouco conseguidos de Iuri provavelmente pesaram no seu afastamento do banco.
Sobre Doumbia, reside aqui a grande baixa para o embate de domingo. Doumbia podia perfeitamente ser outra vez lançado de inicio da partida ou entrar como arma secreta num fase de jogo onde, por exemplo, estivéssemos a ganhar, para explorar os espaços nas costas da defesa portista. O seu previsivel afastamento do jogo poderá abrir portas a Gelson Dala, pelo menos as do banco de suplentes. Estará JJ disposto à audácia de lançar a pérola angolana no clássico?
Por fim a questão da fadiga. Muito se tem dito sobre o impacto no clássico da nossa grande prestação de ontem. Ora, até lá temos 4 dias de preparação, sem deslocações pelo meio. O porto tem mais um dia, mas pelo meio teve viagens de avião e de autocarro. A questão de domingo não será tanto de fadiga mas mais de foco e concentração. Foi por isso que perdemos em Vila do Conde após a soberba exibição de Madrid. JJ não costuma facilitar na preparação dos jogos grandes, como facilita por vezes contra os Moreirenses da nossa liga. Por isso acredito que no domingo teremos novamente em campo 11 jogadores dispostos a fazer tudo para vencer uma partida importantíssima, frente a um adversário que tem estado bem esta época. 

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