sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Os croquetes bolorentos ou o Campo Grande Football Clube do Séc. XXI

No dia do aniversário de Bruno de Carvalho, assinalado no meio de um turbilhão inusitadamente criado após uma AG de sócios, Rogério Casanova parabenizou o nosso presidente escrevendo o melhor texto que alguma vez se escreveu sobre o actual Sporting. A sua leitura é obrigatória para todos aqueles que esperam estar no dia 17 de fevereiro no pavilhão João Rocha, pois incita-nos a fazer uma introspecção sobre as convicções que temos sobre o nosso presidente e o Sporting, confrontando-as com a realidade possível. 
No que às minhas convicções diz respeito, Casanova adjetiva-as de "messianismo", face à impossibilidade de elas se concretizarem no mundo real. Realmente, ter "lady na mesa, uma louca na cama" é tão improvável como ocorrer aquela velha máxima portuguesa de "fazer sol na eira e chuva no nabal". Confesso que sempre tive uma atracção pelo messianismo, mais ainda pela sua particular manifestação tão portuguesa que é o sebastianismo. As quadras onde Bandarra suspirava pelo salvador Encoberto, as profecias do regresso de Dom Sebastião na manhã de nevoeiro, são histórias de um povo que sofre as amarguras do dia mas acredita num futuro melhor. E se há clube onde os seus adeptos melhor encarnam o "messianismo" sebastiânico ou outro, esse clube realmente só podia ser o Sporting. A crónica do Casanova lançou em mim este interrogação, se valerá a pena suspirar pelo futuro que há de vir, quando o presente está já aí. E por muito que seja o que nos inquieta hoje, muito mais há para saudar. 
Mas não é isso que me trouxe aqui hoje. Hoje vim aqui falar de croquetes. Não daqueles croquetes saborosos e estaladiços que a minha sogra faz, mas de croquetes velhos e bolorentos, que por estes dias nos têm tentado servir. Aqui há tempos, escrevia ainda umas crónicas para o Cherba no "Hoje escreves tu", fiz este texto sobre um comentário que li no camarote leonino. Estávamos em Novembro de 2015, tínhamos uma excelente equipa, íamos à frente na classificação e dias antes havíamos eliminado o benfica para a Taça de Portugal. Perante esse momento, que significava um ponto alto no Sporting dos últimos anos, o comentador "Nação Valente" proferiu um discurso onde se lamentava do estado do Sporting na altura, e concluiu dizendo que pela primeira vez não lhe soubera bem uma vitória do Sporting. Uma vitória sobre o benfica para a taça de Portugal, entenda-se. O tal "Nação Valente" tornou-se entretanto blogger do camarote, quiçá aproveitando a mudez do CityLion...
Mais de dois anos volvidos, descobrimos de repente que afinal há um conjunto de sportinguistas para os quais é mais importante quem gere o clube do que o próprio clube. Ele é a Pipinha do Show Nico, é o outro que foi entrevistado pelo Jogo... nada de importante, pois acredito que não passem de uma ínfima minoria. Mas a desfaçatez com que "sportinguistas" admitem em público preferirem a derrota do seu clube, causa-me arrepios na espinha. É que nada me garante que esta gente não esteja à frente do clube daqui a uns anos... ou meses.
Hoje confirmei também aquilo que já se anunciava há alguns dias, que Pedro Madeira Rodrigues não poderá ir à AG de 17FEV. Mas que exorta os opositores á actual direcção a ir. "Ide vós lá dar a cara e o corpinho às balas, que eu tenho mais que fazer". A atitude de Pedro Madeira Rodrigues não me surpreende, pois afinal esse foi o expediente a que os dirigentes do Sporting mais recorreram. Desde que Dias da Cunha desmascarou o Sistema e até chegar Bruno de Carvalho, as direcções do Sporting simplesmente fugiram sempre que se deparavam com problemas. Fugiram do Apito Dourado, fugiram das escutas onde o nosso Paulinho era enxovalhado, fugiram de fazer respeitar o Sporting nos meandros do futebol nacional, fugiu o Dias da Cunha, fugiu o Soares Franco assim que se desfez do património do clube, fugiu o Betencourt de férias para o Brasil quando a o clube estava a afundar-se, fugiram dos sócios, fugiram das responsabilidades... 
Rogério Casanova escreveu que no passado, à falta de vitórias, o Sporting apegou-se demasiado ao conforto da superioridade moral, pois se não podíamos ser os maiores, ao menos fôssemos os melhores. Concordo em parte. Acredito que a massa adepta encarnou esse espírito de "antes melhores que maiores". Mas não a "classe dirigente" e a "elite" que a rodeava. Esses não o faziam por qualquer tipo de conforto moral. Faziam-no porque simplesmente não queriam saber se ganhávamos, fosse bem ou melhor. Para essa "elite" o Sporting não era um clube desportivo, era uma associação de amigos, onde se comiam uns croquetes maravilhosos e bebiam uns bons whiskeys, e que nas horas vagas iam assistir a uns jogos. Por isso fugiam sempre que o assunto não era resolvido num buffet. Era uma espécie de "Campo Grande Football Clube" do século XXI. 
Ainda não sei o que farei no 17FEV, se cederei à chantagem do nosso presidente ou se ficarei à espera do regresso de Dom Sebastião. Enquanto não chega o "Desejado" na manhã de nevoeiro, nem nos é dado a conhecer o novo prato de croquetes que Bruno de Carvalho anunciou que iria aparecer nos próximos dias, uma coisa sei bem e tenho a certeza: não quero croquetes velhos e a saber a mofo. E não quero que o Sporting se transforme noutro "Campo Grande Football Clube". Com ou sem croquete.

1 comentário:

  1. Neste momento não existe um DESEJADO e para garantir que não regressam a curto praso os croquetes velhos e a saber a mofo só com o voto em Bruno de Carvalho.

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