quinta-feira, 19 de abril de 2018

Demasiado coração para tão pouca inspiração

Há noites assim.
Tudo parecia encaminhar-se para mais um final de época perdido. Aquela velha máxima de que "jogamos como nunca, perdemos como sempre", vinha à cabeça de cada um dos sportinguistas que no estádio ou em casa ansiavam por um abanão que inclinasse o jogo para o nosso lado. E logo nesta época, onde tudo parecia encaminhar-se para um final feliz, com a Taça da Liga conquistada, a Taça de Portugal ali em frente, o sonho bem real de sermos campeões e aquele bichinho de que, se calhar, este ano vingariamos a derrota europeia de 2005.
Do campeonato já pouco poderiamos esperar além de um merecido segundo lugar. A Liga Europa quedou-se por uma participação satisfatória, traída por erros infantis em Madrid. Faltava a Taça de Portugal, conquistando para já um lugar no Jamor. As coisas não estiveram fáceis, bem pelo contrário. O início empolgado do jogo parecia adivinhar um Sporting esmagador em busca da remontada, mas foi sol de pouca dura. Passados os primeiros dez minutos, os nossos jogadores enrredaram-se na rede tecida pelo meio-campo adversário e teimaram em não sacudir aquele atavismo que por vezes (vezes demais) nos tem prendido esta época. Brian era só um corpo presente, Bruno Fernandes não acertava uma jogada, Bataglia ia tentando empurrar a equipa para a frente mas esbarrava no muro portista. Gelson procurava agitar o jogo, mas com o apoio de um encolhido Picinni pouco mais conseguiu do que fazer cócegas no adversário.
Não sei se é exagero meu, mas creio que o nosso primeiro remate que acertou na baliza foi um chuto fraco de Bataglia(?) perto do minuto 80. Os sportinguistas desesperavam perante a incapacidade da equipa em criar perigo na área portista. Mas eis que, de repente e quando tudo já parecia perdido, na sequência de um canto, Marcano faz um disparate (incrível como uma equipa com este jogador a central pode vir a ser campeã em Portugal!!!!) e Coates (só podia ser ele) envia uma biqueirada para onde estava virado, acertando na baliza. 
O resto do jogo foi uma demonstração de querer, de garra, de um enorme coração de leão. Perante um adversário galvanizado pela conquista da liderança do campeonato e acomodado num jogo que lhe corria de feição, os nossos jogadores nunca desistiram de correr, de tentar, de se esforçar. Não sei se é para chatear Bruno de Carvalho ou se esta é afinal a tão famigerada "ideia de jogo" de JJ, mas o certo é que este leão demonstrou ontem coração, muito coração, demasiado coração para tão pouca inspiração.
Se cumprirmos a nossa obrigação, a Taça de Portugal não fugirá das nossoas mãos. No fim de jogos como o de ontem, por muita alegria que tenha sentido e ainda sinta, não posso contudo de deixar de sentir uma certa amargura. Cinco pontos em quatro jornadas, não são impossíveis de recuperar. Mas como tudo seria hoje mais fácil se tivéssemos tido todo aquele coração de ontem naqueles jogos onde nos faltou inspiração. 

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